quarta-feira, 13 de março de 2013

O DESPERTAR PARA UM RECOMEÇO*



7º O Espírito sofre pelo próprio mal que ele fez, de maneira que, estando a sua atenção incessantemente centrada sobre as consequências desse mal, compreende melhor os seus inconvenientes e está estimulado a dele se corrigir. (O Céu e o Inferno. Allan Kardec. Cap. 07)”.
      
A nossa última coluna trouxe à tona temas como suicídio e obsessão. A imortalidade da alma também não foi deixada de lado à medida que os personagens centrais, objetivando estancar as suas vidas e buscando a solução no suicídio, se depararam com o além-túmulo e todas as responsabilidades advindas de seus malfadados atos.
            
A obra Memórias de Um Suicida, de autoria do Espírito Camilo Cândido Botelho e psicografada por Yvonne A. Pereira, sob a coordenação do também Espírito Bezerra de Menezes, exemplifica de maneira singular as consequências funestas e a ineficácia do ato atentatório contra o próprio corpo físico.
            
O Espírito Camilo relata, através da médium supracitada, que após os longos e intermináveis sofrimentos das horas iniciais após o cometimento do ato cruel, acabou sendo recolhido, oportunidade em que se viu verdadeiramente arrependido de sua obra. A crueldade de seu sofrimento estava em razão direta com o ato que havia praticado e, igualmente, a crença de que para sempre sofreria, era respaldada pela sua condição de inferioridade naquele momento (vide itens 14º e 15º do cap. 07 de O Céu e o Inferno, Allan Kardec).
            
Observemos como o próprio Espírito narra o momento em que despertou no Hospital Maria de Nazaré, no mundo espiritual: “Ao despertar, depois de sono profundo e reparador, afigurou-se-me ter dormido longas horas, e de algum modo senti que o raciocínio se me aclarava, oferecendo maior possibilidade de entendimento e compreensão das circunstâncias. Reconhecia-me de posse de mim mesmo, como desoprimido daquele estado mórbido de pesadelo, que tantas exasperações acarretava. Mas, ai de mim! Semelhante reconforto mental antes aprofundava do que balsamizava angústias, pois me compelia a examinar com maior dose de senso e serenidade a profundeza da falta que contra mim mesmo cometera! Ardente sentimento de desgosto, remorso, temor, desapontamento, coibia-me apreciar devidamente a melhoria da situação. (...)”.
            
Como se vê, com o tempo, impelido também por esses sentimentos negativos, oriundos da própria consciência, o Espírito Camilo conseguirá compreender melhor o inconveniência do ato praticado e buscará a sua correção, sempre com o auxílio solícito de irmãos abnegados, mensageiros de Deus, seus estudos e as vivências que se seguirão.
            
Enfim, tanto a experiência descrita na coluna do último final de semana como a situação do Espírito Camilo corroboram a conclusão de Allan Kardec em O Céu e o Inferno, Código Penal da Vida Futura, quando menciona que “o Espírito sofre a pena das suas imperfeições, seja no mundo espiritual, seja no mundo corporal”, no entanto, a duração do castigo está subordinada à melhoria do Espírito culpado.
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Acesse: facebook.com/bagespirita
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Artigo publicado pelo Jornal Minuano, Bagé/RS, na edição do final de semana, dias 09 e 10 de março de 2013. Pode ser lido também pelo link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=85284&busca=1&palavra=.