quinta-feira, 6 de agosto de 2015

CONTRASTES*

Imagem captada no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko

Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, credes também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já Eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde Eu estiver, também vós aí estejais”. (João, 14:1 a 3)
            
Historicamente, o homem tem buscado explicações para questões como a origem da vida no espaço sideral. Neste mês, mais uma vez, a ciência humana alcançou outra proeza com o pouso no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
            
No entanto, o homem ainda não conseguiu solucionar questões como os evidentes contrastes que exprimem as desigualdades existentes na Terra. Por exemplo, enquanto legiões de trabalhadores se esquivam do trabalho, tanto na iniciativa privada como nas funções públicas, existem multidões de desempregados.
            
É admirável o número de pessoas que apontam tanta maldade, misérias e enfermidades na Terra, e daí concluem que a espécie humana é bem triste. Ocorre que esse juízo provém de um ponto de vista simplista e que oferece uma falsa ideia de conjunto.
            
E este é o ponto nevrálgico. O homem não se equivoca ao procurar as suas respostas no espaço sideral. No entanto, o homem busca apenas respostas prontas que são resultados de uma visão que relaciona um ponto de vista muito acanhado.
            
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, refere que “deve-se considerar que na Terra não está a Humanidade toda, mas apenas uma pequena fração da Humanidade. Com efeito, a espécie humana abrange todos os seres dotados de razão que povoam os inúmeros orbes do universo. Ora, que é a população da Terra, em face da população total desses mundos?”.
            
É importante, também, a mensagem do Cristo que oferece um sentido muito mais amplo. A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no Espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos Espíritos.
            
Para termos uma noção da incapacidade de julgamento que os homens tem atualmente, vale a reflexão kardequiana: “Faria dos habitantes de uma grande cidade falsíssima idéia quem os julgasse pela população dos seus quarteirões mais ínfimos e sórdidos. (...) Pois bem: figure-se a Terra como um subúrbio, um hospital, e ela é simultaneamente tudo isso, e compreender-se-á por que as aflições sobrelevam aos gozos, porquanto não se mandam para o hospital os que se acham com saúde. Ora, assim como, numa cidade, a população não se encontra todas nos hospitais, também na Terra não está a Humanidade inteira”.
            
Na Terra, todos temos direitos e deveres, mas nossas vontades são diversas e as experiências diferentes, obrigando-nos a méritos desiguais.
            
As misérias humanas fazem parte da destinação da Terra que nada mais é, ainda, que um hospital ou um bairro de uma cidade inteira, comparando-se ao Universo.
            
Cabe a nós apenas trabalhar diante do amor, da paz, da caridade, para que tenhamos o merecimento de elevarmos a condição da Terra e colocá-la entre os mundos mais ditosos, onde reinam a justiça e os contrastes são diminutos.
            
A vida humana constitui cópia imperfeita da vida espiritual; todavia, a perfeição das grandes almas desencarnadas da Terra foi adquirida no solo rude do planeta...” André Luiz. 

(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Capítulo 3. Item 6. Chico Xavier e Waldo Viera por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. p. 75-76)

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada no Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 22 e 23 de novembro de 2014 e também pode ser acompanhado pelo jornalminuano.com.br.