Um dos trechos mais belos da obra O Evangelho
Segundo o Espiritismo de autoria de Allan Kardec, mas com concepção em espaços
superiores, trata-se do advento do Espírito de Verdade (Cap. 6, item 6).
No entanto, antes de transcrevermos o
trecho para que o leitor possa interpretá-lo, vale dizer que o “Codificador do
Espiritismo”, Allan Kardec, em 14 de setembro de 1863 recebeu a seguinte
declaração de seus guias: “Nossa ação,
principalmente a do Espírito da Verdade, é constante ao teu redor, e de tal
maneira, que não a podes negar. Assim não entrarei em detalhes desnecessários,
sobre o plano da tua obra, que, segundo os meus conselhos ocultos, modificaste
tão ampla e completamente”. Logo adiante acentuavam: “Com esta obra, o edifício começa a libertar-se dos andaimes, e já
podemos ver-lhe a cúpula a desenhar-se no horizonte”.
Um dos objetivos de tão magnânima
obra, segundo o próprio Allan Kardec, foi o de oferecer o acesso à moral
evangélica para todos, sem intermediários. Disse Kardec: “Todo o mundo admira a moral evangélica; todos proclamam a sua
sublimidade e a sua necessidade; mas muitos o fazem confiando naquilo que
ouviram, ou apoiados em algumas máximas que se tornaram proverbiais, pois
poucos a conhecem a fundo, e menos ainda a compreendem e sabem tirar-lhe as consequências”.
Por outro lado, como iremos crer no
ensino de Espíritos que se dizem auxiliares na interpretação das máximas
evangélicas, se eles falam pela língua de homens comuns. E aí está a autoridade
da Doutrina Espírita, no “controle universal do ensino dos Espíritos” – ou
seja, “a única garantia segura do ensino dos Espíritos está na concordância das
revelações feitas espontaneamente, através de um grande número de médiuns,
estranhos uns aos outros, e em diversos lugares”.
Feitas
tais considerações que em outra oportunidade esmiuçaremos amiúde, vamos ao
trecho aludido logo no início, o advento do Espírito de Verdade em Paris, 1861:
“Venho
ensinar e consolar os pobres deserdados. Venho dizer-lhes que elevem sua
resignação ao nível de suas provas; que chorem, porque a dor no Jardim das
Oliveiras, mas que esperem; porque os anjos consoladores virão enxugar as suas
lágrimas.
Trabalhadores, traçai o vosso sulco. Recomeçai no dia seguinte a rude jornada
da véspera. O trabalho de vossas mãos fornece o pão terreno aos vossos corpos,
mas vossas almas não estão esquecidas: eu, o divino jardineiro, as cultivo no
silêncio dos vossos pensamentos. Quando soar a hora do repouso, quando a trama
escapar de vossas mãos, e vossos olhos se fecharem para a luz, sentireis surgir
e germinar em vós a minha preciosa semente. Nada se perde no Reino de nosso
Pai. Vossos suores e vossas misérias formam um tesouro, que vos tornará ricos
nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas, e onde o mais desnudo
entre vós será talvez o mais resplandecente.
Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são
os meus bem-amados. Instrui-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das
revoltas e vos ensina o objetivo sublime da prova humana. Como o vento varre a
poeira, que o sopro dos Espíritos dissipe a vossa inveja dos ricos do mundo,
que são freqüentemente os mais miseráveis, porque suas provas são mais
perigosas que as vossas. Estou convosco, e meu apóstolo vos ensina. Bebei na
fonte viva do amor, e preparai-vos, cativos da vida, para vos lançardes um dia,
livres e alegres, no seio daquele que vos criou fracos para vos tornar
perfeitos, e deseja que modeleis vós mesmos a vossa dócil argila, para serdes
os artífices da vossa imortalidade”.
(Referências: Allan Kardec. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Explicação por José Herculano Pires. Introdução. Cap.
06. Item 06).
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé, ainda no ano de 2015, mês de outubro.