“Quando orardes, não vos assemelheis aos
hipócritas, que se comprazem em orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das
ruas para serem vistos pelos homens. Em verdade, vos digo, eles receberam sua
recompensa” (São Mateus, cap. VI, v. 5 a 8).
A prece nada mais é que uma
invocação. Por ela colocamo-nos em comunicação mental com outro ser ao qual se
dirige. Normalmente tem por objeto um pedido, um agradecimento ou uma
glorificação. Oramos por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos,
quer dizer, os mortos pela carne.
Sabe-se através das experiências
relatadas pelos Espíritos e catalogadas por Allan Kardec que, normalmente, as
preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução
das suas vontades; aquelas que são dirigidas aos bons Espíritos são levadas a
Deus. E quando se ora a outros seres, senão a Deus, é apenas na qualidade de
intermediários, intercessores, porque nada se pode sem a vontade de Deus.
O Espiritismo faz compreender a ação
da prece explicando o modo de transmissão do pensamento. Allan Kardec relata
que “para se inteirar do que se passa nessa circunstância, é preciso mentalizar
todos os seres encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que
ocupa o espaço, como o somos, neste mundo, na atmosfera. Esse fluido recebe um
impulso da vontade; é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som,
com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto que as do
fluido universal se estendem ao infinito”.
Pela prece, o homem clama pelo
auxílio dos bons Espíritos, que vêm sustentá-lo nas suas boas resoluções, e
inspirar-lhe bons pensamentos; adquire, assim, a força moral necessária para
vencer as dificuldades e reentrar no caminho reto se dele se afastou, assim
como afastar de si os males que atrai por sua própria falta.
Por isso, pouco importa a Deus as
frases que ligamos maquinalmente umas às outras pelo hábito. Se não elevarmos a
prece com humildade, com profundidade, num arrebatamento de gratidão por todos
os benefícios concedidos até esse dia, estaremos comportando-nos tal e qual aos
“hipócritas das sinagogas”.
É muito importante, também,
atentarmo-nos a como pedimos. Não prometeu Jesus a resposta do Céu aos que
pedissem em seu nome? No entanto, estaremos suplicando em nome do Cristo ou das
vaidades do mundo? O Espírito Emmanuel refere que “reclamar, em virtude dos
caprichos que obscurecem os caminhos do coração, é atirar ao Divino Sol a
poeira das inquietações terrestres; mas pedir, em nome de Jesus, é aceitar-lhe a
vontade sábia e amorosa, é entregar-se-lhe de coração para que nos seja
concedido o necessário”.
É importante observarmos a substância
de nossas preces. Se são em nome do mundo ou nome do Cristo. Como dizia
Emmanuel “os que se revelam desanimados com a oração confessam a infantilidade
de suas rogativas”.
(Referências: Allan Kardec em O Evangelho
Segundo o Espiritismo; cap. 27; Pedi e Obtereis. Francisco Cândido Xavier pelo
Espírito Emmanuel; Caminho, Verdade e Vida; cap. 66.)
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
josearturmaruri@hotmail.com
*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 12 e 13 de abril de 2013 e que, também, pode ser acompanhada AQUI.