“7º O Espírito
sofre pelo próprio mal que ele fez, de maneira que, estando a sua atenção
incessantemente centrada sobre as consequências desse mal, compreende melhor os
seus inconvenientes e está estimulado a dele se corrigir. (O Céu e o Inferno.
Allan Kardec. Cap. 07)”.
A nossa última coluna trouxe à tona
temas como suicídio e obsessão. A imortalidade da alma também não foi deixada
de lado à medida que os personagens centrais, objetivando estancar as suas
vidas e buscando a solução no suicídio, se depararam com o além-túmulo e todas
as responsabilidades advindas de seus malfadados atos.
A obra Memórias de Um Suicida, de
autoria do Espírito Camilo Cândido Botelho e psicografada por Yvonne A.
Pereira, sob a coordenação do também Espírito Bezerra de Menezes, exemplifica
de maneira singular as consequências funestas e a ineficácia do ato atentatório
contra o próprio corpo físico.
O Espírito Camilo relata, através da
médium supracitada, que após os longos e intermináveis sofrimentos das horas
iniciais após o cometimento do ato cruel, acabou sendo recolhido, oportunidade
em que se viu verdadeiramente arrependido de sua obra. A crueldade de seu
sofrimento estava em razão direta com o ato que havia praticado e, igualmente,
a crença de que para sempre sofreria, era respaldada pela sua condição de
inferioridade naquele momento (vide itens 14º e 15º do cap. 07 de O Céu e o
Inferno, Allan Kardec).
Observemos como o próprio Espírito
narra o momento em que despertou no Hospital Maria de Nazaré, no mundo
espiritual: “Ao despertar, depois de sono profundo e reparador, afigurou-se-me
ter dormido longas horas, e de algum modo senti que o raciocínio se me
aclarava, oferecendo maior possibilidade de entendimento e compreensão das
circunstâncias. Reconhecia-me de posse de mim mesmo, como desoprimido daquele
estado mórbido de pesadelo, que tantas exasperações acarretava. Mas, ai de mim!
Semelhante reconforto mental antes aprofundava do que balsamizava angústias,
pois me compelia a examinar com maior dose de senso e serenidade a profundeza
da falta que contra mim mesmo cometera! Ardente sentimento de desgosto,
remorso, temor, desapontamento, coibia-me apreciar devidamente a melhoria da
situação. (...)”.
Como se vê, com o tempo, impelido
também por esses sentimentos negativos, oriundos da própria consciência, o
Espírito Camilo conseguirá compreender melhor o inconveniência do ato praticado
e buscará a sua correção, sempre com o auxílio solícito de irmãos abnegados,
mensageiros de Deus, seus estudos e as vivências que se seguirão.
Enfim, tanto a experiência descrita
na coluna do último final de semana como a situação do Espírito Camilo
corroboram a conclusão de Allan Kardec em O Céu e o Inferno, Código Penal da
Vida Futura, quando menciona que “o Espírito sofre a pena das suas
imperfeições, seja no mundo espiritual, seja no mundo corporal”, no entanto, a
duração do castigo está subordinada à melhoria do Espírito culpado.
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Artigo publicado pelo Jornal Minuano, Bagé/RS, na edição do final de semana, dias 09 e 10 de março de 2013. Pode ser lido também pelo link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=85284&busca=1&palavra=.