sexta-feira, 28 de abril de 2017

SEMANA NACIONAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA*

União Espírita Bageense - Caminho da Luz
No dia de ontem encerrou a Semana Nacional de Valorização da Pessoa com Deficiência. Entidades como o Caminho da Luz, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais e a Associação Bageense dos Deficientes Físicos proporcionaram diversas atividades em suas sedes e algumas em conjunto.
            
Atualmente a pessoa com deficiência tem estado no centro de diversas discussões, encontros, seminários e simpósios, no entanto, nem sempre foi assim.
            
Podemos falar em acolhimento da pessoa com deficiência após o advento do Cristianismo, especialmente, em torno da figura amorável do Mestre Jesus que exemplificou o amor de forma ampla e irrestrita.
            
Nessa linha, o Espiritismo, com uma visão integral do Espírito, ou seja, focado na preexistência da alma e sua imortalidade, oferece o entendimento necessário para que possamos adquirir o entendimento necessário que terá como conseqüência única o acolhimento com amor.
            
Na obra “O Que é o Espiritismo”, Allan Kardec indaga da plêiade de Espíritos Superiores o seguinte: “- Por que há pessoas que nascem cegas, surdas, mudas ou afetadas por doenças incuráveis, enquanto outras têm todas as vantagens físicas? É o efeito do acaso ou da Providência?” – obtendo a seguinte resposta: “- Se é o efeito do acaso, não há Providência; se é o efeito da Providência, pergunta-se, onde está sua bondade e sua justiça? Ora, é por não entender a causa desses males que muitas pessoas são levadas a acusar Deus. (...) Admitindo-se a justiça de Deus, deve-se admitir que este efeito tem uma causa; se essa causa não pertence à vida presente, deve ser de antes dessa vida, visto que em todas as coisas a causa deve preceder o efeito; para isso faz-se, pois, necessário que a alma haja vivido e merecido uma expiação”.
            
Na mesma obra, Allan Kardec pergunta: “Por que há idiotas e cretinos?” (doenças de ordem mental), obtendo como resposta. “A posição dos idiotas e dos cretinos seria a menos conciliável com a justiça de Deus, na hipótese da unicidade da existência. Por miserável que seja a condição na qual um homem nasceu, ele pode dela sair pela inteligência e pelo trabalho; mas o idiota e o cretino são votados, desde o nascimento até a à morte, ao embrutecimento e ao desprezo; não há para eles nenhuma compensação possível. Por que, pois, sua alma teria sido criada idiota? Os estudos espíritas, feitos sobre os cretinos e os idiotas, provam que sua alma é tão inteligente quanto a dos outros homens; que essa enfermidade é uma expiação infligida aos Espíritos por terem abusado da sua inteligência, e que sofrem cruelmente em se sentirem aprisionados nos laços que não podem quebrar, e nos desprezo do qual se vêem objeto, quando, talvez, tenham sido incensados na sua existência precedente. (Revista Espírita, 1860, pag. 173: O Espírito de um idiota – idem, 1861, p. 311: Os cretinos)”.
            
A União Espírita Bageense – Caminho da Luz teve a satisfação de receber a todos aqueles que compareceram para conhecer suas atividades ao longo da semana e convida para que possam estar cada vez mais unidos às dificuldades daqueles que reencarnaram com alguma deficiência.
            
“Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino”. Mário Quintana
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Publicado no Jornal Minuano, em Bagé/RS, em agosto de 2015.

quinta-feira, 2 de março de 2017

SIMEÃO E O MENINO*

O texto a seguir, extraído da obra No Roteiro de Jesus, organizada por Gérson Simões Monteiro e editada pela FEB Editora, com textos escritos pelo Espírito Humberto de Campos em psicografia de Francisco Cândido Xavier, faz com que coloquemos inúmeras vírgulas em nossos discursos carregados de preconceito e, porque não dizer, ódio.
            
Jesus, ainda menino, deixa-nos lição sublime de como podemos atuar de forma digna, responsável e amorosa, sem a necessidade de esperarmos contrapartida. Que o amor do menino Jesus nos envolva a todos indistintamente.
            
