É importante que continuemos a manifestar
algumas considerações sobre a mulher segundo o Espiritismo. Já na semana
passada, utilizamo-nos deste espaço para lembrar a passagem do dia 24 de
fevereiro de 1932, oportunidade em que a mulher teve direito ao voto no Brasil.
Houve um período sobre a Terra em que
era colocada em dúvida a existência de alma na mulher. Nessa época, chegou-se a
colocar em deliberação num concílio se a mulher era um ser humano dotado de alma.
A negação ainda é um princípio de fé em certos povos nos dias de hoje.
Este período sombrio da nossa
história trouxe graves reflexos porque o preconceito advindo da suposta
inferioridade moral da mulher perpetuou-se ao ponto da inferioridade moral ser
transformada em inferioridade legal, levando-se anos a fio para alterar essa
condição na busca da igualdade de gêneros, sob o amparo da lei.
Como dissemos já na semana passada,
ainda assim, alguns homens que vivem atualmente, porém com seus modos nos séculos
passados, acreditam ter autoridade sobre as mulheres as taxando, inclusive, de
suas, as relegando a uma condição de propriedade. Isso, também, nada mais é que
um reflexo de um período obscuro da história da humanidade.
Disse Allan Kardec na edição de
janeiro de 1866 da Revista Espírita: “Não obstante, o progresso das luzes
resgatou a mulher na opinião. Muitas vezes ela se afirmou pela inteligência e
pelo gênio e a lei, conquanto ainda a considerasse menor, pouco a pouco
afrouxou os laços da tutela. Pode-se considerá-la como emancipada moralmente,
se ainda não o é legalmente. É a este último resultado que ela chegará um dia,
pela força das coisas”.
A doutrina materialista sempre
relegou a mulher a uma inferioridade natural, da qual só poderia ser elevada
pela boa vontade do homem. Para tal doutrina, a mulher não detinha alma e, se a
detivesse, extinguindo-se a vida ela se perderia no todo universal. Assim, só
restaria a mulher a fraqueza corporal que a colocaria na dependência do mais
forte.
A doutrina espiritualista vulgar, por
sua vez, reconhece a existência da alma individual e imortal, mas é impotente
para provar que não há diferença entre a do homem e a da mulher. Inclusive,
certos dogmas dessas doutrinas devem ser praticados exclusivamente pelos
homens.
Para Allan Kardec “com a Doutrina
Espírita, a igualdade da mulher não é mais uma simples teoria especulativa; já
não é uma concessão da força à fraqueza, mas um direito fundado nas próprias
leis da Natureza. Dando a conhecer essas leis, o Espiritismo abre a era da
emancipação legal da mulher, como abre a da igualdade e a da fraternidade”.
Neste final de semana dedicado à
mulher, onde se observa a celebração pelo dia internacional que lhe é dedicado,
resta-nos refletir sobre sua condição no mundo atual e, assim, buscarmos
restaurar diariamente seus direitos na luta contra a violência doméstica e a
discriminação no ambiente de trabalho e, também, na busca por uma maior
participação na política e pela sua saúde integral.
“Pobres homens! Se refletísseis que
os Espíritos não têm sexo; que aquele que hoje é homem pode ser mulher amanhã;
que escolhem indiferentemente, e por vezes de preferência, o sexo feminino,
antes deveríeis regozijar-vos que vos afligir com a emancipação da mulher, e
admiti-la no banquete da inteligência, abrindo-lhe de par em par todas as
portas da Ciência, porque ela tem concepções mais finas, mais suaves, toques
mais delicados que os do homem. (Revista Espírita, junho de 1867)”
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, entre os dias 07 e 08 de março de 2015 e que também pode ser acompanhada pelo portal jornalminuano.com.br.