terça-feira, 15 de março de 2011

Compartilhando Conhecimento II

Carísssimos leitores:

Segue abaixo mais um artigo da série Compartilhando Conhecimento.

Nessa oportunidade o trabalho é da lavra do nosso colega Vinícius Lousada.

Bons estudos!


                                                     Crer retamente

               A crença reta faculta uma visão otimista da vida, que se enriquece de motivações, que nada perturba.   - Joanna de Ângelis[1]

            Uma das etapas do caminho espiritual para a geração da saúde, apontado pela veneranda Joanna de Ângelis, está na aprendizagem que se refere ao crer com retidão, com base no caminho de iluminação lecionado por Buda.
            Esse primeiro passo se refere à crença elevada que conduz à libertação do indivíduo das crendices, superstições, da ignorância enfim.
            Com Allan Kardec vemos uma proposta de crença diferenciada também, pautada na compreensão que nasce da liberdade de pensar.
            Aliás, é nisso que consiste a fé raciocinada preconizada pelo Espiritismo: crer compreendendo, sem constrangimentos ou imposições de terceiros à própria consciência e de forma racional, ou seja, pautada na lógica e na possibilidade de verificação de fatos ou princípios.
            Ser espírita é questão de convicção pessoal calcada na apreensão racional do pensamento espírita e de seus postulados, presentes nas obras de Allan Kardec. Não se é espírita somente pela adesão à rotina de um centro espírita.
            A fé cega, alicerçada no medo ou na convenção social ou cultural não se sustenta per si, não se legitima ante a dúvida filosófica.
            Crer com fanatismo institui uma vivencia religiosa que, cedo ou tarde, degenera em fundamentalismo, servilismo do crente e em abusos de autoridade por parte daqueles que, supostamente, detém alguma forma de poder em determinadas escolas da fé. A história do pensamento religioso demonstra isso com facilidade.
            Crer retamente é crer com liberdade de pensamento, onde o indivíduo aprende a pensar por si mesmo, desenvolvendo o discernimento, por sua vez, orientado pela curiosidade que não perde de vista a humildade.
            Imprimir na crença o selo da retidão consiste, igualmente, em superar a lógica utilitária no campo da fé, tão presente em nossos dias, que atrela a relação humana com o sagrado às imposições perturbadoras do ego.
            A crença reta é movida por uma amorosidade profunda por Deus que se evidencia no autoamor e no amor ao próximo, colocando o modo de crer num patamar dialógico, aberto, nada exclusivista ou sectário.
            Ao querer crer com retidão, amigo de Jesus, procura testemunhar a tua crença tendo em mente aquilo que um dia escreveu Gibran: “Para estar perto de Deus, basta estar perto dos homens”.

                                   Vinícius Lousada – Professor, escritor e palestrante espírita
                                   vlousada@hotmail.com – www.estudandokardec.blogspot.com


[1] FRANCO, Divaldo. Plenitude. (Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis). Salvador/BA: LEAL, 1991, p. 88.