“Dizem que Simeão, o velho Simeão, homem justo e temente a Deus, mencionado no evangelho de Lucas, após saudar Jesus criança, no templo de Jerusalém, conservou-o nos braços acolhedores de velho, a distância de José e Maria, e dirigiu-lhe a palavra, com discreta emoção:
            
- Celeste Menino – pergunto o patriarca -, por que preferiste a palha humilde da manjedoura? Já que vens representar os interesses do eterno Senhor na Terra, como não vestiste a púrpura imperial? Como não nasceste ao lado do Augusto, o divino, para defender o flagelado povo de Israel? Longe dos senhores romanos, como advogarás a causa dos humildes e dos justos? Por que não viste ao pé daqueles que vestem a toga dos magistrados? Então, poderias ombrear com os patrícios ilustres, movimentar-te-ias entre legionários e tribunos, gladiadores e pretorianos, atendendo-nos à libertação... Por que não chegaste, como Moisés, valendo-se do prestígio da casa do faraó? Quem te preparará, Embaixador do Eterno, para o ministério santo? Que será de ti, sem lugar no Sinédrio? Samuel mobilizou a força contra os filisteus, preservando-nos a superioridade; Saul guerreou até a morte, por manter-nos a dominação; Davi estimava o fausto do poder; Salomão, prestigiado por casamento de significação política, viveu para administrar os bens enormes que lhe cabiam no mundo... Mas... Tu? Não te ligaste aos príncipes, nem aos juízes, nem aos sacerdotes... Não encontrarias outro lugar, além do estábulo singelo?!...
            
Jesus menino escutou-o, mostrou-lhe sublime sorriso, mas o ancião, tomado de angústia, contemplou-o mais detidamente, e continuou:
            
- Onde representarás os interesses do supremo Senhor? Sentar-te-ás, entre os poderosos? Escreverás novos livros da sabedoria? Improvisarás discursos que obscureçam os grandes oradores de Atenas e Roma? Amontoarás dinheiro suficiente para redimir os que sofrem? Erguerás novo templo de pedra, onde o rico e o pobre aprendam a ser filhos de Deus? Ordenarás a execução da lei, decretando medidas que obriguem a transformação imediata de Israel?
            
Depois de longo intervalo, indagou em lágrimas:
            
- Dize-me, ó divina criança, onde representarás os interesses de nosso supremo Pai?
            
O menino tenro ergueu, então, a pequenina destra e bateu, muitas vezes, naquele peito envelhecido que inclinava já para o sepulcro...
            
Nesse instante, aproximou-se Maria e o recolheu nos braços maternos. Somente após a morte do corpo, Simeão veio a saber que o Menino celeste não o deixara sem resposta.
            
O infante sublime, no gesto silencioso, quisera dizer que não vinha representar os interesses do Céu nas organizações respeitáveis mas efêmeras da Terra. Vinha da casa do Pai justamente para representá-lo no coração dos homens.
            
(Mensagem extraída do livro Pontos e contos, cap. 25)”.

           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, entre os dias 15 e 16 de agosto de 2015, também podendo ser acompanhada pelo jornalminuano.com.br.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A MANSUETUDE COMO AGENTE TRANSFORMADOR*

Emmanuel
O Espírito amigo Emmanuel, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, fala-nos para que não convertamos a emoção em bomba de cólera a explodir-nos na boca.
            
Ainda que o prejuízo seja inevitável, é imperativo que a nossa língua não chicoteie os semelhantes.
            
A lição do Benfeitor Espiritual tem como fundamento uma máxima do Mestre Jesus: “Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra. (Mateus, v: 4)”.
            
Segundo Allan Kardec, com essa máxima, Jesus estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansuetude, a afabilidade e a paciência, condenando, em contrapartida, a violência, a cólera, e até mesmo toda expressão descortês para com os semelhantes.
            
Ainda na edição de ontem do JORNAL MINUANO, o jornalista Orlando Brasil fez uma constatação pontual com relação às “gentilezas”, a qual eu peço vênia para reproduzir: “(...) hoje, as pessoas confundem ter personalidade com atitudes desrespeitosas. O respeito, para muitos, soa como submissão. E não é bem assim”.
            
Uma atitude desrespeitosa pode ter inúmeras origens, mas uma delas, com certeza, é a irritação enfermiça, e tal ação não poderá ser agravada por nós, sob pena de estarmos adentrando num campo de perigo.
            
