terça-feira, 21 de outubro de 2014

A PÁSCOA DA GRATIDÃO*


Em momentos de celebração como a páscoa, é importante rememorarmos suas origens para entendermos o verdadeiro significado.
            
Em outra oportunidade, aqui mesmo neste espaço, colocamos que a bíblia judaica instituiu a celebração do “Pessach” em Êxodo (cap. 12, v. 14), onde a celebração tornou-se uma instituição perpétua. (acesse http://bagespirita.blogspot.com para buscar o texto na íntegra).
            
O cristianismo, por sua vez, associou a data de sua celebração, após a chamada quarentena, à “Paixão de Cristo”, rememorando ano a ano todo o suplício do Mestre Nazareno até sua morte e posterior ressurreição.
            
No entanto, o apelo comercial vige em períodos como este e os próprios sedizentes cristãos deixam de lado a mensagem de renovação das atitudes que vem atrelada à ressurreição e entregam-se aos ovos deixados pelos coelhinhos da páscoa.
            
Não que não se deva partilhar dos costumes que fazem parte das celebrações, mas é imperativo que rememoremos também, neste período genuíno, as mensagens de Jesus, visto que elas transcendem até mesmo as orientações filosóficas e religiosas.
            
Entre as muitas mensagens de Jesus, uma é fundamental e tem aplicabilidade em qualquer época porque passe nossa humanidade e foi dita no “Sermão da Montanha”, após o canto sublime das bem-aventuranças:
            
“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque Ele faz nascer o Seu Sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos”. (Mt 5:44-45)
            
A recomendação é surpreendente porque o tradicional ensina o revide ao mal com equivalente mal. Uma conduta enferma que permanece em muitas legislações ensandecidas, impondo punições assinaladas pela crueldade em relação àqueles que são surpreendidos em erro, distando da justiça e da reeducação do criminoso, o que são fundamentais.
            
Esta enfermidade vige, inclusive, nos relacionamentos familiares e sociais, profissionais e artísticos, a conduta retributiva é firmada na injusta conduta ancestral permanecendo no inconsciente coletivo e individual.
            
Segundo o Espírito Joanna de Ângelis, na obra psicografada pelo médium Divaldo Franco intitulada Psicologia da Gratidão, ela afirma que “a proposta de Jesus, no que concerne ao amor em retribuição ao mal, é também a maneira psicológica saudável da gratidão, pelo ensejar a vivência da abnegação e da caridade. Não implica silenciar o deslize que praticado, porém reconhecer que este proporciona o surgir e expandir-se os sentimentos superiores da compaixão e da misericórdia que devem viger nos indivíduos e nos grupos sociais”.
            
Segundo ela, ainda, “a gratidão é a mais sutil psicoterapia para os males que se instalam na sociedade constituída em grande parte por Espíritos enfermos”.  
            
Enfim, a proposta é que permaneçamos com as mensagens messiânicas de Jesus, como esta, onde ele indica, como um psicólogo incomparável, que amemos os nossos inimigos e, dessa forma, sejamos gratos a eles por nos permitirem vivência da caridade.

 José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 19 e 20 de abril de 2014 e que também pode ser acompanhada em seu site www.jornalminuano.com.br.