segunda-feira, 22 de junho de 2015

QUANDO O ORGULHO ATORMENTA...*



O Evangelho Segundo o Espiritismo

O egoísmo, com certeza, é uma das chagas da humanidade em todos os tempos. No entanto, seu irmão não é menos problemático. Causador de diversos danos para nós mesmos e para aqueles que nos rodeiam, o orgulho nos afasta dos bons propósitos.
            
Allan Kardec trouxe na obra “O Céu e o Inferno” um diálogo obtido junto ao “Espírito Lisbeth”, em Bordeux, 13 de fevereiro de 1862, onde é descrito um quadro bastante peculiar do além-túmulo para os ditos orgulhosos: “Nasci numa condição elevada. Tinha tudo o que os homens consideram como a fonte da felicidade. Rica, fui egoísta; bela, fui coquete, indiferente e enganadora; nobre, fui ambiciosa. Esmaguei com o meu poder aqueles que não se prosternavam bastante diante de mim, e esmaguei ainda aqueles que se achavam sob os meus pés, sem pensar que a cólera do Senhor também esmaga, cedo ou tarde, as frontes mais elevadas”.
             
O “Espírito Lisbeth” prossegue: “(...) Tu não podes compreender a influência que ela exerce (matéria), apesar da separação do corpo e do Espírito. O orgulho, vê tu, vos enlaça em correntes de bronze cujos anéis se apertam mais e mais ao redor do miserável que lhe entrega o coração. O orgulho! Essa hidra de cem cabeças sempre renascentes, que sabe modular seus assobios envenenados de tal sorte que são tomados por música celeste. O orgulho! Esse demônio múltiplo que se curva a todas as aberrações do vosso Espírito, que se esconde nas pragas do vosso coração, penetra em vossas veias, vos envolve, vos absorve e vos arrasta atrás dele nas trevas da Geena eterna! Sim, eterna!”
             
O quadro é descrito com características de crueldade pelo nosso irmão espiritual denominado Lisbeth. E não poderia ser diferente, visto que todas as agruras que suporta no além-túmulo são conseqüências lógicas de seus próprios atos. A lei de causa e efeito é natural, não existindo saída que não seja a quebra do círculo vicioso através do reconhecimento dos próprios erros e do verdadeiro arrependimento, os quais levarão, obrigatoriamente, à práticas altruístas ligadas à abnegação e ao devotamento.          
             
Devotamento, segundo o dicionário online de português, significa “ação ou efeito de devotar ou de devotar-se; dedicação, grande empenho”. E abnegação, segundo o mesmo dicionário, significa “renúncia, sacrifício. Desprendimento do interesse próprio. Desinteresse”.
            
O “Espírito de Verdade”, em comunicação obtida em Havre, no ano de 1863, transcrita na obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo” de autoria de Allan Kardec, referiu: “A abnegação e o devotamento são uma prece contínua e encerram um ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras. Possam todos os Espíritos sofredores compreender essa verdade, em vez de clamarem contra suas dores, contra os sofrimentos morais que neste mundo vos cabem em partilha. Tomais, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõem”.
            
“Seja qual for a dificuldade, recorda o Todo-Misericordioso que não nos esquece. E, abraçando o próprio dever como sendo a expressão de sua divina vontade para os teus passos de cada dia, encontrarás na oração a força verdadeira de tua fé, a erguer-te das obscuridades e problemas da Terra para a rota de luz que te aponta as sendas do Céu”. Emmanuel. (Referências: Allan Kardec. O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo. IDE Editora. Capítulo 4. Itens 3 e 5. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Capítulo 6. Item 8. Chico Xavier e Waldo Viera por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. p. 74.)

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada no Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 15 e 16 de novembro de 2014 e que também pode ser acompanhado pelo jornalminuano.com.br.