Allan Kardec |
As ideias novas são acompanhadas pelo
debate de quem se dá ao direito à dúvida e pela resistência, nem sempre leal,
daqueles que não admitem o livre pensar. Mas, por que devemos nos submeter a um
estado de coisas imutável?
Se admitíssemos viver num contexto
onde o direito de pensar nos fosse tolhido jamais haveria a evolução e o
progresso.
No entanto, estamos sob a égide da lei
do progresso, segundo os Espíritos Superiores e, mesmo, contra a vontade
daqueles que não tem interesse em que a sociedade avance, surge no horizonte
uma aurora onde as relações humanas terão como base o amor e o afeto.
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, assim exprimiu-se: “De todas as
liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que abrange a de consciência.
Lançar alguém anátema sobre os que não pensam como ele é reclamar para si essa
liberdade e negá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: a
caridade e o amor ao próximo”, que pressupõe o respeito à liberdade de
consciência.
Não se pode buscar constranger quem
quer que seja a atos exteriores semelhantes aos nossos, porque isso é mostrar
que se oferece mais valor à forma do que ao fundo, mais às aparências do que à
convicção.
A verdade é senhora de si: convence e
não persegue, porque não precisa perseguir, sustenta-se no argumento e nos
fatos que a fundamentam.
Em outra oportunidade, nesse mesmo
espaço, dissemos que ao Espiritismo não interessa fazer proselitismo. E hoje
reafirmamos. Porém, como nas palavras do próprio Kardec, “o Espiritismo é uma
opinião, uma crença; fosse até uma religião, por que se não teria liberdade de
se dizer espírita, como se tem a de se dizer católico, protestante, ou judeu,
adepto de tal ou qual doutrina filosófica, de tal ou qual sistema econômico?”
Todos, sem exceção, num estado
democrático – e constitucional – de direito tem à liberdade de pensar, onde se
abrange a consciência. Ainda assim, por muito tempo o Espiritismo foi
perseguido mundo afora, inclusive no Brasil Imperial. E, assim como ele o foi,
outros, em vertentes diversas do pensamento, ainda são , o que se poderia
tratar, hoje, como inimaginável.
Foi, então, nessa linha que Allan
Kardec referiu que “a perseguição é o batismo de toda ideia nova, grande e
justa e cresce com a magnitude e a importância da ideia”. O furor e o
desabrimento dos seus inimigos são proporcionais ao temor que ela lhes inspira.
O Cristianismo foi perseguido, em outros tempos, pelos pagãos, e se tornou
perseguidor quando se instituiu como religião oficial, o Espiritismo, por sua
vez, chegou a ser perseguido por algumas correntes do Cristianismo,
especialmente o clero o combateu, no passado, nada obstante, entre seus adeptos
estivessem também clérigos dados ao direito de livre exame em matéria de fé,
como registra Allan Kardec na Revista Espírita.
Pelo livre pensar, fiquemos com o exemplo
de um grupo minoritário de cristãos do passado, os gnósticos, que adentravam a
senda do conhecimento libertador e não temiam aqueles que só podiam macerar a
carne, jamais se propondo a conversão violenta de terceiros, apenas ao convite do
despertamento orientado nos sábios ensinos de Jesus. Aliás, em tempos de
intolerância religiosa, o Mestre disse: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos
que vos fazem mal e orai pelos que vos perseguem”. Ser sábio, nesse contexto
filosófico, é amar e deixar ser o outro como este se apresenta e comprometer-se
com a autoiluminação.
(Referências: Allan Kardec. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 51. FEB Editora. p. 351-352).
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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Vinícius Lima Lousada
Educador e pesquisador.
Editor do blog http://saberesdoespirito.blogspot.com.br/
Residente em Bento Gonçalves/RS.