sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

MEDIUNIDADE GRATUITA*


André Luiz

A obra “O Espírito de Verdade” traz em seu quinto item uma mensagem de autoria do “Espírito André Luiz”, onde ele, com sua maestria peculiar, enumera o chamado Decálogo para Médiuns. Vejamos: 1) Rende culto ao dever; 2) Trabalha espontaneamente; 3) Não te creias maior ou menor; 4) Não esperes recompensas no mundo; 5) Não centralizes a ação; 6) Não te encarceres na dúvida; 7) Estuda sempre; 8) Não te irrites; 9) Desculpa incessantemente; e 10) Não temas perseguidores.
             
Todas as instruções citadas por André Luiz são importantes. No entanto, separamos a quarta para trabalharmos mais detidamente, justamente por ser a geradora de maiores embates.
             
A mediunidade, como qualquer dádiva do Senhor, não tem preço na Terra.
             
Todas as pessoas trazem consigo a semente da mediunidade, independentemente de ser ateu ou pertencer a esta ou aquela religião ou seita. É uma faculdade inerente ao ser humano como a audição ou a visão, por exemplo. Ocorre que algumas pessoas têm o dom tão desenvolvido que se tornam intérpretes dos Espíritos.
             
A edição de maio de 2008 da Revista Superinteressante, Editora Abril, trouxe uma reportagem especial sobre os médiuns e, especificamente, um caso envolvendo Noreen Reiner, ocorrido em 1993, na Flórida. A médium Noreen, na oportunidade, recebeu o investigador de polícia Joe Uribe, que trabalhava no assassinato de um auditor fiscal, morto quatro anos antes.
            
Noreen pegou o cinto e o relógio que a vítima usava quando morreu e fechou os olhos. De repente, começou a convulsionar, em uma espécie de transe, e falou: “Estão batendo em mim, estou muito machucado, acho que atiraram na minha nuca”. Quando voltou a si, ela sabia descrever com detalhes o rosto do assassino, o de sua mulher, o local da morte e o esconderijo da arma do crime. O investigador, apesar de cético, reconheceu que ela tinha acertado até o último detalhe. O culpado, Eugene Moore, confessou o crime e só não acabou atrás das grades porque foi morto enquanto tentava fugir da polícia.
             
Entretanto, como bem asseverou André Luiz, não deve o médium esperar recompensas no mundo e este é o ponto nevrálgico. O médium, aquele que recebeu de Deus a dádiva de ser intérprete dos Espíritos, assim o recebeu para a instrução dos homens, para mostrar-lhes o caminho do bem e conduzi-los à fé, e não para vender-lhes palavras que não lhe pertencem, porque não são o produto de sua concepção, de suas pesquisas ou de seu trabalho pessoal.
             
Como bem relatado por Allan Kardec “Deus quer que a luz alcance a todos; não quer que o mais pobre dela seja deserdado e possa dizer: eu não tenho fé porque não pude pagá-la; não tive a consolação de receber os encorajamentos e os testemunhos de afeição daqueles por quem choro, porque sou pobre. Eis porque a mediunidade não é um privilégio, e se encontra por toda a parte; fazê-la pagar seria, pois, desviá-la da sua finalidade providencial”.  

(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. IDE Editora. Capítulo 26. item 07. p. 227. Chico Xavier e Waldo Viera por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. p. 27-29. Revista Superinteressante. Maio de 2008. http://super.abril.com.br/religiao/mediuns-447506.shtml).       

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 27 e 28 de setembro de 2014 e também pode ser acompanhada pelo link jornalminuano.com.br.