quinta-feira, 13 de novembro de 2014

VIDAS VAZIAS DE AMOR*



Atualmente, tem estado em destaque nas bibliotecas mundiais as bibliografias chamadas de autoajuda. É um tanto quanto lógico associar tal destaque à busca desenfreada da população em consumir algo que justifique os projetos de felicidade, muitas vezes, frustrados ao longo da existência.
            
As conquistas e os projetos de felicidade têm início no campo mental, o que, segundo o Espírito Joanna de Ângelis, “é a razão por que a mente desempenha papel de alta relevância na construção dos valores humanos e do significado existencial”.
            
A conquista da felicidade, segundo ela, depende de como se espera ser feliz, de quais os fatores que a proporcionam, da mais eficiente maneira de alcançá-la.
             
São nestes pontos fulcrais que a literatura chamada de auto-ajuda foca. E tem obtido, obviamente, bastante sucesso. Isso porque, o ser humano ao aspirar ao que é efêmero perde o sentido existencial no exato momento que o seu objetivo se transforma.
             
Joanna de Ângelis diagnostica que a sociedade atual está experimentando uma “pandemia psicopatológica das vidas vazias”.
            
Isso se dá porque normalmente se acredita que a felicidade impõe como condição primordial o poder que facilita a aquisição de poder e de compra, bem como de todas as coisas que a complementam. Nada obstante, o número de vidas perdidas no vazio existencial, porque assinaladas pelo tédio, pelo desinteresse, é mais expressivo entre os poderosos que buscam realização através de fugas psicológicas lamentáveis.
            
Em razão de lhes conseguir tudo quanto lhes apraz, a pouco e pouco descobrem a perda do sentido existencial, porque o fixaram como sendo efeito da posse.
             
Mais uma vez o Espírito de escol, através da mediunidade de Divaldo Pereira Franco, coloca “a fuga psicológica como resultado do temor do autoenfrentamento, transforma-se em transtornos de conduta como irritabilidade, insatisfação, melancolia, solidão, por supor que todos quantos se lhes acercam estão mais interessados naquilo que têm do que lhes mesmos, nos seus problemas, preocupações e afetividade, o que, de certo modo, infelizmente é quase sempre real”.
             
A proposta do Espiritismo, neste contexto, é bastante clara. É imprescindível uma introspecção, uma análise íntima de como se encontra o indivíduo, procurando descobrir a maneira pela qual possa fruir de realização e de paz, tendo a coragem de realizar uma revisão de conceitos e entregar-se à nova busca.
             
O Espiritismo adveio, anunciado por Jesus, com permissão e auxílio do Espírito da Verdade, para abalar estruturas edificadas sobre terreno arenoso. Ele adveio para edificarmos, hoje, sobre um terreno rochoso, firme e, com isso, urge nossa reforma íntima.
             
Já está passado da hora de edificarmos as nossas vidas sobre o amor, no sentido mais expressivo da palavra. No dizer de Joanna, “na entrega afetiva em todas as maneiras de manifestar-se, facultando o preenchimento interior de alegrias e de esperanças, de belezas, e realizações relevantes, de emoções plenificadoras”.
             
A gratidão é fundamental no comportamento do amor dirigido a Deus, à natureza e a todas as suas criaturas, animadas e inanimadas, sem e com a bênção do pensamento.
            
necessário sonhar, a fim de que as inspirações defluentes do amor possam transformar-se em realidade, enriquecendo a vida de atos dignificantes e saudáveis”. 

(Referência: Divaldo Franco – Espírito Joanna de Ângelis. Psicologia da Gratidão. Editora Leal. Salvador, 2011. p. 156-157)  

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 31 de maio e 01 de junho de 2014 e que também pode ser acompanhada pelo www.jornalminuano.com.br.