quinta-feira, 4 de maio de 2017

A CAMPANHA PELA PAZ*


Em tempos como os que vivemos atualmente, onde o discurso de ódio pulula em todos os recantos, é necessário que empreendamos uma campanha pela paz.
            
No passado, com a bandeira da liberdade, igualdade e humanidade, os farrapos, inspirados nos ideais da Revolução Francesa, lançaram mãos às armas numa tentativa de dobrar o Império do Brasil.
            
As revoltas, discussões e diálogos de alhures não eram diferentes dos que se estabelecem atualmente à medida que vemos indivíduos receberem a contraprestação pelos seus esforços, já parca, agora, parcelada.
            
Assim, diante de triste cenário, não faltam aqueles que, inspirados pelos antepassados gaúchos, soltem gritos para que nova revolta se faça.
            
No entanto, no momento em que o mundo se agita e sofre, Deus permite que o Espiritismo nos esclareça em torno das lições evangélicas.
            
A Revista Espírita, editada por Allan Kardec, em fevereiro de 1863, trouxe uma dissertação assinada pelo Espírito FD, antigo magistrado, onde ele refere:
            
“Paz, disse o seu Cristo, aos homens de boa vontade!’ Não obtivestes a paz porque não tivestes a boa vontade. A boa vontade, tanto para os pobres quanto para os ricos chama-se caridade. Há caridade moral, como há caridade material; e não a tivestes; e o pobre foi tão culpado quanto o rico. (...) Paz aos homens de boa vontade; sê bendito, tu que amaste; sê feliz, pois trabalhaste pela felicidade do próximo. Meu filho, a cada um segundo suas obras”.
            
Como dissemos, diferentemente do passado, a campanha, hoje, deve ser pela paz, através do amor e da caridade, porque a cada um é dado segundo suas obras.
            
E a caridade, como bem referiu o Espírito, pode ser feita materialmente ou moralmente e aí, a responsabilidade não é apenas dos ricos. Ninguém é impedido de amar por ser pobre. Ninguém é impedido de receber alguém para ouvir suas dificuldades. Ninguém é impedido de tecer palavras de carinho.
            
Nessa linha, o Espírito Humberto de Campos, através da mediunidade de Chico Xavier, conta-nos episódio glorioso onde, depois de Pentecostes, os discípulos de Jesus, empenhados na obra do Evangelho, iniciaram suas campanhas pelas realizações que o Mestre lhes confiara.
            
As dificuldades materiais eram imensas, mas Jesus não havia lhes abandonado e, divinamente materializado, disse, mais uma vez, aos discípulos:
 
Humberto de Campos
           
“- O equilíbrio nasce da união fraternal, e a união fraternal não aparece fora do respeito que devemos uns aos outros... ninguém colhe aquilo que não semeia... Conseguiremos a seara do serviço, conjugando os braços na ação que nos compete; conquistaremos a diligência, aplicando os olhos no dever a cumprir; obteremos a vigilância, empregando criteriosamente os ouvidos; entretanto, para que a harmonia permaneça entre nós, é forçoso pensar e falar a respeito do próximo, como desejamos que o próximo pense e fale sobre nós mesmos...
            
– Irmãos, por amor aos fracos e aos aflitos, aos deserdados e aos tristes da Terra, que esperam por nós a luz do reino de Deus, façamos a campanha da paz, começando pela caridade da língua”.
            
É imperioso que, nos momentos derradeiros pelos quais a Terra está ultrapassando, onde instituições e pessoas estão sendo agitadas, travemos a batalha, não mais pela divisão ou pela espada, mas pela união fraternal no entorno do respeito, do serviço, da vigilância, do amor, da caridade e, principalmente, da paz.    

(Referências: Allan Kardec. Revista Espírita. Fevereiro de 1863. FEB Editora. p. 99. Chico Xavier pelo Espírito Humberto de Campos. No roteiro de Jesus. FEB Editora. p. 226).
            
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano ainda em setembro do ano de 2015. Acesse: jornalminuano.com.br