terça-feira, 13 de outubro de 2015

NADA TENHO CONTRA O MEU PRÓXIMO*



Em tempos como os que vivemos atualmente, onde os indivíduos tornam-se justiceiros utilizando-se das redes sociais que se disseminam pela internet ou, então, alguns mais audazes, acabam lançando-se ao exercício arbitrário das próprias razões, amarrando outros indivíduos aos postes e agredindo-os, muitas vezes, até a morte, é importante recordarmos algumas palavras de Jesus.
             
Disse o Mestre: “Como é que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho? Ou, como é que dizeis ao vosso irmão: - Deixa-me tirar um argueiro do teu olho –, vós que tendes no vosso uma trave? Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão. (Mateus, 7:3 a 5)”
             
Como dissemos, logo no início, o ser humano tende a querer elevar-se sobre os demais, por isso, entende-se melhor julgador que a própria justiça e, assim, age com as próprias mãos. Outros sequer agem, apenas acusam sob o anonimato que a internet oferece.
             
Sabiamente, Allan Kardec aponta que uma das insensatezes da Humanidade consiste em vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós. Não nos perguntamos o que pensaríamos se víssemos alguém fazer o que nós fizemos. Para isso, teríamos que nos transportar para fora de nós mesmos e observarmos.
             
O orgulho se encontra na base e como móvel de quase todas as ações humanas, por isso, variadas vezes, nós falhamos no processo de retirar a trave do nosso olho antes de ver o argueiro no do nosso irmão.
             
Pedro perguntou ao Mestre Jesus: “- Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes? – Respondeu-lhe Jesus: - Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes. (Mateus, 18:15, 21 e 22)”.
             
Muitos esquecem o perdão por orgulho ou para não serem taxados de tolos. Porém, quantas vezes somos – e seremos – perdoados pelas inúmeras faltas que viemos a cometer ao longo dos dias?
             
Já ensinou-nos o “Espírito Simeão” no Evangelho Segundo o Espiritismo que se os atos de alguém nos prejudicaram pessoalmente, mais um motivo temos para sermos indulgentes, porquanto o mérito do perdão é proporcionado à gravidade do mal, que nenhum merecimento teríamos se os agravos dos nosso irmãos não passassem de simples arranhões.
            
 Atire-lhe a pedra aquele que estiver isento de pecado”, disse Jesus. Bem como diz Allan Kardec “essa sentença faz da indulgência um dever para nós outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência. Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos.
             
Dado o exposto, antes de acusarmos outro indivíduo, por qualquer falta que ele tenha cometido, lembremos da visão de Jesus, ou seja, primeiro olhemos a trave do nosso olho, vasculhemos se estamos isentos de pecados e, enfim, sejamos indulgentes perdoando não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.
           
Cuidai, portanto, de os expungir de todo sentimento de rancor. Deus sabe o que demora no fundo do coração de cada um de seus filhos. Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer, dizendo: Nada tenho contra o meu próximo. – Simeão. (Bordeux, 1862)”.

(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Capítulo 10. Itens 10, 13 e 14

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 7 e 8 de fevereiro de 2015 e que também pode ser acompanhado pelo jornalminuano.com.br