terça-feira, 9 de maio de 2017

SETEMBRO AMARELO*


Ao nos aproximarmos do final de setembro, não poderíamos deixar de tecer algumas considerações sobre a importância da iniciativa da Associação internacional de Prevenção ao Suicídio ao adotar o mês e colori-lo de amarelo, em alerta sobre a importância das ações de prevenção.
            
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o suicídio é responsável por 1,4% do total de mortes anualmente (cerca de um milhão). Ou seja, a cada 45 segundos, ocorre um suicídio em algum lugar do mundo, o que equivale a 1920 pessoas diariamente. Esses números ao final de um ano superam a soma das mortes causadas por homicídios, acidentes de transporte, guerras e conflitos civis. Isso sem incluir as tentativas de suicídio, que são de 10 a 20 vezes mais frequentes.
            
O Coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori, conta que a rede de atenção é fundamental para prevenção das tentativas de suicídio “Os dados gerais de epidemiologia do suicídio mostram que mais da metade das pessoas que cometem o ato tem um histórico anterior de transtorno mental. O fato de termos redes de serviço que acolhem e atendem pessoas com estes distúrbios, por si, já tem um efeito preventivo. Outro ponto importante, é que ter esta rede permite o acesso de pessoas que nunca tiveram este tipo de problema, mas podem vir a procurar em momentos de dificuldade”, explica.
            
O espiritismo faz a sua parte à medida que ao estudar o fenômeno da sobrevivência da alma após o cometimento do ato extremo leva o potencial suicida a refletir qual será o resultado da ação danosa.
            
Nessa linha, conta-nos Allan Kardec que o gênero de morte influirá sobre o estado de sua alma decisivamente. “Na morte natural, o desligamento se opera gradualmente e sem abalo; frequentemente, ele começa mesmo antes que a vida se extinga. Na morte violenta por suplício, suicídio ou acidente, os laços se rompem bruscamente; o Espírito, surpreendido pelo imprevisto, fica como atordoado pela mudança que nele se opera e não compreende sua situação. Um fenômeno mais ou menos constante, em semelhante caso, é a persuasão em que se acha de não estar morto, e essa ilusão pode durar vários mesmo e mesmo vários anos”.
            
A afirmação de Allan Kardec fundamenta-se, entre outros relatos conduzidos por Espíritos sérios, numa comunicação obtida na Sociedade Espírita de Paris e reproduzida na Revista Espírita, no ano de 1858, com um Espírito que havia comedido o suicídio seis dias antes, na cidade de Paris, no estabelecimento de Samaritana. Indagou Allan Kardec: “Qual o motivo que vos arrastou ao suicídio?”. Resposta: “Morto? Eu? Não... que habito o meu corpo... Não sabeis como sofro! Sufoco-me... Oxalá que mão compassiva me aniquilasse de vez!” Observação de Kardec: “Sua alma, posto que separada do corpo, está ainda completamente imersa no que poderia chamar-se o turbilhão da matéria corporal; vivazes lhe são as ideias terrenas, a ponto de se acreditar encarnado”.
            
Segundo o Ministério da Saúde, são quatro os sentimentos principais de quem pensa em se matar. Todos começam com “D”: depressão, desesperança, desamparo e desespero (regra dos 4D). Caso alguém seja notado com este comportamento, a ajuda pode começar em uma unidade básica de saúde, que é a porta de entrada para os usuários do SUS. Se necessário, o paciente será encaminhado a um serviço de atenção especializada.
            
Outrossim, resta aqui o alerta efetuado pelo “Setembro Amarelo” e para que nos mantenhamos sempre em oração, principalmente em momentos que enfrentamos extremas dificuldades. Não percamos a fé na inteligência suprema e causa primária de todas as coisas.
            
Por fim, não pode se deixar de referir que a prática da prece faz com que estejamos em sintonia elevada e equilibrada, além de ser um ato de amor.

(Referências: Gabriela Rocha. Blog da Saúde. Sítio mundodapsi.com. Allan Kardec. O Que é o Espiritismo. IDE Editora. p. 137-138. Allan Kardec. Revista Espírita. Junho  de 1858. FEB Editora. p. 261).
             
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé, em setembro de 2015.