Há exatamente cento e cinquenta anos, no
mesmo mês de janeiro, era publicado mais um número da Revue Espirite (Revista Espírita), Jornal de Estudos Psicológicos. Jornal
com publicações mensais que continha relatos das manifestações materiais ou
inteligentes dos Espíritos, aparições, evocações, etc., bem como todas as
notícias relacionadas ao Espiritismo. A Revista Espírita tinha a direção de
Allan Kardec.
Mas o curioso é que cento e cinquenta
anos depois as pessoas já se indagavam sobre a existência ou não do Espiritismo
e sua destinação. Por incrível que pareça, a questão se renova ainda hoje.
Nas palavras extraídas do chamado Écho de Sétif (Argélia, 09 de novembro
de 1862), reproduzidas pela Revista Espírita, um homem utilizando a alcunha
C***, relatava o seguinte (FEB Editora, Sexto Volume, ano de 1863, pag. 32): “Admitamos
que o Espiritismo não existe e que tudo quanto se diz a respeito seja produto
do erro, da alucinação de alguns espíritos doentios; mas nada significa ver
seis milhões de criaturas, acometidas da mesma doença em sete ou oito anos?”
O senhor C***, no mesmo artigo, ainda
confessava que era um incrédulo quando se tratava da temática transcendental,
mas ao mesmo tempo detinha o pressentimento por grandes acontecimentos, porque
de tempos em tempos o mundo sempre esteve inquieto, turbulento mesmo, sem se
dar conta, às vésperas de épocas marcantes. Ele disse mais. O mundo, depois de
ter atravessado uma época de materialismo assustador, experimentava a necessidade
de uma crença espiritualista racional. Necessitava acreditar, crer, com
conhecimento de causa. O Espiritismo oferecia – e oferece ainda hoje – as ferramentas
úteis para crer, mas para crer com base em fatos. E os fatos que se deram desde
a antiguidade, continuam se apresentando todos os dias nos quatro cantos do
nosso Planeta.
Importante ressaltar que nos dias de
hoje atravessamos as mesmas turbulências e inquietações globais e dizer que
nada existe no movimento dos Espíritos é no mínimo uma temeridade. Basta que se
observe a vida e a obra de Francisco Cândido Xavier, exemplo de humildade, o
qual dedicou sua vida inteira para consolar os corações das mãezinhas
sofredoras, oferecendo, aos incrédulos e materialistas, provas cabais da
sobrevivência da alma após o desfalecimento do envoltório corporal. Ora, graças
a homens como Chico Xavier, somos apresentados a fatos que provam
indubitavelmente que formamos bem mais que um amontoado de células animadas por
um cérebro. Somos Espíritos imortais, concebidos por Deus e destinados a perfeição,
ainda que relativa.
O que nos resta claro ao analisarmos
a Revista Espírita é que já naquela época os homens ditos de escol reservavam
um pouco do seu tempo aos estudos da Doutrina Espírita, em busca do que uns
chamavam de verdade e outros de erro. Mas fato é que o Espiritismo já apresentava
coisas que não se podia acreditar sem se ver, sem se sentir e, assim, ele os
continua apresentando até os dias de hoje.
No entanto, Allan Kardec já alertava
na própria Revista Espírita (FEB Editora, Sexto Volume, ano de 1863, pag. 37)
que “pelas provas patentes que dá da existência da alma e da vida futura, base
de todas as religiões, o Espiritismo é a negação do materialismo e, por
conseguinte, se dirige aos que negam ou duvidam (...). Ele não se impõe a
ninguém e não violenta consciência alguma”.
Nesse sentido, se busca com este
espaço reservado ao Espiritismo o esclarecimento para aqueles que assim
desejarem, porque ele fala a todos pelos seus escritos e cada um é livre de adotar
ou rejeitar sua maneira de encarar as coisas.
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Artigo publicado pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, no dia 12 de janeiro 2013.