segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O ESPIRITISMO NÃO SE IMPÕE*


O que o ensino dos Espíritos acrescenta à moral do Cristo é o conhecimento dos princípios que regem as relações entre os mortos e os vivos, princípios que completam as noções vagas que se tinham da alma, de seu passado e de seu futuro, dando por sanção à doutrina cristã as próprias leis da natureza”. (Allan Kardec. A Gênese. Cap. 1, item 56) 

O Espiritismo tem sido colocado em destaque pelos veículos de comunicação nos últimos anos. E isso não se dá ao acaso. Ocorre porque muitas pessoas têm procurado o conhecimento através da Doutrina Espírita e, também, o consolo. Entretanto, antes de tudo, é importante que se conheça o Espiritismo.

Segundo Allan Kardec, aquele que catalogou as informações obtidas através da comunicação com os Espíritos, responsáveis pela implementação dessa nova doutrina, “o Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações”. (O Que é o Espiritismo, Ed. IDE, p. 10).

Por outro lado, o próprio Allan Kardec, na Revista Espírita, disserta sobre a questão de o Espiritismo estar atrelado à palavra religião. Como isso? Tal palavra deriva do latim “re-ligare” que significa “ligar com”, ou seja, não se pode descartar do Espiritismo o seu aspecto religioso porque ele religa o homem com Deus, um dos princípios básicos da Doutrina Espírita.

Nessa linha, o Espiritismo, enquanto ciência prática e doutrina filosófica, tem como premissa o combate à incredulidade e suas conseqüências, sempre calamitosas, oferecendo provas patentes da existência da alma e da vida futura. Ele dirige-se àqueles que não creem em nada, ou que duvidam, e o número deles não é pequeno. Claro, aqueles que têm uma fé religiosa, e aos quais essa fé basta, dele não têm necessidade, até mesmo porque o Espiritismo não vem forçar nenhuma convicção.

Como bem disse Allan Kardec “a liberdade de consciência é uma conseqüência da liberdade de pensar, que é um dos atributos do homem; o Espiritismo estaria em contradição com seus princípios de caridade e de tolerância, se ele não a respeitasse”. (O Que é o Espiritismo, Ed. IDE. p. 69).

Aos olhos da Doutrina Espírita, toda crença, quando sincera e não conduz o seu próximo ao erro, é respeitável, mesmo que equivocada. E isso se sucede porque, se alguém estiver empenhado em crer que é o sol que gira, nós lhe diremos: crede se isso vos satisfaz, porque não impedirá a Terra de girar.

Enfim, Deus permite o advento do Espiritismo, com várias das suas nuances aqui expostas, para dar cumprimento ao que foi dito pelo próprio Cristo. Segundo Ele, chegaria o momento em que nos seria dado conhecer um pouco mais sobre as leis que regem a nossa própria natureza e que ele não poderia ter dito tudo naquela época, em função da nossa imaturidade espiritual, mas que viria o Espírito de Verdade e que Ele diria várias outras coisas e, inclusive, acresceria à sua moral vários outros conceitos, como aquele citado ao início da coluna.

Como se percebe, é chegada à hora!      


José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição nº 4308, com circulação em 08 e 09 de dezembro de 2012 e que também pode ser lido em http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=82021&data=08/12/2012&ok=1.