“Sede, pois, vós outros, perfeitos, como
perfeito é o vosso Pai celestial. (Mateus, 5:48)”.
É comum encontrarmos indivíduos
relatando que as religiões, com suas práticas exteriores, as afastam de um
contato mais direto com as lições de Jesus. Outros, por sua vez, relatam que
não buscam uma interação maior com os preceitos cristãos pela dificuldade que
encontrariam em reformar-se intimamente.
Os pretextos para o afastamento das
lições evangélicas existem aos borbotões por sobre a Terra. Ocorre que, em
verdade, não queremos deixar para trás o “velho homem”, em busca de uma
proposta de vida em plenitude com Jesus.
Quando Jesus exorta-nos para que nos
tornemos perfeitos, perfeitos como o Pai Celestial o é, ele não está querendo,
com isso, que sejamos absolutamente perfeitos. Até mesmo porque, a perfeição
absoluta é atributo de Deus.
Jesus, com isso, apresentou-nos um
modelo e quis que nos esforçássemos para alcançar. O Meigo Nazareno
explicitou-nos o que seria a perfeição relativa, a que mais nos aproxima da
Divindade, quando disse para “amarmos os nossos inimigos, fazermos o bem aos
que nos odeiam, orarmos pelos que nos perseguem”, ou seja, a caridade na sua
mais ampla acepção.
No entanto, o “velho homem” que ainda
sobrevive dentro de nós desautoriza-nos a empreender na busca por um sentimento
de piedade quando reunimo-nos sob as vistas do Senhor e imploramos a
assistência dos bons Espíritos. Dessa forma, acabamos por nos afastar de tudo
que vise a nossa “religação” ao Criador.
Um “Espírito Protetor”, em
comunicação proferida em Bordeux, 1863, leciona: “Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à
evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das
leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens de
vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às
frivolidades do dia, mas sacrificai um sentimento de pureza que as possa
santificar”.
Ele prossegue: “Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em
repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta
reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu”.
A mensagem é bastante clara. O ideal
não é que nos afastemos de tudo e de todos e vivamos uma vida insular,
acabrunhada, afastada de nossa época, oferecendo aos nossos semelhantes, com
isso, apenas uma lição de egoísmo.
Devemos, ao contrário, buscar a
prática da caridade que alcança todas as posições sociais, desde o menor até o maior.
Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado.
É importante, enfim, que vivamos
integrados aos homens de nossa época, porém, que nenhum de nossos
empreendimentos seja efetuado sem antes remontarmos a Deus, Fonte de todas as
coisas.
“Sede joviais, sede ditosos, mas seja
a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura
a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua
herança”. Um Espírito Protetor.
(Referências: Allan Kardec. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Cap. 27. Itens 01 e 10. FEB Editora. p. 231, 240-241).
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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