terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

PARABÉNS À LOJA MAÇÔNICA AMIZADE Nº 142*

Fachada da Loja Maçônica Amizade, em Bagé/RS

A presente semana foi marcada pelo aniversário de uma instituição que se confunde facilmente com a história bajeense. Trata-se da Loja Maçônica Amizade nº 142 que completou 120 anos no último dia 05, recebendo um merecido editorial do Jornal Minuano na edição de segunda-feira. O próprio jornal cobriu a Sessão Magna Pública que se realizou na sede da “Loja Amizade”.
             
A Revista Espírita, editada por Allan Kardec, amigo de maçons eminentes, trouxe algumas comunicações mediúnicas, obtidas em trabalhos da Sociedade Espírita de Paris, no dia 25 de fevereiro de 1864, numa publicação denominada “O Espiritismo e a Franco-Maçonaria”.
             
Jaques Demolay
Numa delas, o “Espírito Jaques de Molé” ressalta a importância da Ordem Maçônica: “As instituições maçônicas foram para a sociedade um encaminhamento à felicidade. Numa época em que toda ideia liberal era considerada um crime, os homens precisavam de uma força que, embora inteiramente submissa às leis, não fosse menos emancipada por suas crenças, por suas instituições e pela unidade de seu ensino. Nessa época, a religião ainda era, não uma mãe consoladora, mas uma força despótica que, pela voz de seus ministros, ordenava, feria, fazia tudo se curvar à sua vontade. (...) Unidos pelo coração, pela fortuna e pela caridade, nossos templos foram os únicos altares onde não se havia desconhecido o verdadeiro Deus, onde o homem ainda podia dizer-se homem, onde a criança podia esperar encontrar, mais tarde, um protetor, e o abandonado, amigos. (...) No século dezenove vem o Espiritismo, com o seu facho luminoso, dar a mão aos comendadores, aos rosa-cruzes, e com voz trovejante lhes grita: Vamos meus irmãos; eu sou verdadeiramente a voz que se faz ouvir no Oriente e à qual o Ocidente responde, dizendo: Glória, honra, vitória aos filhos dos homens”.
             
Os festejos da querida “Amizade”, na última terça-feira, fez com que nos lembrássemos, ainda saudosos, do ano de 1791, quando na Loja Maçônica “As Nove Irmãs”, em Paris, celebrou-se um acontecimento de alto relevo.
             
A França libertava-se do talante dos Bourbons e a Revolução de 89 havia ensejado a Declaração dos Direitos Humanos. A criatura adquirira a honra da igualdade, da liberdade, da fraternidade, e a Maçonaria que sempre fora pioneira nesses ideais de engrandecimento humano, recebia na sua casa um dos homens mais notáveis do século, tratava-se de Voltaire, um dos pais da enciclopédia.
             
No momento em que a palavra lhe foi delegada, porque ele recebia a iniciação no grau 33, o admirável Marie Arouet, erguendo a sua voz, ainda clara, declarou a razão porque se tornara discípulo da ordem.
             
É necessário abrir um parêntesis para que tenhamos a ideia de magnitude do evento. Encontravam-se presentes representantes de Catarina da Rússia, do Rei da Inglaterra, das altas personalidades francesas e no Oriente estavam colocadas as bandeiras representativas das cortes europeias.
             
Assim como ocorreu na Loja Maçônica Amizade, terça-feira, a reunião era pública, ou seja, os não iniciados podiam tomar parte. E aquele homem octogenário, sobre cujos ombros repousavam a cultura, a sabedoria e os direitos da criatura humana, prosseguiu seu memorável discurso: “Faço-me maçom porque encontrei nesta ordem sagrada os ideais da dignidade humana, aqui eu tive a oportunidade de aprender a amar e a respeitar a criatura humana. Nesta casa que abre as suas portas aos ideais revolucionários aprendi, também, a amar a Deus. Invariavelmente, disse que eu não acredito em Deus e é uma verdade. Eu não acredito em Deus, aquele que os homens fizeram, mas eu acredito em Deus, aquele que fez os homens!”
             
No Brasil, Rui Barbosa teve a oportunidade de dizer sobre a Maçonaria o seguinte: “Onde florescem os ensinamentos maçônicos não vicejam a ditadura, a soberania dos poderes arbitrários, nem a dominação daqueles dominadores violentos que denigrem a condição da criatura humana”.
             
Voltaire e Rui Barbosa têm razão, porque a maçonaria, por definição, é uma instituição filosófica, filantrópica que tem por base a crença em Deus e, por consequência, na imortalidade da alma e na solidariedade humana.
  
Divaldo Pereira Franco

Ambos os discursos relatados acima foram descritos, em oratória sublime, por Divaldo Pereira Franco, um dos ícones do Movimento Espírita Brasileiro, em conferência proferida em Americana, interior de São Paulo, em homenagem pela passagem do aniversário de uma Loja Maçônica daquele Município.
             
Enfim, vários são os homens que são Espíritas e Maçons, porque a Maçonaria aceita em suas fileiras todo e qualquer homem livre e de bons costumes, independentemente da religião que professa, basta, apenas, que creia num ente supremo, criador de todo o Universo. Muitos, também, estiveram presentes na história da humanidade, buscando o engrandecimento humano dentro da Maçonaria e hoje, com o advento do Espiritismo, redobraram os seus esforços em amor ao próximo praticando a verdadeira caridade.
             
Resta, apenas, a este singelo espaço dedicado ao Espiritismo render homenagens à Maçonaria Universal, à Loja Maçônica Amizade nº 142 pela passagem de seus 120 anos de trabalhos incessantes e, especialmente, aos Espíritas-Maçons que por lá labutaram e, outros tantos que, ainda hoje, continuam labutando.
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 09 e 10 de agosto de 2014 e que também pode ser acompanhada pelo site jornalminuano.com.br.