O Caminho da Luz, em Bagé-RS, realiza louvável trabalho junto às pessoas com deficiência e conta com parcos recursos para manter suas atividades. Visite e conheça a sua realidade! |
Numa
época onde afloram as lutas por uma sociedade mais justa e igualitária, uma
parcela da população continua a ser discriminada diariamente. E o que é pior,
são discriminadas desde o nascimento e, muitas vezes, pelos próprios pais.
Falamos
das crianças que nascem com alguma deficiência moderada ou profunda. Desde o
último ano o Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF vem apelando para
o fim das discriminações contra crianças deficientes.
Segundo
dados da própria UNICEF, cerca de 93 milhões de crianças, ou seja, uma em cada
vinte crianças de 0 a 14 anos, vive com deficiência moderada ou profunda. No
entanto, o que mais agrava essa situação é a falta de dados sobre essas
crianças, visto que muitas crianças deficientes vivem na invisibilidade porque
seus pais deixam de proceder ao registro quando do nascimento, o que lhes
impede o acesso aos serviços sociais e proteções legais que são cruciais para
sua sobrevivência e panorama.
Há
países que creem que ter uma criança deficiente é considerado como “má sorte”,
não apenas para a criança, mas para toda família.
Por
outro lado, Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, refere que “Jesus
toma a infância como emblema de pureza e simplicidade”, independentemente da
criança ser deficiente ou não. Tal comparação é correta, segundo Kardec, se
levarmos em conta apenas a vida presente, visto que o Espírito da criança pode
ser muito antigo e ter trazido para a vida corporal as imperfeições de que se
não tenha despojado em suas precedentes existências, justamente como as
crianças que apresentam algum tipo de deficiência.
Apenas
o Espiritismo, calcado no princípio da pluralidade das existências oferece
explicação plausível para que não discriminemos uma criança que nasce com algum
tipo de deficiência.
Na
obra “O Que é o Espiritismo”, Allan Kardec indaga da plêiade de Espíritos
Superiores o seguinte: “- Por que há pessoas que nascem cegas, surdas, mudas ou
afetadas por doenças incuráveis, enquanto outras têm todas as vantagens
físicas? É o efeito do acaso ou da Providência?” – obtendo a seguinte resposta:
“- Se é o efeito do acaso, não há Providência; se é o efeito da Providência,
pergunta-se, onde está sua bondade e sua justiça? Ora, é por não entender a
causa desses males que muitas pessoas são levadas a acusar Deus. (...)
Admitindo-se a justiça de Deus, deve-se admitir que este efeito tem uma causa;
se essa causa não pertence à vida presente, deve ser de antes dessa vida, visto
que em todas as coisas a causa deve preceder o efeito; para isso faz-se, pois,
necessário que a alma haja vivido e merecido uma expiação”.
O
importante, no entanto, é o acolhimento deste Espírito que retorna ao mundo
material com um invólucro carnal deficiente. Ele necessita de reconforto, porque
são nossos outros filhos do coração, que volvem das existências passadas,
mendigando entendimento e carinho, a fim de que se desfaçam dos débitos
contraídos consigo mesmos. Para muitos deles, o dia claro ainda vem muito
longe, ainda assim, é nosso dever estender os braços através do trabalho, antes
explorando suas capacidades do que suas incapacidades.
Nesse
sentido, é compromisso dos governos, segundo a UNICEF, apoiar as famílias face
aos altos custos com os cuidados das crianças com deficiência e programar
medidas de luta contra a discriminação de deficientes.
“Enternece-te
e auxilia-os, quanto possas! E, cada vez que lhes ofertes a hora de assistência
ou a migalha de serviço, o leito agasalhante ou a lata de leite, a peça de
roupa ou a carícia do talco, perceberás que o júbilo do Bem Eterno te envolve a
alma no perfume da gratidão e na melodia da bênção”. Meimei.
(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
FEB Editora. Capítulo 8. Item 3. Allan Kardec. O Que é o Espiritismo. LD
Editora. Cap. 3. Item 134. Chico
Xavier e Waldo Viera por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB
Editora. p. 67-68. http://www.voaportugues.com/content/unicef-relatorio-mundial-criancas/1671572.html.)
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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josearturmaruri@hotmail.com
*Coluna publica pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 01 e 02 de novembro de 2014 e que também pode ser acompanhada pelo jornalminuano.com.br.