Allan Kardec amplia ainda mais o nosso horizonte quando refere: “Toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei de amor e caridade, que deve regular a relação entre os homens, mantendo a união e a concórdia. É um atentado, à benevolência recíproca e à fraternidade, entretendo o ódio e a animosidade. Enfim, porque depois da humildade perante Deus, a caridade para com o próximo é a primeira lei de todo cristão”.
            
É nosso dever contribuir com uma sociedade mais fraterna, mais benevolente. E para tanto é necessário que nos posicionemos entre os mansos e pacíficos, porque até os dias atuais parece que os bens da Terra ainda estão na posse dos violentos, mas nem sempre será assim.
            
Aproximam-se os dias em que o amor e a caridade serão a lei maior da humanidade, não havendo mais egoísmo, o fraco e o pacífico não serão mais explorados e espezinhados pelo forte e o violento. Nesse dia, segundo a lei do progresso e a promessa de Jesus, a Terra estará transformada num mundo feliz.
            
Se alguém te lança em rosto o golpe da intemperança de espírito ou se te arroja a pedrada do insulto, desculpa irrestritamente, e, se volta a ferir-te, é indispensável te reconheças na presença de um enfermo em estado grave, a pedir-te o amparo do entendimento e o socorro da compaixão” Espírito Emmanuel.

(Referências: Chico Xavier e Waldo Vieira por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. 137-138. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Cap. 9. Itens 01, 04 e 05. Jornal Minuano. Edição nº 5.114 de 07 de agosto de 2015, p. 02).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano que circulou em Bagé e região entre os dias 08 e 09 de agosto de 2015 e que também pode ser acompanhado pelo portal jornalminuano.com.br

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

MOISÉS E SUA CONDIÇÃO DE FÉ INABALÁVEL*

Moisés - o libertador dos hebreus
Em dado momento, o povo hebreu estava a retirar-se de um Egito ainda atônito com a figura resplandecente de Moisés. Antes, um príncipe egípcio investido em todas as suas prerrogativas, agora, depois de anos afastado do reino, um semblante transformado, renovado profundamente.
            
Não havia dúvidas que o Libertador dos hebreus havia sido tocado por Deus.   Moisés, que antes vivia sem qualquer fé nos deuses egípcios, os quais eram cultuados e idolatrados de forma estéril, mais tarde, apresentava-se diante do Faraó Ramsés firme e convicto em seu propósito, numa condição que o Espiritismo denomina de “fé inabalável”.
            
O culto às imagens sempre vem revestido de práticas exteriores, contribuindo, com isso, apenas com o aumento do número de incrédulos, porque tais práticas, segundo Allan Kardec, exigem a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio.
            
Para Moisés não bastava nem a fé cega de seu povo em um Deus que, segundo eles, os havia abandonado, em vista da escravidão e da fome por qual passavam e, tampouco, a fé em deuses que exemplificavam apenas a idolatria e a prática exterior.
            
Moisés, um Espírito a frente de seu tempo, com uma inteligência peculiar, esteve por anos sedento de algo que, supunha ele, ainda não conhecia. Dessa forma, as longas conversas que teve com Deus em suas meditações, após o êxodo do Egito, mataram sua sede de compreensão. Ele adentrara no campo da fé raciocinada, apoiado nos fatos que lhe eram apresentados e na lógica, que nenhuma obscuridade deixa.
            
Este é um dos problemas da sociedade atual. As provas da preexistência e imortalidade da alma jorram aos borbotões, mas as pessoas fogem de observá-las. Alguns ainda fazem pouco caso, outros sentem o temor de serem forçados a mudar de hábitos, mas na maioria, não existe nada além do orgulho, negando-se a reconhecer a existência de uma força superior, porque teriam que se curvar diante dela.
            
Moisés cria, porque tinha certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu.
            
Contudo, não existem almas privilegiadas e nem seres que atingem a perfeição sem antes estagiar em condições inferiores, do contrário teríamos a negação da Lei do Progresso e do Trabalho, por isso, assim como Moisés, temos a plena condição de compreender, pelos fatos e pela lógica, renovando-nos para assumir uma condição verdadeiramente humilde diante do Criador, sem deixar de trabalhar pelo amor, pela caridade e pela libertação das consciências.
Ewerton Quadros
            
“O Espiritismo nos oferece a verdadeira confiança, raciocinada e renovadora; eis por que o espírita não está condenado a atividade inexpressiva ou vegetante. Caridade é dinamismo do amor. Evangelho é alegria. Não é sistema de restringir as idéias ou tolher as manifestações, é vacinação contra o convencionalismo absorvente”. Espírito Ewerton Quadros.

