“Somente
a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do
progresso das luzes, dado o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz
meridiana”. (Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX,
item 06)
Como
é belo observar uma criatura que transita pelas maiores aflições que a vida
pode oferecer de forma serena e tranquila, transparecendo uma certeza que algo
melhor está no porvir!
Podemos dizer que a pessoa que
consegue enfrentar dificuldades extremas com tamanha calma, com a paciência de
quem sabe esperar, detém uma fé sincera e verdadeira.
No entanto, esta fé é uma conquista
do Espírito que a apoiou na inteligência e na compreensão das coisas, na
certeza que pode atingir os objetivos visados, porque, a fé vacilante sente a
própria fraqueza e supre com a violência a força que ainda lhe falta.
Allan Kardec relata[1]
que “entende-se como fé a confiança que
se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá
uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que ser quer
alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele a possui caminha, por
assim dizer, com absoluta segurança”.
Claro, não podemos confundir a fé com
a presunção, porque a primeira denota a humildade de antes confiar em Deus do
que em si próprio e, em contrapartida, a última é menos fé do que orgulho.
Noutra acepção, do ponto de vista
religioso, a fé consiste na crença em dogmas especiais, que constituem as
diferentes religiões com os seus artigos de fé, onde nada se examina e tudo se
aceita sem verificação, o que se choca frontalmente com a evidência e a razão.
As religiões que pretendem ter a
posse exclusiva da verdade confessam-se impotentes para demonstrar que estão com
a razão, produzindo um maior número de incrédulos e céticos exatamente porque
exigem que o homem abdique do raciocínio e do livre-arbítrio, prerrogativas
preciosas da criatura.
“A
fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa.
A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque
compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar
de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”. (Allan Kardec, O
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, item 07)
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
Comente:
josearturmaruri@hotmail.com
*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, edição de final de semana, que circulou entre os dias 11 e 12 de maio de 2013 e que também pode ser acompanhada pelo link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=87324&data=11/05/2013&ok=1.
[1] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o
Espiritismo, Cap. XIX, item 03. Tradução de Guillon Ribeiro, Edição Histórica. FEB
Editora: 2013. p. 254.