terça-feira, 22 de março de 2011

Condutas e Penas Futuras*


          
          Comumente trabalha-se a ideia de reprovabilidade de uma conduta ou outra se dando por encerrada tal análise no momento em que o envoltório carnal desfalece.
            Da mesma forma, não são raras às vezes em que nos deparamos com um irmão enfrentando uma dificuldade extrema na sua presente encarnação e pensamos: - como ele pode passar por isso? Se Deus existe, por que permite que isso ocorra?
            Muitas pessoas, inclusive duvidam da existência do Grande Criador do Universo em situações periclitantes que vivenciamos diariamente aqui na Terra. Ocorre que nossa visão, nosso campo de análise, é deveras limitado à medida que nascemos através da concepção de um embrião e com a morte tudo se acaba, pelo menos para a ciência.
            O Espiritismo aumenta o nosso leque de análise, pois através da comunicação com os seres desencarnados obtemos notícias de como estes se encontram, se nesta ou naquela situação. Assim, conseguimos compreender um pouco mais até onde pode ir a Justiça Divina.
            E o que é importante que se diga é que não se trata da relação de um único Espírito que só poderia dar conta do seu ponto de vista, dominado pelos preconceitos terrestres. Também, não se trata de apenas um visionário que poderia ter se deixado enganar pelas aparências. A Ciência Espírita trata de inumeráveis exemplos fornecidos por todas as categorias de Espíritos que comunicam-se com os seres encarnados desde sempre.
            É nisto que está fundamentada e amparada a Doutrina Espírita no que diz respeito às penas futuras.
            Sabendo disso, o espírito Camilo Cândido Botelho pela médium Ivonne Pereira, nos dá conta de uma história, entre muitas outras narradas na obra Memórias de um Suicida, acerca de duas irmãs que “se furtaram com o suicídio consciente e perfeitamente responsável e só poderão animar envoltório carnal enfermiço, meio deturpado, onde se sentirão tolhidas e insatisfeitas através da existência toda! Assim, de posse de tal envoltório – com o qual se afinaram pelas ações que praticaram -, cumprirão o tempo que lhe restava de permanência na Terra, interrompida, antes do tempo justo, pelo suicídio. Dessa forma, aliviarão dos embaraços vibratórios que se criaram, e obterão capacidade e serenidade para repetir a experiência em que fracassaram...mas isto implicará uma segunda etapa terrena, ou seja, nova reencarnação”.
            Mas o Espírito sofrerá eternamente?
            Com a maestria de sempre, Kardec nos responde através dos ensinamentos extraídos das comunicações com os Espíritos e publicados na obra O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, vejamos: “A alma ou Espírito sofre, na vida espiritual, as conseqüências de todas as imperfeições das quais não se despojou, durante a vida corporal. Seu estado, feliz ou infeliz, é inerente ao grau de sua depuração ou de suas imperfeições”.            
            Atentando para questões como esta, levantamos um alerta de que o suicídio não é a solução dos problemas quando nossa visão alcança o além-túmulo. Da mesma forma, conseguimos depreender um pouco mais acerca da Justiça Divina.
            Será que Deus, infinitamente Justo e bom, gostaria de ver um filho seu encarnar sem os membros ou com uma doença degenerativa que lhe tiraria a vida antes dos cinco anos, por exemplo?
            Com a expansão do nosso campo de análise acerca das condutas e penas futuras, pelas quais todos nós passamos invariavelmente, podemos dizer que esta não é a vontade do Criador, porém se tornam necessárias em função de nossas escolhas e de nossos atos.
            O estudo sério da Doutrina Espírita nos oferece o caminho para que busquemos as opções corretas e auxiliemos os nossos irmãos para que possamos alcançar a evolução contínua e em conjunto. É certo que uma hora ou outra teremos condutas inadequadas. É certo, também, que uma hora ou outra teremos que enfrentar as penas que nós mesmos buscamos através de nossos atos. Agora, não podemos esquecer que o caminho reto nos é traçado por Jesus e é para buscar nosso Pai que estamos nessa caminhada.
            Por fim, citamos algumas palavras de Jesus, o Mestre Nazareno, que estão insculpidas em Mateus (5: 25-26) à título de reflexão: “Digo-vos, em verdade, que dali não saireis, enquanto não hoverdes pago o último ceitil”. E podemos completar tal assertiva com outra do próprio Jesus: - “A cada um segundo suas obras”.


* Publicado no Jornal Folha do Sul do dia 22 de março de 2011


José Artur M. Maruri dos Santos
Advogado e Colaborador da União Espírita Bageense
josearturmaruri@hotmail.com