O Evangelho Segundo o Espiritismo |
O
egoísmo, com certeza, é uma das chagas da humanidade em todos os tempos. No
entanto, seu irmão não é menos problemático. Causador de diversos danos para
nós mesmos e para aqueles que nos rodeiam, o orgulho nos afasta dos bons
propósitos.
Allan
Kardec trouxe na obra “O Céu e o Inferno” um diálogo obtido junto ao “Espírito
Lisbeth”, em Bordeux, 13 de fevereiro de 1862, onde é descrito um quadro
bastante peculiar do além-túmulo para os ditos orgulhosos: “Nasci numa condição
elevada. Tinha tudo o que os homens consideram como a fonte da felicidade.
Rica, fui egoísta; bela, fui coquete, indiferente e enganadora; nobre, fui
ambiciosa. Esmaguei com o meu poder aqueles que não se prosternavam bastante
diante de mim, e esmaguei ainda aqueles que se achavam sob os meus pés, sem
pensar que a cólera do Senhor também esmaga, cedo ou tarde, as frontes mais
elevadas”.
O
“Espírito Lisbeth” prossegue: “(...) Tu não podes compreender a influência que
ela exerce (matéria), apesar da separação do corpo e do Espírito. O orgulho, vê
tu, vos enlaça em correntes de bronze cujos anéis se apertam mais e mais ao
redor do miserável que lhe entrega o coração. O orgulho! Essa hidra de cem
cabeças sempre renascentes, que sabe modular seus assobios envenenados de tal
sorte que são tomados por música celeste. O orgulho! Esse demônio múltiplo que
se curva a todas as aberrações do vosso Espírito, que se esconde nas pragas do
vosso coração, penetra em vossas veias, vos envolve, vos absorve e vos arrasta
atrás dele nas trevas da Geena eterna! Sim, eterna!”
O
quadro é descrito com características de crueldade pelo nosso irmão espiritual
denominado Lisbeth. E não poderia ser diferente, visto que todas as agruras que
suporta no além-túmulo são conseqüências lógicas de seus próprios atos. A lei
de causa e efeito é natural, não existindo saída que não seja a quebra do
círculo vicioso através do reconhecimento dos próprios erros e do verdadeiro
arrependimento, os quais levarão, obrigatoriamente, à práticas altruístas
ligadas à abnegação e ao devotamento.
Devotamento,
segundo o dicionário online de português, significa “ação ou efeito de devotar
ou de devotar-se; dedicação, grande empenho”. E abnegação, segundo o mesmo
dicionário, significa “renúncia, sacrifício. Desprendimento do interesse
próprio. Desinteresse”.
O
“Espírito de Verdade”, em comunicação obtida em Havre, no ano de 1863,
transcrita na obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo” de autoria de Allan
Kardec, referiu: “A abnegação e o devotamento são uma prece contínua e encerram
um ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras. Possam
todos os Espíritos sofredores compreender essa verdade, em vez de clamarem
contra suas dores, contra os sofrimentos morais que neste mundo vos cabem em
partilha. Tomais, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento e
abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade
e a humildade vos impõem”.
“Seja
qual for a dificuldade, recorda o Todo-Misericordioso que não nos esquece. E,
abraçando o próprio dever como sendo a expressão de sua divina vontade para os
teus passos de cada dia, encontrarás na oração a força verdadeira de tua fé, a
erguer-te das obscuridades e problemas da Terra para a rota de luz que te
aponta as sendas do Céu”. Emmanuel. (Referências:
Allan Kardec. O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo. IDE
Editora. Capítulo 4. Itens 3 e 5. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. FEB Editora. Capítulo 6. Item 8. Chico Xavier e Waldo Viera por Espíritos diversos. O
Espírito da Verdade. FEB Editora. p. 74.)
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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josearturmaruri@hotmail.com
*Coluna publicada no Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 15 e 16 de novembro de 2014 e que também pode ser acompanhado pelo jornalminuano.com.br.