quarta-feira, 14 de junho de 2017

ADVENTO DO ESPÍRITO DE VERDADE*


Um dos trechos mais belos da obra O Evangelho Segundo o Espiritismo de autoria de Allan Kardec, mas com concepção em espaços superiores, trata-se do advento do Espírito de Verdade (Cap. 6, item 6).
            
No entanto, antes de transcrevermos o trecho para que o leitor possa interpretá-lo, vale dizer que o “Codificador do Espiritismo”, Allan Kardec, em 14 de setembro de 1863 recebeu a seguinte declaração de seus guias: “Nossa ação, principalmente a do Espírito da Verdade, é constante ao teu redor, e de tal maneira, que não a podes negar. Assim não entrarei em detalhes desnecessários, sobre o plano da tua obra, que, segundo os meus conselhos ocultos, modificaste tão ampla e completamente”. Logo adiante acentuavam: “Com esta obra, o edifício começa a libertar-se dos andaimes, e já podemos ver-lhe a cúpula a desenhar-se no horizonte”.      
            
Um dos objetivos de tão magnânima obra, segundo o próprio Allan Kardec, foi o de oferecer o acesso à moral evangélica para todos, sem intermediários. Disse Kardec: “Todo o mundo admira a moral evangélica; todos proclamam a sua sublimidade e a sua necessidade; mas muitos o fazem confiando naquilo que ouviram, ou apoiados em algumas máximas que se tornaram proverbiais, pois poucos a conhecem a fundo, e menos ainda a compreendem e sabem tirar-lhe as consequências”.
            
Por outro lado, como iremos crer no ensino de Espíritos que se dizem auxiliares na interpretação das máximas evangélicas, se eles falam pela língua de homens comuns. E aí está a autoridade da Doutrina Espírita, no “controle universal do ensino dos Espíritos” – ou seja, “a única garantia segura do ensino dos Espíritos está na concordância das revelações feitas espontaneamente, através de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares”.
            
Feitas tais considerações que em outra oportunidade esmiuçaremos amiúde, vamos ao trecho aludido logo no início, o advento do Espírito de Verdade em Paris, 1861:
            
Venho ensinar e consolar os pobres deserdados. Venho dizer-lhes que elevem sua resignação ao nível de suas provas; que chorem, porque a dor no Jardim das Oliveiras, mas que esperem; porque os anjos consoladores virão enxugar as suas lágrimas.
            
Trabalhadores, traçai o vosso sulco. Recomeçai no dia seguinte a rude jornada da véspera. O trabalho de vossas mãos fornece o pão terreno aos vossos corpos, mas vossas almas não estão esquecidas: eu, o divino jardineiro, as cultivo no silêncio dos vossos pensamentos. Quando soar a hora do repouso, quando a trama escapar de vossas mãos, e vossos olhos se fecharem para a luz, sentireis surgir e germinar em vós a minha preciosa semente. Nada se perde no Reino de nosso Pai. Vossos suores e vossas misérias formam um tesouro, que vos tornará ricos nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas, e onde o mais desnudo entre vós será talvez o mais resplandecente.
            
Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são os meus bem-amados. Instrui-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos ensina o objetivo sublime da prova humana. Como o vento varre a poeira, que o sopro dos Espíritos dissipe a vossa inveja dos ricos do mundo, que são freqüentemente os mais miseráveis, porque suas provas são mais perigosas que as vossas. Estou convosco, e meu apóstolo vos ensina. Bebei na fonte viva do amor, e preparai-vos, cativos da vida, para vos lançardes um dia, livres e alegres, no seio daquele que vos criou fracos para vos tornar perfeitos, e deseja que modeleis vós mesmos a vossa dócil argila, para serdes os artífices da vossa imortalidade”.

(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Explicação por José Herculano Pires. Introdução. Cap. 06. Item 06).
             
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé, ainda no ano de 2015, mês de outubro.