sexta-feira, 3 de maio de 2013

VAMOS DIZER NÃO AO PRECONCEITO?*



O ser humano, tanto encarnado como desencarnado, é regido por diversas leis oriundas da sabedoria Divina, entre elas encontra-se a Lei de Liberdade.

A Lei de Liberdade o direciona a liberdade de pensamento, à liberdade de consciência e ao livre-arbítrio.
            
Todo ser humano livre, obrigatoriamente, deve ou deveria ser dotado destas três “liberdades”. Nem sempre é assim. Ou por escolha sua, ou por preconceito da sociedade em que ele está inserido.

Nos dias de hoje, infelizmente, estão cada vez mais em voga no âmbito de nossa sociedade os ditos preconceitos étnicos, raciais, religiosos e com pessoas que optam pela homossexualidade como forma de vida.

Mas de onde deriva todo esse preconceito? Segundo Allan Kardec, existem duas chagas na humanidade: o orgulho e o egoísmo.

Se analisarmos o preconceito sob os auspícios do orgulho e do egoísmo chegaremos fatalmente a conclusão de que é daí que ele deriva.

Em O Livro dos Espíritos, mais especificamente na questão 913, Allan Kardec[1] indagou dos Espíritos iluminados qual, dentre os vícios, poderia ser considerado o mais radical e, com a maestria de sempre, os Espíritos responderam:

Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhe deis combate não chegareis a extirpá-los se não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade. Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades”.  

Contudo, sempre existe aquela pessoa que se acha melhor que a outra, o orgulhoso, e existe, também, aquele que não aceita o próximo na real condição em que ele se encontra, este é o egoísta.

Essas pessoas, indubitavelmente, ainda estão com o que chamamos de “preconceito” arraigado em seus corações, ou por se acharem melhores que os outros sem ao menos conhecê-los verdadeiramente, ou, antes mesmo de conhecer as pessoas, de antemão já não querem saber delas.

Refletindo sobre isso, será que temos autoridade para humilharmos um ser humano, criação Divina, simplesmente por não concordarmos com sua raça, religião ou opção sexual?

Nós temos sim liberdade para fazermos nossas escolhas, graças à sabedoria de Deus, todavia não cabe a ninguém julgar e condenar os companheiros de jornada, fazendo com que tais criaturas tornem-se verdadeiras represas de desgosto e ódio para com todos.

O grande Mestre Jesus, em sua estada na Terra, asseverou[2]: “Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas”.

Fazer aos homens tudo o que queríamos que fizessem para conosco é a expressão mais completa da caridade porque, como dizia Kardec, resume todos os deveres do homem para com o próximo. O trabalho em cima dessa prática tende a destruir completamente as amarras do egoísmo. Afinal, com que direito dizemos ou deixamos de dizer como os outros devem agir ou deixar de agir, ser ou deixar de ser?

Com a destruição do egoísmo conseguiremos extirpar o preconceito que deriva deste e, assim, daremos valor aos nossos irmãos, independentemente das escolhas que eles fizerem para suas vidas.

Nessa hora, atingiremos o ponto de equilíbrio onde reinará a paz e a justiça, não mais havendo ódio e nem dissensões, mas tão somente, união, concórdia e benevolência mútua.  Daremos as mãos uns aos outros e caminharemos no sentido da eternidade em busca da nossa própria evolução.

José Artur M. Maruri dos Santos
Advogado e Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé,  no  dia 19 de janeiro de 2013 e que também pode ser acompanhada pelo link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=83544&data=&volta=.


[1] KARDEC, Allan, O Livros dos Espíritos, Federação Espírita Brasileira, p. 418.
[2] S. Mateus, cap. VII, v. 12.