sexta-feira, 26 de junho de 2015

PELO LIVRE PENSAR



Allan Kardec

As ideias novas são acompanhadas pelo debate de quem se dá ao direito à dúvida e pela resistência, nem sempre leal, daqueles que não admitem o livre pensar. Mas, por que devemos nos submeter a um estado de coisas imutável?
             
Se admitíssemos viver num contexto onde o direito de pensar nos fosse tolhido jamais haveria a evolução e o progresso.
             
No entanto, estamos sob a égide da lei do progresso, segundo os Espíritos Superiores e, mesmo, contra a vontade daqueles que não tem interesse em que a sociedade avance, surge no horizonte uma aurora onde as relações humanas terão como base o amor e o afeto.
             
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, assim exprimiu-se: “De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que abrange a de consciência. Lançar alguém anátema sobre os que não pensam como ele é reclamar para si essa liberdade e negá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: a caridade e o amor ao próximo”, que pressupõe o respeito à liberdade de consciência.
            
Não se pode buscar constranger quem quer que seja a atos exteriores semelhantes aos nossos, porque isso é mostrar que se oferece mais valor à forma do que ao fundo, mais às aparências do que à convicção.
             

A verdade é senhora de si: convence e não persegue, porque não precisa perseguir, sustenta-se no argumento e nos fatos que a fundamentam.
             
Em outra oportunidade, nesse mesmo espaço, dissemos que ao Espiritismo não interessa fazer proselitismo. E hoje reafirmamos. Porém, como nas palavras do próprio Kardec, “o Espiritismo é uma opinião, uma crença; fosse até uma religião, por que se não teria liberdade de se dizer espírita, como se tem a de se dizer católico, protestante, ou judeu, adepto de tal ou qual doutrina filosófica, de tal ou qual sistema econômico?”
             
Todos, sem exceção, num estado democrático – e constitucional – de direito tem à liberdade de pensar, onde se abrange a consciência. Ainda assim, por muito tempo o Espiritismo foi perseguido mundo afora, inclusive no Brasil Imperial. E, assim como ele o foi, outros, em vertentes diversas do pensamento, ainda são , o que se poderia tratar, hoje, como inimaginável.
             
Foi, então, nessa linha que Allan Kardec referiu que “a perseguição é o batismo de toda ideia nova, grande e justa e cresce com a magnitude e a importância da ideia”. O furor e o desabrimento dos seus inimigos são proporcionais ao temor que ela lhes inspira. O Cristianismo foi perseguido, em outros tempos, pelos pagãos, e se tornou perseguidor quando se instituiu como religião oficial, o Espiritismo, por sua vez, chegou a ser perseguido por algumas correntes do Cristianismo, especialmente o clero o combateu, no passado, nada obstante, entre seus adeptos estivessem também clérigos dados ao direito de livre exame em matéria de fé, como registra Allan Kardec na Revista Espírita.
             
Pelo livre pensar, fiquemos com o exemplo de um grupo minoritário de cristãos do passado, os gnósticos, que adentravam a senda do conhecimento libertador e não temiam aqueles que só podiam macerar a carne, jamais se propondo a conversão violenta de terceiros, apenas ao convite do despertamento orientado nos sábios ensinos de Jesus. Aliás, em tempos de intolerância religiosa, o Mestre disse: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos fazem mal e orai pelos que vos perseguem”. Ser sábio, nesse contexto filosófico, é amar e deixar ser o outro como este se apresenta e comprometer-se com a autoiluminação.
 
(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 51. FEB Editora. p. 351-352).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

Vinícius Lima Lousada
Educador e pesquisador.
Residente em Bento Gonçalves/RS.