quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

OS BRANDOS E PACÍFICOS*



Em tempos de transição planetária como o que vivemos na atualidade, é comum observar-se as mais variadas instituições sendo mexidas, sacudidas mesmo. Isso se dá com relação ao poder público, às entidades privadas e até mesmo no âmbito doméstico.

Situações irregulares antes ocultas e que por meio da ação responsável dos veículos de imprensa acabam vindos à tona quase que diariamente. Comportamentos inadequados e desrespeitos dos mais variados são denunciados, também, pelas redes sociais. Aliás, as redes sociais tornaram-se ferramentas que, se utilizadas de forma saudável, podem ser grandes instrumentos de divulgação do bem e daqueles atos que foram empurrados, propositadamente, para debaixo do tapete.

Por outro lado, também se observa que aquele que está valendo-se da boa vontade alheia, aquele que está acomodado em meio à inércia e à preguiça, com certeza fará de tudo para se manter numa pseudovantagem. É nessa hora que, para se manter no poder que o cargo público oferece ou para perpetuar a sua tirania doméstica, os lobos se vestem com peles de cordeiros e utilizam o verniz da educação e dos hábitos do mundo que irão oferecer o tom para disfarçar a verdadeira afabilidade e doçura, que ainda não se possui.

Quanto a isso, em O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec trouxe a instrução do Espírito Lázaro que comunicou-se em Paris, no ano de 1861(Cap, 4, item 06): “A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz afabilidade e a doçura, que lhe são a manifestação. Entretanto, não é preciso fiar-se sempre nas aparências; a educação e o hábito do mundo podem dar o verniz dessas qualidades. Quantos há cuja fingida bonomia não é senão máscara para o exterior, uma roupagem cuja forma premeditada esconde as deformidade ocultas!”

Não importa a posição social ou doméstica, dependendo das ações é fácil se tornar um tirano, onde se pode até dizer: “Aqui eu mando e sou obedecido”, sem levar em consideração que se pode acrescentar com muito mais razão: “E sou detestado”.

Jesus, modelo e guia para humanidade, enviado de Deus na acepção cristã, e noutro entendimento, um profeta de grande sabedoria, segundo as religiões não cristãs, referiu que serão bem-aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus. Como se vê, ele não disse que apenas os cristãos serão filhos de Deus, mas todos aqueles que fossem brandos e pacíficos, independentemente de sua crença.

Nessa linha de raciocínio, Jesus faz da doçura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência uma lei, onde não se poderá mais desconsiderar que aqueles que apresentarem, verdadeiramente, essas qualidades, sem fingimento, nunca estarão em contradição.

Serão os mesmos diante do mundo e na intimidade, pois, se podem enganar os homens pela aparência, jamais enganarão a Deus.

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Artigo publicado pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição nº 4.305, com circulação em 05 de dezembro de 2012 e que também pode ser lido em http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=81874.