“E, se
não há ressurreição de mortos, também o Cristo não ressuscitou”. (Paulo, I
Coríntios, 15:13)
Através dos tempos, o além-túmulo
intriga o homem de um modo geral. Diversas teorias teológicas tentam explicar a
morte de uma forma que se harmonize com os interesses temporais e espirituais.
Algumas situam as almas em
determinadas zonas de punição ou expurgo, outras, dizem não haver absolutamente
nada. Algumas, chegam a atribuir a culpa porque devemos enfrentar a morte ao
pecado cometido por Adão, concluindo que, após a morte, descansamos,
submergindo num sono indefinível até o dia derradeiro consagrado ao Juízo
Final.
Entretanto, o ser humano
diferencia-se das demais criaturas à medida que pode raciocinar acerca da sua
própria existência. Então, num exercício de raciocínio lógico, será que podemos
concluir, sem sombra de dúvida, que iremos apenas “descansar” após o dia
fatídico da grande transição?
Ainda, exercitando a lógica humana, será
que podemos crer que nesse exato momento permaneçam adormecidas milhões de
criaturas, aguardando o minuto decisivo de julgamento, quando o próprio Jesus
se afirma em atividade incessante? Como acreditar que após a morte adentraremos
no “nada”? Sendo assim, pode-se concluir pela existência do “nada” em algum
lugar.
Respeitamos todos os argumentos
teológicos, bases de inúmeras religiões, no entanto, não podemos desprezar a
simplicidade da lógica humana.
Sócrates, um dos mestres da nossa
filosofia, afirmara que “se a morte fosse
a dissolução total do homem, seria um grande lucro para os maus, depois da sua
morte, estarem livres, ao mesmo tempo, de seus corpos, de sua alma e dos seus
vícios”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. Item IX. IDE
Editora. p. 21)
Ora, apregoar o nada depois da morte
significa proclamar a anulação de toda responsabilidade moral ulterior. É, por
conseqüência, um excitante ao mal; que o mal tem tudo a ganhar com o nada. O
Espiritismo, vale a ressalva, nos mostra, pelos exemplos que coloca diariamente
sob nossos olhos, quanto é penosa para o mau a passagem de uma vida para a
outra e a entrada na vida futura. (vide O Céu e o Inferno, 2ª parte, cap. I).
Paulo de Tarso, por sua vez,
utiliza-se do raciocínio lógico de forma extremamente válida na citação ao topo
da coluna. O Cristo nos ofereceu a lição básica quando, ao terceiro dia,
ressuscitou. Ele demonstrou, com a sabedoria que lhe é peculiar, que
ressurreição é vida infinita. E vida significa trabalho e criação incessante,
inclusive, na eternidade.
Assim, Jesus reafirma a lógica humana,
tanto no raciocínio dos filósofos da antiguidade ou na fé inabalável de Paulo
de Tarso, provando, através da ressurreição, o quanto de trabalho e
responsabilidades ainda temos pela frente após atravessarmos o portal de
transição para a verdadeira vida.
“Comentando
o assunto, portas adentro do esforço cristão, somos compelidos a reconhecer que
os negadores do processo evolutivo do homem espiritual, depois do sepulcro,
definem-se contra o próprio Evangelho. O Mestre dos Mestres ressuscitou em
trabalho edificante. Quem, desse modo, atravessará o portal da morte para cair
em ociosidade incompreensível? Somos almas, em função de aperfeiçoamento, e,
além do túmulo, encontramos a continuação do esforço e da vida”. (Caminho,
Verdade e Vida. Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel. FEB Editora.
P. 152)
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
josearturmaruri@hotmail.com
*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 08 e 09 de fevereiro de 2014 e que também pode ser acompanhado pelo link Minuano Online.