Por que Jesus escolheu a Galileia, região
desprezada da Judeia, como cenário principal de suas pregações?
Para responder este questionamento é
necessária uma incursão sobre a região referida. Galileia é uma grande região
no norte de Israel que se confunde com a maior parte do distrito administrativo
do norte do país. A tradição a divide em Alta Galileia, Baixa Galileia e a
Galileia Ocidental.
Historicamente, segundo a Bíblia,
Salomão recompensou Hiram I, para determinados serviços, dando-lhe de presente
uma planície de terras altas entre as montanhas de Naftali. Hiram a chamou de
“a terra de Cabul”.
Já na época romana, o país foi
dividido em Judéia, Samaria e Galileia, que compreendia toda a seção norte do
país, e foi a maior de todas as regiões, sendo conduzida por Herodes Antipas,
filho de Herodes - o Grande, que governou como tetrarca da Galileia.
Ultimamente, no século 20, desde que
boa parte do território da Galileia foi tomada pelos israelitas, após a Guerra
árabe-israelense, em 1948, ficando sob o controle de Israel, ela foi centro de
grandes conflitos entre árabes-israelitas e o Exército de Artilharia da Síria.
Após, nos anos 70 e 80, uma organização denominada de Libertação da Palestina
lançou vários ataques à região, tornando-a ainda mais tensa.
Ainda hoje, ao longo da fronteira
internacional reconhecida pela Organização das Nações Unidas pode-se observar o
clima tenso entre grupos pró-palestina como o Hezbollah e as tropas militares
de Israel.
A Galileia, devido a sua alta
pluviosidade (900-1200 mm), temperaturas amenas e altas montanhas, contém fauna
e flora únicas, com vastos campos de flores silvestres e vegetação colorida,
cortada por vários rios e cachoeiras.
No entanto, o que a tornou o cenário
perfeito para as pregações evangélicas ministradas por Jesus, segundo o insigne
orador Divaldo P. Franco, foi sua gente. Na ótica de Divaldo “a Galileia era,
ao tempo de Jesus, a região dos mais humildes e mais sofredores, onde viviam as
gentes simples de coração e de cultura elementar”.
Realmente, a Galileia de dois mil
anos atrás era habitada por agricultores, tecelões, pescadores, negociantes
modestos que ambicionavam apenas a conquista do pão, o repouso e a paz, sem os
tremendos conflitos das regiões ditas civilizadas.
“Ali Jesus encontrou o material
humano próprio para a divulgação da Sua mensagem, trabalhando o solo dos
corações para nele ensementá-la, dando início à era de esperança e de paz”,
refere Divaldo.
Por estarem na Galileia os mais
simples, é que Jesus escolheu aquela região para tratar os enfermos, visto que
afirmara ser o “medico das almas”, segundo outro grande expoente do
Espiritismo, Raul Teixeira.
Dessa forma, podemos observar, sob a
visão de Divaldo Franco, que outra grande lição nos foi deixada pelo Mestre
Jesus com a escolha da região Galileia para ministrar a maior parte das lições
evangélicas:
“O convívio com os simples e puros de
coração faz muito bem e constitui estímulo para o trabalho de iluminação de
consciência, ante os rebeldes e presunçosos que fingem conhecer tudo,
negando-se ao esforço inadiável da transformação moral para melhor”.
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 01, 02 e 03 de novembro de 2013 e que também pode ser acompanhada pelo link jornalminuano.com.br.