quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

AGE COM RETIDÃO


Um coração tranqüilo é o resultado de uma conduta reta e, por conseqüência, fator basilar para uma consciência de paz. - Joanna de Ângelis[1]

No estudo sobre as paixões que os Espíritos Superiores levam a efeito junto a Allan Kardec, vamos apreender que o abuso daquelas é o fator em que reside o seu desequilíbrio moral. Neutras, em seu princípio, podem conduzi-lo a grandes realizações, desde que conscientemente dirigidas pelo Espírito imortal e postas a serviço de seu crescimento para Deus.

Tendo por fundamento uma necessidade natural ou um sentimento, a paixão que concita o indivíduo à sua natureza animal afasta-o de sua espiritualização e, doutra feita: “Todo sentimento que eleva o homem acima da natureza animal denota predominância do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.”[2]

Deriva desse raciocínio a constatação de que todo o sentimento e toda a necessidade exagerada em seu princípio, materializados pela ação, tende a nos atrelar a um estado de inferioridade espiritual. Contudo, a ação reta inspirada pela disposição afetiva enobrecida ou pela carência equilibrada favorece a espiritualização do indivíduo, diluindo as influências negativas do ego sobre o ser que, menos esclarecido, assume atitudes mendazes.

No estágio espiritual em que nos encontramos não é incomum surpreendermo-nos em equívoco no plano das ações, seja no campo mental, seja nas atitudes diárias ou no falar. Sem dar acolhida à hipocrisia, na análise crítica sobre si mesmo, instala-se a crise que antecede um novo tempo para a alma.

O sentimento de culpa pode ser um elemento que ressoe na consciência, devendo ser constatado para a imediata renovação das atitudes e não para que se torne combustível de intrincados processos de transtorno emocional ou obsessivo, pelo desgosto que o indivíduo passe a ter consigo mesmo.

Ao sentir-se alguém culpado seria oportuno que procurasse remontar às causas íntimas que o impulsionaram às atitudes incorretas, objetivando a devida correção moral e, perdoando-se, buscasse o equilíbrio reparando as faltas cometidas via prática do bem e cumprimento do dever.

Somos, assim, convidados à renovação das atitudes pelo sofrimento que o erro provoca e, sem o cultivo inútil de culpa, podemos mudar o rumo de nossas tendências pessoais.

A mentora Joanna de Ângelis afirma que a “atitude mantida pelo indivíduo em relação à vida e às demais pessoas é a radiografia moral que melhor o define.”[3] Oriundas dos hábitos cristalizados no comportamento, as atitudes expressam os sentimentos e as qualidades da criatura.

Na mesma mensagem, a benfeitora espiritual propõe uma eficaz tecnologia para a renovação das atitudes a quem queira agir de forma correta em prol da sua evolução espiritual. São passos simples ao alcance de quem tem vontade firme para esse cometimento feliz.

Primeiramente o sujeito deve abandonar o ressentimento e os sentimentos que dele derivam, para, logo em seguida, assumir atitudes edificadoras para fruir de abençoados momentos no imo da alma, na medida em se reveste do amor.

Em um passo adiante, é preciso construir hábitos mentais saudáveis que se transformarão em postura existencial formadora de comportamentos mais equilibrados.

Iluminar a mente com as lições do Evangelho de Jesus, meditando sobre seu conteúdo e enriquecendo o verbo com expressões edificadoras, para impulsionar a alma às atitudes nobres.  

Cabe, também, nesse tentame, o desenvolvimento de clichês mentais de paz, compaixão, amorosidade profunda que fomentam o bem-estar que a retidão gera.

Assim sendo, coração amigo, procure ser fiel ao projeto renovador que abraça delineando-o nas ações corretas que, por sua vez, te levarão à saúde moral sonhada há tanto tempo.

Prof. Dr. Vinícius Lousada
Pedagogo, Expositor e Articulista Espírita


[1] FRANCO, Divaldo. Plenitude. (Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis). Salvador/BA: LEAL, 1991, p. 91.
[2] O Livro dos Espíritos, questão 908.
[3] FRANCO, Divaldo. Iluminação interior. (Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis). Salvador/BA: LEAL, 2006, p. 67