sexta-feira, 15 de maio de 2015

A EDUCAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS*





“Bem-aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus. (Mateus, 5:8)”.
            
 A pureza do coração caminha lado a lado com a idéia de simplicidade e de humildade, por isso Jesus toma a infância como emblema dessa pureza.
             
Por outro lado, o Espiritismo tem como um de seus princípios básicos a pluralidade das existências. Então como conciliar o ensinamento do mestre ao princípio espírita?
             
A criança já viveu diversas existências antes de reencarnar, porém, faz parte integrante na obra de Deus a criança não se mostrar desde o nascimento. Ainda assim, nos dias de hoje, logo nos primeiros anos de vida já se pode observar ações por parte da criança que não derivam de reações, ou seja, surgem de forma espontânea e já passam a definir o caráter daquele Espírito, temporariamente, encarcerado num pequenino corpo, oferecendo provas visíveis do princípio imutável trazido à tona pelos Espíritos.
             
Allan Kardec refere que “a criança necessita de cuidados especiais, que somente a ternura materna lhe pode dispensar, ternura que se acresce da fraqueza e da ingenuidade da criança. (...) Ela não houvera podido ter-lhe o mesmo devotamento, se, em vez da graça ingênua, deparasse nele, sob os traços infantis, um caráter viril e as ideias de um adulto, e ainda menos, se lhe viesse a conhecer o passado”.
             
Por outro lado, a educação dos pequeninos deve partir de uma cooperação mútua entre o professor e o aluno. E quando dizemos professor, estamos nos referindo, também, aos pais. A base do ensino deve partir do amor. Já dizia o “Espírito André Luiz”: “O auto-aprimoramento será sempre espontâneo. Disciplina excessiva, caminho de violência”.
             
Por isso, a importância de um movimento declarado em São Paulo, intitulado “SlowKids”, iniciado na Europa e nos Estados Unidos, que prega a desaceleração da rotina das crianças, com atividades voltadas para oficinas de jardinagem, brincadeiras antigas e piqueniques (vide Jornal Folha de São Paulo de 24 de outubro, link abaixo).
            
Para Kardec, “é necessário que a atividade do princípio inteligente seja proporcionada à fraqueza do corpo, que não poderia resistir a uma atividade muito grande do Espírito”.
             
Os primeiros anos do indivíduo, podemos dizer, são os mais importantes. Isso porque, no início da vida os instintos conservam-se sonolentos, tornando o pequenino mais maleável, mais acessível às impressões capazes de lhe modificarem a natureza e de fazê-lo progredir, tornando mais fácil a tarefa que incumbe aos pais e professores.
             
O “Espírito André Luiz” ressalta a importância, nessa fase, do culto do Evangelho em casa, para que ele una-se à matéria lecionada em classe, “na iluminação da mente em trânsito para as esferas superiores”.
             
Enfim, mais uma vez, razão assiste a Jesus quando, sem embargo da anterioridade da alma, quando toma a criança por símbolo da pureza e da simplicidade.
             
“A educação real não recompensa nem castiga. A lição inicial do instrutor envolve em si mesma a responsabilidade pessoal do aprendiz. Os desvios da infância e da juventude refletem os desvios da madureza. Aproveitamento do estudante, eficiência do mestre”. André Luiz. 

(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Capítulo 8. Item 4. Chico Xavier e Waldo Viera por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. p. 63-65. http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/11/1370057-movimento-prega-a-desaceleracao-da-rotina-das-criancas.shtml.)

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé, que circulou entre os dias 26 e 27 de outubro de 2014 e que também pode ser acompanhado no portal jornalminuano.com.br.