Em tempos como os que vivemos atualmente,
onde o discurso de ódio pulula em todos os recantos, é necessário que
empreendamos uma campanha pela paz.
No passado, com a bandeira da
liberdade, igualdade e humanidade, os farrapos, inspirados nos ideais da
Revolução Francesa, lançaram mãos às armas numa tentativa de dobrar o Império
do Brasil.
As revoltas, discussões e diálogos de
alhures não eram diferentes dos que se estabelecem atualmente à medida que
vemos indivíduos receberem a contraprestação pelos seus esforços, já parca,
agora, parcelada.
Assim, diante de triste cenário, não
faltam aqueles que, inspirados pelos antepassados gaúchos, soltem gritos para
que nova revolta se faça.
No entanto, no momento em que o mundo
se agita e sofre, Deus permite que o Espiritismo nos esclareça em torno das
lições evangélicas.
A Revista Espírita, editada por Allan
Kardec, em fevereiro de 1863, trouxe uma dissertação assinada pelo Espírito FD,
antigo magistrado, onde ele refere:
“Paz, disse o seu Cristo, aos homens
de boa vontade!’ Não obtivestes a paz porque não tivestes a boa vontade. A boa
vontade, tanto para os pobres quanto para os ricos chama-se caridade. Há
caridade moral, como há caridade material; e não a tivestes; e o pobre foi tão
culpado quanto o rico. (...) Paz aos homens de boa vontade; sê bendito, tu que
amaste; sê feliz, pois trabalhaste pela felicidade do próximo. Meu filho, a
cada um segundo suas obras”.
Como dissemos, diferentemente do
passado, a campanha, hoje, deve ser pela paz, através do amor e da caridade,
porque a cada um é dado segundo suas obras.
E a caridade, como bem referiu o
Espírito, pode ser feita materialmente ou moralmente e aí, a responsabilidade
não é apenas dos ricos. Ninguém é impedido de amar por ser pobre. Ninguém é
impedido de receber alguém para ouvir suas dificuldades. Ninguém é impedido de
tecer palavras de carinho.
Nessa linha, o Espírito Humberto de
Campos, através da mediunidade de Chico Xavier, conta-nos episódio glorioso
onde, depois de Pentecostes, os discípulos de Jesus, empenhados na obra do
Evangelho, iniciaram suas campanhas pelas realizações que o Mestre lhes
confiara.
As dificuldades materiais eram
imensas, mas Jesus não havia lhes abandonado e, divinamente materializado,
disse, mais uma vez, aos discípulos:
“- O equilíbrio nasce da união
fraternal, e a união fraternal não aparece fora do respeito que devemos uns aos
outros... ninguém colhe aquilo que não semeia... Conseguiremos a seara do
serviço, conjugando os braços na ação que nos compete; conquistaremos a
diligência, aplicando os olhos no dever a cumprir; obteremos a vigilância,
empregando criteriosamente os ouvidos; entretanto, para que a harmonia
permaneça entre nós, é forçoso pensar e falar a respeito do próximo, como desejamos
que o próximo pense e fale sobre nós mesmos...
– Irmãos, por amor aos fracos e aos
aflitos, aos deserdados e aos tristes da Terra, que esperam por nós a luz do
reino de Deus, façamos a campanha da paz, começando pela caridade da língua”.
É imperioso que, nos momentos
derradeiros pelos quais a Terra está ultrapassando, onde instituições e pessoas
estão sendo agitadas, travemos a batalha, não mais pela divisão ou pela espada,
mas pela união fraternal no entorno do respeito, do serviço, da vigilância, do
amor, da caridade e, principalmente, da paz.
(Referências: Allan Kardec. Revista Espírita.
Fevereiro de 1863. FEB Editora. p. 99. Chico Xavier pelo Espírito Humberto de
Campos. No roteiro de Jesus. FEB Editora. p. 226).
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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josearturmaruri@hotmail.com
*Coluna publicada pelo Jornal Minuano ainda em setembro do ano de 2015. Acesse: jornalminuano.com.br