“Somente
o poder do amor se transfere para além do túmulo, acompanhando o ser na sua
escalada ascensional no ruma da Vida”. (Joanna de Ângelis, Londres,
Inglaterra, 18 de junho de 1988, Luzes do Alvorecer, pag. 117)
Minutos antes de ser definitivamente
pregado na cruz, em meio a ultrajes e humilhações, Jesus foi levado à presença
de Pilatos que, em meio ao seu grande poder outorgado pelo Imperador de Roma,
indagou do Mestre o que Lhe representava o poder.
O meigo nazareno, imperturbável,
possuidor de uma fé apoiada sobre a compreensão dos fatos que estavam a se
desenrolar, responde que ele tinha o poder porque lhe houvera sido concedido,
mas não era dele próprio.
A força transitória do poder
outorgado para aqueles que se encontram sobre a Terra fez com que Pilatos
entregasse Jesus para os seus inimigos que viriam a crucifica-lo. No entanto,
isso também estava nos desígnios de Deus, porque não Ele não foi impedido de
retornar vivo e exuberante, dando prosseguimento ao ministério que viera
realizar na Terra.
O poder se torna objetivo essencial
para todos aqueles que favorecem o ter, indispensável para quem deseja uma
existência confortável assinalada pela comodidade e pelo prazer.
Ele atira multidões ao campo de batalha
em competições inferiores, nas quais os indivíduos se transformam em
adversários, quando se deveriam unir em favor do progresso auxiliando-se
reciprocamente.
No entanto, se voltarmos aos
primórdios, na tentativa de entender de onde derivou essa angústia pelo poder,
verificamos que o espécime mais forte sempre venceu o menos equipado, o que
permitiu, mais tarde, ao homem usar a astúcia e a inteligência para dominar os
animais de grande porte, assim como controlar as forças do planeta que lhe
ameaçavam a existência.
Ao alcançar o patamar da razão mais
lúcida, permaneceu-lhe o conceito de sobrepor-se aos demais como forma de
autorrealização, mesmo que inconscientemente.
Nas palavras de Joanna de Ângelis em
psicografia de Divaldo P. Franco “o poder funciona como instrumento de
intimidação, de projeção, de vaidade, despertando inveja nos fracos e
interesses apaixonados nos inseguros”. E não são poucos os que procuram o poder
para se sentirem bajulados, ao passo que também se acotovelam aqueles que bajulam
para se sentirem um pouco mais poderosos.
Apesar disso, o poder de Pilatos
passou. O Império Romano caiu. A falsa glória e a opulência ilusória se
desfizeram. Jesus permaneceu real e vibrante nas mentes e nos corações que o
amam e anseiam por encontrá-lo, testemunhando que o poder real é aquele que
decorre dos valores intelecto-morais adquiridos a esforço e perseverança, que
facultam o crescimento interior projetando o Espírito para Deus.
Mais uma vez Joanna nos auxilia
quando, concluindo, refere que “esse poder, quando se instala na mente e no
coração, ao invés de perturbar, libera das paixões, dulcifica e harmoniza,
tornando aquele que o possui um centro de irradiação de amor e paz que a todos
mimetiza”.
Busquemos esse poder iluminativo
dentro de nós mesmos e nos veremos portadores de poderes outros a fim de que
bem possamos utilizá-los, servindo a si e à Humanidade.
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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josearturmaruri@hotmail.com
*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, na edição que circulou entre os dias 25 e 26 de maio de 2013 e que também pode ser acompanhada pelo link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=87749&data=&volta=.