(Referências: Chico Xavier e Waldo Vieira por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. 129-130. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Cap. 25. Item 9, p. 302).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, Bagé, que circulou entre os dias 01 e 02 de agosto de 2015 podendo, também, ser acompanhado pelo jornalminuano.com.br.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

TRANQUILIDADE*

É notável a preocupação estabelecida entre todos os seres que compõem a sociedade com a economia do Brasil. Especialistas em economia, jornalistas, leigos, tentam entender o porquê das subas nos preços dos produtos e assim por diante.
            
Afora isso, a população, ensandecida pela busca de manter-se numa condição social desejável, faz o que pode e o que não pode para obtenção de recursos financeiros. Fadigados, esquecem-se da Providência Divina.
            
Já nos disse Jesus: “não acumuleis tesouros na Terra, onde a ferrugem e os vermes comem e onde os ladrões os desenterram e roubam; acumulai tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem os vermes os comem; porquanto, onde está o vosso tesouro aí está também o vosso coração”.
            
Ocorre que o homem não se contenta com o que tem e busca sempre o supérfluo. E nessa busca desenfreada afadiga-se na busca da posse do ouro.
            
E quando se fala isso, não se está fazendo apologia ao ócio, muito pelo contrário, crer na Providência Divina significa que Deus conhece as nossas necessidades e a elas provê, como for necessário. No entanto, é necessário trabalhar sob o amparo da inteligência que nos foi concedida, porque fomos criados sem vestes e sem abrigo, mas tivemos o dom da inteligência para fabricá-los.
            
Jesus lecionava: “Não vos afadigueis por possuir ouro, ou prata, ou qualquer outra moeda em vossos bolsos. Não prepareis saco para a viagem, nem dois fatos, nem calçados, nem cajados, porquanto aquele que trabalha merece sustentado”.
            
Que seja chegada a hora de ligarmos maior importância para os bens espirituais do que aos materiais. Com isso, teremos tranqüilidade e paz de consciência.
            
Em favor de sua paz, conserve fidelidade a si mesmo. Lembre-se de que, no dia do calvário, a massa aplaudia a causa triunfante dos crucificadores, mas o Cristo, solitário e vencido, era a causa de Deus”.

(Referências: Chico Xavier e Waldo Vieira por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. 129-130. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Cap. 25. Item 9, p. 302).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano que circulou, em Bagé e região, entre os dias 25 e 26 de julho de 2015 e que também pode ser acompanhada pelo portal jornalminuano.com.br.

O FILHO DO ORGULHO*

Cairbar Schutel
O melindre, segundo o Dicionário Michaelis, entre outras definições, significa “cuidado extremo em não magoar ou ofender por palavras ou obras”.
            
Comumente deparamo-nos com pessoas que se sentem “melindradas” em instituições e repartições. Invariavelmente, os indivíduos que se melindram julgam-se mais importantes que a própria obra ou ação.
            
É um jovem aconselhado pelo irmão amadurecido e que se descontenta, rebelando-se contra o aviso da experiência; é uma pessoa que se sente desatendida ao procurar o companheiro de cuja cooperação necessita, nos horários em que esse mesmo companheiro, por sua vez, necessita trabalhar a fim de prover a própria subsistência; ou, então, um amigo que não se viu satisfeito ante a conduta do colega, na instituição, e deserta, revoltado, englobando todos os demais em franca reprovação, incapaz de reconhecer que essa é a hora de auxílio mais amplo.
            
O Espírito Cairbar Schutel alerta que “o melindre gera a prevenção negativa, agravando problemas e acentuando dificuldades, em vez de aboli-los. Essa alergia moral demonstra má vontade e transpira incoerência, estabelecendo moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma”.
            
Segundo o próprio espírito supracitado, o melindre é “filho do orgulho” e propele a criatura a situar-se acima do bem. E o orgulho, como tal, é o terrível adversário da humildade.
            
