sexta-feira, 10 de novembro de 2017

COMPREENDER PARA CRER*


Dias atrás, ao acompanhar matéria jornalística num portal de notícias de uma revista de grande circulação nacional, constatamos como é grande ainda o número de pessoas que se dizem religiosas, até mesmo utilizando a bíblia em suas fundamentações, no entanto, se encontram envoltas de um ceticismo surpreendente com as questões espirituais.
            
Parece uma contradição, dizer-se crente num ser superior que não apresenta nenhuma característica física, utilizar-se de um embasamento bíblico e permanecer cético quando se depara com a realidade da sobrevivência da alma após a falência do corpo.
            
É de se considerar inteligível que o indivíduo incrédulo e materialista, aquele que se diz ateu, desconsidere a sobrevivência da alma após a morte, no entanto, apenas a fé cega explica a situação do indivíduo que se diz temente à Deus e desconhece da possibilidade de sobrevivência do Espírito após a morte.
            
Doutrinas que disseminam a incredulidade e o materialismo e rendem cultos ao nada não tem outra função que não seja a de causar o chamado vazio moral, cavando abismos para a sociedade ao destruírem os laços mais sólidos de fraternidade.
            
No entanto, doutrinas assim encontram solo fértil no coração daqueles que não se convencem com as contradições das religiões que estão disponíveis até os dias de hoje. Religiões que cultuam faces de pedra ou então que creem no sono profundo do corpo após a morte até o dia de uma suposta ressurreição quando a ciência, há muito tempo, demonstra que dentro do túmulo somente resta a podridão de um corpo putrefato.
            
As concepções religiosas descritas somente tem razão de ser porque estão assentadas na fé cega. Aceitam as palavras sem qualquer exame. Segundo Allan Kardec, “a fé cega podia ter sua razão de ser num certo período da Humanidade”, por outro lado, “se hoje ela não basta mais para fortalecer a crença, é porque está na natureza da Humanidade que assim deve ser”.
            
Resta claro e cristalino que a fé cega serve apenas para disseminar doutrinas materialistas que afastam o indivíduo do seu Criador.
            
Relata Alan Kardec: “Quem fez as leis da Natureza? Deus ou satã? Se foi Deus, não haverá impiedade em seguir suas leis. Se, hoje, compreender para crer se tornou uma necessidade para a inteligência, como beber e comer o é para o estômago, é que Deus quer que o homem faça uso de sua inteligência, pois do contrário não teria lhe dado”.
            
O objetivo não é censurar quem crê sem exame. No entanto, como dizia o próprio Allan Kardec, “o Espiritismo não se dirige a elas; desde que tem tudo o de que precisam, nada há a oferecer-lhes; não obriga a comer à força aqueles que declaram não ter fome”.
            
O Espiritismo dirige-se sim àqueles para os quais o alimento intelectual dado não é suficiente e o número de pessoas nessa condição não é pequeno. Para estes o Espiritismo está a dizer: - estou aqui, sou assim e apresento o que trago, quem sentir necessidade pode vir até mim.

(Referências: Allan Kardec. Viagem Espírita em 1862. FEB Editora. p.71-73).
             
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano em outubro de 2015.