O Apóstolo Paulo trouxe sublime lição em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, comunicação proferida no ano de 1860, em
Paris: “Fora da Caridade não há salvação. (...) Passai à direita, vós os
benditos de meu Pai. Vós os reconhecereis pelo perfume de caridade que espargem
ao seu redor. Nada exprime melhor o pensamento de Jesus, nada resume melhor os
deveres do homem, do que esta máxima da ordem divina”.
O próprio Allan Kardec, na mesma obra
supracitada, abriu tópico especial para tratar do assunto que considerava como
fundamental na doutrina nova que estava sendo revelada.
Assim se referiu o Codificador:
“Enquanto a máxima: ‘Fora da caridade não há salvação’ se apoia sobre um
princípio universal e abre a todos os filhos de Deus acesso à felicidade
suprema, o dogma: ‘Fora da igreja não há salvação’ se apóia, não sobre a fé
fundamental em Deus e na imortalidade da alma, fé comum a todas as religiões,
mas sobre a fé especial em dogmas particulares”.
Crer em dogmas é uma prática
absolutista, para não dizer exclusivista, porque em lugar de unir os filhos de
Deus, os divide; em lugar de os excitar ao amor de seus irmãos, alimenta e
sanciona a irritação entres os sectários dos diferentes cultos que se
consideram reciprocamente como malditos na eternidade, fossem eles parentes ou
amigos neste mundo.
Está aí a guerra política, religiosa
e sectária da chamada “Faixa de Gaza” para não nos deixar mentir.
O dogma ‘fora da igreja não há
salvação’ que também poderia ser substituído por ‘fora da minha religião não há
salvação’, somente faz com que os filhos de Deus vivam em inimizade e
perseguição. Esse dogma é essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e
à lei evangélica.
Por outro lado, Allan Kardec também
considera outra máxima equivalente a que acabamos de comentar. Trata-se da
máxima ‘fora da verdade não há salvação’, também exclusivista, porque não há
uma só seita que não pretenda ter o privilégio da verdade.
Nessa linha, o Espiritismo, de acordo
com o Evangelho, adotou como bandeira a máxima ‘fora da caridade não há
salvação’, porque admite que a salvação independa da crença, conquanto que se
observe a lei de Deus, também, porque, não pretende ensinar toda a verdade,
visto que em lugar de unir, perpetuaria o antagonismo.
Mais uma vez, vale a transcrição de
outro trecho da mensagem do “Apóstolo Paulo”: “Submetei todas as vossas ações
ao controle da caridade, e vossa consciência vos responderá; não somente ela
vos evitará de fazer o mal, mas vos levará a fazer o bem: porque não basta uma
virtude negativa, é preciso uma virtude ativa; para fazer o bem é preciso
sempre a ação da vontade; para não fazer o mal basta, frequentemente, a inércia
e a negligência”.
O iluminado Bezerra de Menezes
conclui: “O espírita cristão é chamado aos problemas do mundo, a fim de
ajudar-lhes a solução; contudo, para atender em semelhante mister, há que
silenciar discórdia e censura e alongar entendimento e serviço. É por essa
razão que, interpretando o conceito ‘salvar’ por ‘livrar da ruína’ ou
‘preservar do perigo’, colocou Allan Kardec, no luminoso portal da Doutrina
Espírita, a sua legenda inesquecível: ‘fora da caridade não há salvação”.
(Referências:
Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. IDE Editora. Capítulo 15. item
10. p. 153-155. Chico
Xavier e Waldo Viera por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB
Editora. p. 24).
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 26 e 27 de julho de 2014 e também pode ser acompanhado por AQUI.