Jesus, o pedagogo por excelência, disse-nos que “será o maior no Reino dos Céus aquele que se humilhar e se fizer pequeno como uma criança”, ou seja, que nenhuma pretensão alimentar à superioridade ou à infalibilidade. Se observarmos tal preceito, não teremos qualquer motivo para melindrarmos.
            
Evitemos tal sensibilidade de porcelana sem razão de ser e nos aproximemos de nossos irmãos na prática do auxílio mútuo.
            
Com a humildade não há o melindre que piora aquele que o sente, sem melhorar a ninguém. Cabe-nos ouvir a consciência e segui-la, recordando que a suscetibilidade de alguém sempre surgirá no caminho, alguém que precisa de nossas preces, conquanto curtas ou aparentemente desnecessárias. E para terminar, meu irmão, imagine se um dia Jesus se melindrasse com os nossos incessantes desacertos...” Cairbar Schutel
           


(Referências: Chico Xavier e Waldo Vieira por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. 129-130).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano que circulou entre os dias 18 e 19 de julho de 2015 e que também pode ser acompanhada pelo portal jornalminuano.com.br.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A CARIDADE NA SOCIEDADE


Sobre a caridade, disse Allan Kardec, na obra Viagem Espírita em 1862:
            
Bem sabeis, senhores, que a palavra caridade tem uma acepção muito ampla. Há caridade em pensamentos, em palavras, em ações; não consiste apenas na esmola. Alguém é caridoso em pensamentos sendo palavras, nada dizendo que possa prejudicar a outrem; caridoso em ações quando assiste o próximo na medida de suas forças. O pobre, que partilha seu naco de pão com outro mais pobre que ele, é mais caridoso e tem mais mérito aos olhos de Deus do que aquele que dá do supérfluo, sem de nada se privar.
            
Quem quer que alimente contra o próximo sentimento de ódio, de animosidade, de inveja, de rancor, falta com a caridade. A caridade é a antíteses do egoísmo; a primeira é a abnegação da personalidade, o segundo é a exaltação da personalidade. Uma diz: Para vós em primeiro lugar, para mim depois; e o outro: Para mim antes, para vós se sobrar. A primeira está toda inteira nestas palavras do Cristo: ‘Fazei aos outros o que quereríeis que vos fizessem’. Numa palavra, aplica-se sem exceção a todas as relações sociais. Haveremos de convir que, se todos os membros de uma sociedade agissem de conformidade com esse princípio, haveria menos decepções na vida. Desde que dois homens estejam juntos, contraem, por isto mesmo, deveres recíprocos; se quiserem viver em paz, serão obrigados a se fazerem mútuas concessões. Esses deveres aumentam com o número dos indivíduos; as aglomerações formam todo coletivo que também tem suas obrigações respectivas. Tendes, pois, além das relações de indivíduo a indivíduo, as de cidade a cidade, de país a país. Essas relações podem ter dois móveis que são a negação um do outro: o egoísmo e a caridade, pois que há também egoísmo nacional. Com o egoísmo, prevalece o interesse pessoal, cada um vive para si, vendo nos semelhantes apenas um antagonista, um rival que pode concorrer conosco, que podemos explorar ou que pode nos explorar; aquele que fará o possível para chegar antes de nós: a vitória é do mais esperto e a sociedade – coisa triste de dizer, muitas vezes consagra essa vitória, o que faz com ela se divida em duas classes principais: os exploradores e os explorados. Disso resulta um antagonismo perpétuo, que faz da vida um tormento, um verdadeiro inferno. Substituí o egoísmo pela caridade e seu vizinho; os ódios e os ciúmes se extinguirão por falta de combustível, e os homens viverão em paz, ajudando-se mutuamente em vez de se dilacerarem. Se a caridade substituir o egoísmo, todas as instituições sociais serão fundadas sobre o princípio da solidariedade e da reciprocidade; o forte protegerá o fraco, em vez de o explorar.
            
É um belo sonho, dirão; infelizmente não passa de um sonho; o homem é egoísta por natureza, por necessidade e o será sempre. Se assim fosse, o que seria muito triste, é o caso de se perguntar com que objetivo o Cristo veio até nós pregar a caridade aos homens”.

(Referências: Allan Kardec. Viagem Espírita em 1862. FEB Editora. p. 79-80).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com