Dias atrás, ao acompanhar matéria
jornalística num portal de notícias de uma revista de grande circulação
nacional, constatamos como é grande ainda o número de pessoas que se dizem
religiosas, até mesmo utilizando a bíblia em suas fundamentações, no entanto,
se encontram envoltas de um ceticismo surpreendente com as questões
espirituais.
Parece uma contradição, dizer-se
crente num ser superior que não apresenta nenhuma característica física,
utilizar-se de um embasamento bíblico e permanecer cético quando se depara com
a realidade da sobrevivência da alma após a falência do corpo.
É de se considerar inteligível que o
indivíduo incrédulo e materialista, aquele que se diz ateu, desconsidere a
sobrevivência da alma após a morte, no entanto, apenas a fé cega explica a
situação do indivíduo que se diz temente à Deus e desconhece da possibilidade
de sobrevivência do Espírito após a morte.
Doutrinas que disseminam a
incredulidade e o materialismo e rendem cultos ao nada não tem outra função que
não seja a de causar o chamado vazio moral, cavando abismos para a sociedade ao
destruírem os laços mais sólidos de fraternidade.
No entanto, doutrinas assim encontram
solo fértil no coração daqueles que não se convencem com as contradições das
religiões que estão disponíveis até os dias de hoje. Religiões que cultuam
faces de pedra ou então que creem no sono profundo do corpo após a morte até o
dia de uma suposta ressurreição quando a ciência, há muito tempo, demonstra que
dentro do túmulo somente resta a podridão de um corpo putrefato.
As concepções religiosas descritas
somente tem razão de ser porque estão assentadas na fé cega. Aceitam as
palavras sem qualquer exame. Segundo Allan Kardec, “a fé cega podia ter sua razão de ser num certo período da Humanidade”,
por outro lado, “se hoje ela não basta mais para fortalecer a crença, é porque
está na natureza da Humanidade que assim deve ser”.
Resta claro e cristalino que a fé
cega serve apenas para disseminar doutrinas materialistas que afastam o
indivíduo do seu Criador.
Relata Alan Kardec: “Quem fez as leis da Natureza? Deus ou satã?
Se foi Deus, não haverá impiedade em seguir suas leis. Se, hoje, compreender
para crer se tornou uma necessidade para a inteligência, como beber e comer o é
para o estômago, é que Deus quer que o homem faça uso de sua inteligência, pois
do contrário não teria lhe dado”.
O objetivo não é censurar quem crê
sem exame. No entanto, como dizia o próprio Allan Kardec, “o Espiritismo não se dirige a elas; desde que tem tudo o de que
precisam, nada há a oferecer-lhes; não obriga a comer à força aqueles que
declaram não ter fome”.
O Espiritismo dirige-se sim àqueles
para os quais o alimento intelectual dado não é suficiente e o número de
pessoas nessa condição não é pequeno. Para estes o Espiritismo está a dizer: -
estou aqui, sou assim e apresento o que trago, quem sentir necessidade pode vir
até mim.
(Referências: Allan Kardec. Viagem Espírita
em 1862. FEB Editora. p.71-73).
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada pelo Jornal Minuano em outubro de 2015.