sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O HOMEM NO MUNDO


“Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial. (Mateus, 5:48)”.
            
É comum encontrarmos indivíduos relatando que as religiões, com suas práticas exteriores, as afastam de um contato mais direto com as lições de Jesus. Outros, por sua vez, relatam que não buscam uma interação maior com os preceitos cristãos pela dificuldade que encontrariam em reformar-se intimamente.
            
Os pretextos para o afastamento das lições evangélicas existem aos borbotões por sobre a Terra. Ocorre que, em verdade, não queremos deixar para trás o “velho homem”, em busca de uma proposta de vida em plenitude com Jesus.
            
Quando Jesus exorta-nos para que nos tornemos perfeitos, perfeitos como o Pai Celestial o é, ele não está querendo, com isso, que sejamos absolutamente perfeitos. Até mesmo porque, a perfeição absoluta é atributo de Deus.
            
Jesus, com isso, apresentou-nos um modelo e quis que nos esforçássemos para alcançar. O Meigo Nazareno explicitou-nos o que seria a perfeição relativa, a que mais nos aproxima da Divindade, quando disse para “amarmos os nossos inimigos, fazermos o bem aos que nos odeiam, orarmos pelos que nos perseguem”, ou seja, a caridade na sua mais ampla acepção.
             
No entanto, o “velho homem” que ainda sobrevive dentro de nós desautoriza-nos a empreender na busca por um sentimento de piedade quando reunimo-nos sob as vistas do Senhor e imploramos a assistência dos bons Espíritos. Dessa forma, acabamos por nos afastar de tudo que vise a nossa “religação” ao Criador.
            
Um “Espírito Protetor”, em comunicação proferida em Bordeux, 1863, leciona: “Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens de vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai um sentimento de pureza que as possa santificar”.
            
Ele prossegue: “Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu”.
            
A mensagem é bastante clara. O ideal não é que nos afastemos de tudo e de todos e vivamos uma vida insular, acabrunhada, afastada de nossa época, oferecendo aos nossos semelhantes, com isso, apenas uma lição de egoísmo.
            
Devemos, ao contrário, buscar a prática da caridade que alcança todas as posições sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado.
            
É importante, enfim, que vivamos integrados aos homens de nossa época, porém, que nenhum de nossos empreendimentos seja efetuado sem antes remontarmos a Deus, Fonte de todas as coisas.
            
“Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança”. Um Espírito Protetor.

(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 27. Itens 01 e 10. FEB Editora. p. 231, 240-241).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

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