Produção da Rede Globo vai ao ar no horário das 18 horas |
A nova novela da Rede Globo de Televisão que
teve início nesta semana, ocupando o horário das 18h, ergue o véu de um tema
que não é tratado sem gerar discordâncias e até mesmo desconfianças.
Na trama referida observamos a morte
de um líder budista e, mais tarde, seu renascimento, no corpo uma criança chamada
Pérola.
Segundo o ensinamento budista, há um
ciclo de mortes e renascimentos para os seres vivos chamado moksha. Esse ciclo pode e deve ser transcendido por
meio da prática do Nobre Caminho Óctuplo. Algumas fontes, principalmente
advindas da teosofia, atribuem a esses renascimentos características
similares às da reencarnação e a palavra reencarnação é inclusive
usada com frequência para se referir aos renascimentos.
Certo é que a própria Revista
Espírita, especificamente no mês de abril de 1858, trouxe diversos documentos
célticos que demonstram que a doutrina da reencarnação já era professada pelos
druidas, segundo o princípio da marcha ascendente da alma humana, percorrendo
os diversos graus da escala espírita.
Também, desde a Antiguidade já se
estudava a pluralidade das existências. Pitágoras já havia descrito esta
doutrina através de ensinamentos hauridos entre egípcios e indianos. Sócrates e
Platão também tinham opinião semelhante e que era francamente admitida entre os
filósofos daquele tempo. Eles denominavam de doutrina da escolha das provas.
A própria Igreja Católica, até o ano
de 553 D.C., reconhecia a possibilidade da reencarnação, o que foi rejeitado no
Concílio de Constantinopla, hoje Istambul, na Turquia, justamente porque
Teodora, esposa do famoso Imperador Justiniano, escravocrata e desumana, temia
retornar ao mundo na pele de uma escrava negra e, por isso, desencadeou forte
pressão sobre o papa da época, Virgílio, que subira ao poder após intervenção
do General Belisário, para quem os desejos de Teodora eram lei.
Assim, o Concílio referido rejeitou o
pensamento de Origenes de Alenxadria, um dos maiores teólogos que a humanidade
já teve conhecimento.
De outra banda, o Mestre Jesus de
Nazaré tratou o tema com franqueza e sabedoria em diversas passagens do
Evangelho, sobretudo quando identificou em João Batista o Espírito do profeta
Elias, falecido séculos antes e que deveria voltar como precursor do Messias
(Mateus 11:14 e Malaquias 4:5).
Allan Kardec, em O Livro dos
Espíritos[1],
asseverou que “todos os espíritos tendem
à perfeição e Deus lhes fornece os meios pelas provas da vida corpórea, mas, em
sua justiça, lhes faculta realizar, em novas existências, o que não puderam
fazer ou concluir numa primeira prova”.
E se assim não fosse como poderia ser
explicada a causa de tantos infortúnios e tanta miséria sobre a face da Terra?
Por que Deus, soberanamente justo e bom, permitiria que um ser humano fosse
retirado do seio de sua família ainda em tenra idade, por exemplo?
Questões como estas fazem com que a
incredulidade se assevere em nossos dias, no entanto, a própria humanidade é
detentora do raciocínio que atravessou os séculos e a cada dia que passa
ressurge com mais força, ainda que outras forças trabalhem para que não se dê
dessa forma.
Ainda assim, o que irá sempre
prevalecer, cedo ou tarde, admitindo ou não, indubitavelmente, será a Justiça
Divina.
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 21 e 22 de setembro de 2013.