“Bem-aventurados
os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus. (Mateus, 5:8)”.
A
pureza do coração caminha lado a lado com a idéia de simplicidade e de
humildade, por isso Jesus toma a infância como emblema dessa pureza.
Por
outro lado, o Espiritismo tem como um de seus princípios básicos a pluralidade
das existências. Então como conciliar o ensinamento do mestre ao princípio
espírita?
A
criança já viveu diversas existências antes de reencarnar, porém, faz parte integrante
na obra de Deus a criança não se mostrar desde o nascimento. Ainda assim, nos
dias de hoje, logo nos primeiros anos de vida já se pode observar ações por
parte da criança que não derivam de reações, ou seja, surgem de forma
espontânea e já passam a definir o caráter daquele Espírito, temporariamente,
encarcerado num pequenino corpo, oferecendo provas visíveis do princípio
imutável trazido à tona pelos Espíritos.
Allan
Kardec refere que “a criança necessita de cuidados especiais, que somente a ternura
materna lhe pode dispensar, ternura que se acresce da fraqueza e da ingenuidade
da criança. (...) Ela não houvera podido ter-lhe o mesmo devotamento, se, em
vez da graça ingênua, deparasse nele, sob os traços infantis, um caráter viril
e as ideias de um adulto, e ainda menos, se lhe viesse a conhecer o passado”.
Por
outro lado, a educação dos pequeninos deve partir de uma cooperação mútua entre
o professor e o aluno. E quando dizemos professor, estamos nos referindo,
também, aos pais. A base do ensino deve partir do amor. Já dizia o “Espírito
André Luiz”: “O auto-aprimoramento será sempre espontâneo. Disciplina
excessiva, caminho de violência”.
Por
isso, a importância de um movimento declarado em São Paulo, intitulado
“SlowKids”, iniciado na Europa e nos Estados Unidos, que prega a desaceleração
da rotina das crianças, com atividades voltadas para oficinas de jardinagem,
brincadeiras antigas e piqueniques (vide Jornal Folha de São Paulo de 24 de
outubro, link abaixo).
Para
Kardec, “é necessário que a atividade do princípio inteligente seja
proporcionada à fraqueza do corpo, que não poderia resistir a uma atividade
muito grande do Espírito”.
Os
primeiros anos do indivíduo, podemos dizer, são os mais importantes. Isso
porque, no início da vida os instintos conservam-se sonolentos, tornando o
pequenino mais maleável, mais acessível às impressões capazes de lhe
modificarem a natureza e de fazê-lo progredir, tornando mais fácil a tarefa que
incumbe aos pais e professores.
O
“Espírito André Luiz” ressalta a importância, nessa fase, do culto do Evangelho
em casa, para que ele una-se à matéria lecionada em classe, “na iluminação da
mente em trânsito para as esferas superiores”.
Enfim,
mais uma vez, razão assiste a Jesus quando, sem embargo da anterioridade da
alma, quando toma a criança por símbolo da pureza e da simplicidade.
“A
educação real não recompensa nem castiga. A lição inicial do instrutor envolve
em si mesma a responsabilidade pessoal do aprendiz. Os desvios da infância e da
juventude refletem os desvios da madureza. Aproveitamento do estudante,
eficiência do mestre”. André Luiz.
(Referências:
Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Capítulo 8. Item 4.
Chico Xavier e Waldo
Viera por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. p. 63-65. http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/11/1370057-movimento-prega-a-desaceleracao-da-rotina-das-criancas.shtml.)
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
Comente:
josearturmaruri@hotmail.com
*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé, que circulou entre os dias 26 e 27 de outubro de 2014 e que também pode ser acompanhado no portal jornalminuano.com.br.