sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O ESPIRITISMO NÃO FAZ PROSÉLITOS*

 
Allan Kardec
          
“Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro senão o de Jonas – (São Mateus)”.
            
Assim como os habitantes da Terra à época de Jesus que o incitavam à prática de prodígios, ainda hoje, os indivíduos aguardam, não apenas do Espiritismo, mas de Deus, que se operem curas e resultados miraculosos.
            
É inegável a ânsia que a sociedade atual nutre de que Deus e os Espíritos benfazejos sirvam aos seus próprios interesses. E bem sabemos que os nossos interesses ainda são bastante mesquinhos e doentes, porque ainda não nos é dado conhecer as causas das conseqüências que estamos enfrentando.
            
No entanto, dizem os detratores do Espiritismo: “De qual meio dispõe o Espiritismo para nos convencer? No próprio interesse da Doutrina dos Espíritos, não é desejável fazer adeptos?”
            
Quanto a isso, Allan Kardec referiu na edição de janeiro de 1858 da Revista Espírita: “Os Espíritos não gostam dos orgulhosos. Convencem quem eles querem; quanto aos que crêem em sua importância pessoal, demonstram o pouco caso que disso fazem não lhes dando ouvidos”.
            
Ainda assim, na mesma edição da Revista Espírita, quando indagados por Allan Kardec, responderam os Espíritos: “Pode-se pedir aos Espíritos sinais materiais como prova de sua existência e de seu poder? Resp. ‘Pode-se, sem dúvida, provocar certas manifestações, mas nem todos estão aptos a isso e frequentemente não obtendes o que pedis; eles não se submetem aos caprichos dos homens”.
            
“Quando alguém pede esses sinais para se convencer, não haveria utilidade em satisfazê-lo, pois que seria um adepto a mais? Resposta: ‘Os Espíritos não fazem senão o que querem, e o que lhes é permitido; falando e respondendo as vossas perguntas, atestam a sua presença; isto deve bastar ao homem sério que busca a verdade na palavra”.
            
Ao contrário do que muitos pensam, desde os tempos de Allan Kardec, não é dado ao Espiritismo fazer proselitismo, ou seja, utilização de prodígios na busca por mais adeptos à nova crença.
            
Aqueles que estiverem dispostos a conhecer as verdades inseridas nas palavras trazidas pelos benfeitores espirituais serão reconhecidos pela caridade que deles irá derivar e, estes sim, serão os verdadeiros adeptos do Espiritismo.
            
“(...) diz hoje o Espiritismo a seus adeptos: não violenteis nenhuma consciência; a ninguém forceis para que deixe a sua crença, a fim de adotar a vossa; não anatematizeis os que não pensam como vós; acolhei os que venham ter convosco e deixai tranquilos os que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo. Outrora, o céu era tomado com violência; hoje o é pela brandura”. Allan Kardec.

(Referências: Allan Kardec. Revista Espírita. Janeiro de 1858. FEB Editora. p. 51. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 25. Item 11. FEB Editora. p. 304).

           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 06 e 07 de junho de 2015 e que também pode ser acompanhada pelo jornalminuano.com.br.