A Revista Espírita, periódico mensal
editado por Allan Kardec, trouxe em sua edição de fevereiro de 1860 um fato
relatado pelo Sr. de la Roche, membro titular da Sociedade Espírita de Paris,
de que uma casa perto de Castelnaudary ocorriam barulhos estranhos e
manifestações diversas que levavam a considerá-la como assombrada por algum mau
gênio.
Em função disso, em 1848, segundo
ele, a residência foi “exorcizada” e colocaram grande número de imagens de
santos. Mais tarde, o Sr. D., foi habitá-la e mandou fazer alguns reparos e
retirar as gravuras, vindo a morrer subitamente. Seu filho que a habitava na
época relatou ter recebido forte bofetada de mão invisível e como estava
completamente sozinho, não duvidou que ela proviesse de uma fonte oculta.
Na região, acreditava-se que ela
seria “assombrada” porque grande crime teria sido cometido naquela casa.
Em “O Livro dos Médiuns”, Allan
Kardec reservou um capítulo a parte para tratar dos lugares ditos assombrados.
É bastante claro, se o fenômeno for estudado com seriedade, que as assombrações
não são nada mais que manifestações espontâneas que se produziram em todos os
tempos, e a persistência de alguns Espíritos em darem sinais ostensivos de sua
presença em determinadas localidades, são, por assim dizer, a origem da crença
em lugares assombrados.
É importante salientar que da
observação dos fenômenos através dos tempos foi possível que Allan Kardec
concluísse que os Espíritos podem se apegar tanto às coisas como às pessoas,
dependendo de sua elevação. Certos Espíritos podem se apegar aos objetos
terrestres; os avaros, por exemplo, que esconderam seus tesouros e que não
estão bastante desmaterializados, podem ainda vigiá-los e guardá-los.
Os Espíritos que não se prendem mais a
Terra acabam por ir aonde encontram a quem amar; são atraídos mais pelas
pessoas do que pelos objetos materiais, entretanto, há os que podem ter uma
preferência momentânea por certos lugares, mas são sempre Espíritos inferiores.
Daí a crença popular de que alguns lugares são mal assombrados.
Vale ressaltar que a crença de que os
Espíritos frequentam, preferencialmente, locais em ruínas não tem qualquer
fundamento, porque os Espíritos vão para esses lugares como vão para todos os
outros, ocorre que a imaginação, em geral, é tocada pelo aspecto lúgubre de
certos lugares e atribui à sua presença o que não é, o mais frequentemente,
senão um efeito muito natural.
Por outro lado, ainda que não pareça,
os Espíritos gostam da presença dos homens; é por isso que eles procuram antes
os lugares habitados que os lugares isolados.
Em suma, Allan Kardec explica que “há
Espíritos que se apegam a certas localidades e aí permanecem de preferência,
mas que não tem, para isso, necessidade de manifestar a sua presença por efeitos
sensíveis. Um lugar qualquer pode ser a morada forçada ou de predileção de um
Espírito, mesmo mau, sem que seja aí jamais produzida qualquer manifestação”.
Nesse sentido, o codificador lionês
conclui que “os Espíritos que se apegam às localidades ou às coisas materiais,
jamais são Espíritos superiores, mas sem serem superiores podem não ser maus
nem terem nenhuma intenção má; algumas vezes, são mesmo, comensais mais úteis
do que nocivos, porque, se se interessam pelas pessoas, podem protegê-las”.
(Referências: Allan Kardec; Revista
Espírita; Fevereiro de 1860; História de um danado. Allan Kardec; O Livro dos
Médiuns; Capítulo IX; Dos lugares assombrados; item 132)
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada no Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 26 e 27 de abril de 2014 e que também pode ser acompanhado jornalminuano.com.br.