“O homem não
raramente é o obsessor de si mesmo. (Obras Póstumas. Allan Kardec. Primeira
Parte. Manifestações dos Espíritos – item 58)”.
A humanidade já atravessou períodos
tenebrosos de pura dominação e submissão. Tal constatação decorre da análise da
história, desde a idade antiga até a idade contemporânea. Parece que o homem
anseia incessantemente o poder e, com ele, a dominação de outros homens.
Esta ânsia pela dominação e o domínio
propriamente dito pode ser classificado como uma obsessão, neste caso, de
encarnado – Espírito envolvido pelo invólucro corporal, o indivíduo em si –
para encarnado.
Na obra A Gênese, capítulo 14, item
45, Allan Kardec chama de obsessão “a
ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo”. A maldade
sendo entendida como sinônimo de imperfeição. Por outro lado, nem sempre a ação
persistente será de um Espírito mau sobre um indivíduo, poderá ocorrer, entre
outras hipóteses, como no exemplo trazido acima, de indivíduo para indivíduo
ou, até mesmo, ser ocasionada pelo próprio indivíduo em si mesmo. É o caso da
auto-obsessão.
A auto-obsessão é o vínculo de
natureza intrapsíquica, que independe de qualquer outra mente, isto é, o
indivíduo é o obsessor de si mesmo. Ela pode ter origem na vida presente pela
vivência de experiências traumáticas ou, também, em vidas passadas, devido a
algum comprometimento cármico.
Hospitais, postos de saúde e
consultórios estão abarrotados de pessoas que se queixam dos mais diversos
males, aos quais não existem medicamentos apropriados. São indivíduos que vivem
voltados para si mesmos, detectando sintomas de doenças e dramatizando
situações do cotidiano, sofrendo por antecipação. Em suma, são indivíduos que
sofrem, por ignorância, de auto-obsessão.
Não é menos verdade, também, que o
estado mental gerado pela auto-obsessão pode abrir campo aos desencarnados
menos felizes, instalando-se, assim, o desequilíbrio por obsessão.
A obra Estude e Viva, capítulo 28,
traz o esclarecimento do Espírito André Luiz: “Através da invigilância, da auto-piedade, o medo ou do exagero de
determinados problemas ou impressões, as pessoas podem tornar-se ‘vítimas de si
mesmas’, nos domínios das moléstias fantasmas”.
O próprio Allan Kardec, em Obras
Póstumas, Primeira Parte, Manifestações dos Espíritos, item 58, refere que “alguns estados doentios e certas aberrações
que lançam à conta de uma força oculta, derivam do Espírito do próprio
indivíduo”, ou seja, muitas pessoas preferem jogar a culpa de seus
tormentos e aflições aos Espíritos, isentando-se de maiores responsabilidades. Fato
é que são irmãos que se encontram “doentes da alma”, necessitando como tais de
terapia adequada e fraterna para o devido reequilíbrio.
O primeiro passo para sair deste
tenebroso túnel pode ser a busca por especialistas da área médica e da
psicoterapia que, ao lado da metodologia de autoconhecimento, destacada em O
Livro dos Espíritos, questão 919, pode ser uma ferramenta bastante eficaz no
tratamento da auto-obsessão.
É importante, também, que não deixemos
de utilizar um dos remédios mais eficazes e que foi ensinada pelo próprio Jesus
Cristo: a prece sincera. Ela pode ser o elo que estava faltando para nos
religar a Deus e, assim, poderá auxiliar a nós mesmos e àqueles a que estão
afligidos pela auto-obsessão.
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Artigo publicado pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição de final de semana, dias 23 e 24 de feverereiro, que também pode ser lido através do link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=84764&data=23/02/2013&volta=1.