segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS: DE MOISÉS AO ESPIRITISMO*



O Espiritismo, por ser uma doutrina que dentro de um contexto geral ainda é muito nova, sofre críticas severas, principalmente dos adeptos mais fervorosos das religiões. E uma crítica bastante comum vem com relação às comunicações com os Espíritos daqueles que já não estão mais encarnados na Terra.

Segundo algumas religiões, existe uma proibição a essas comunicações feita por Moisés e que ele, inclusive, previu pena de morte para quem as praticasse.

Primeiramente, é de se considerar se a lei mosaica está acima da lei evangélica. Isso porque, se analisarmos o Evangelho detidamente não encontraremos nenhuma proibição com relação à comunicação com os Espíritos dos mortos. Ademais, dentre todas as religiões, a que faz menos oposição ao Espiritismo é a Judaica; e ela não tem invocado a lei de Moisés, sobre as quais se apoiam as religiões cristãs, contra tal prática.

Por outro lado, Moisés tinha suas razões, visto que era função dele romper com todos os costumes adquiridos entre os Egípcios e a comunicação com os Espíritos era um motivo de abusos, pois não era praticada com respeito e afeição pelos Espíritos, era um meio de adivinhação, objeto de tráfico vergonhoso explorado pelo charlatanismo e a superstição. Dessa forma, assistia razão a Moisés em proibi-la nesse conjunto.

Em outras linhas, a lei mosaica apresentava duas partes: primeiro, a lei de Deus, resumida nas tábuas do Monte Sinai e que permaneceu porque era divina e o Cristo apenas a desenvolveu; segundo, a lei civil ou disciplinar, apropriada aos costumes da época e que o Cristo aboliu. Hoje as circunstâncias e os costumes não são mais os mesmos e a proibição não tem mais cabimento. Aliás, se as religiões proíbem a comunicação com os mortos, podem impedir que eles venham sem que sejam chamados? Todos os dias são observadas pessoas que jamais se ocuparam com o Espiritismo, como se via antes que ele fosse discutido, apresentarem manifestações de todos os gêneros.

E, segundo Allan Kardec, na obra O Que é o Espiritismo (IDE Editora, p. 83) “se Moisés proibiu a evocação dos Espíritos dos mortos, é porque esses Espíritos poderiam vir, de outro modo a proibição teria sido inútil. Se eles podiam vir naquele tempo, podem ainda hoje; se eles são os Espíritos dos mortos, não são, pois, exclusivamente demônios. É preciso ser lógico antes de tudo”.

O que deve ser considerado é que os Espíritos não são seres à parte na criação, são almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos, apenas despojados de seu envoltório corporal, portanto, a comunicação com esses irmãos, se feita de forma séria e comprometida, com sentimento de respeito, afeição ou mesmo piedade, será de grande valia para se fazer conhecer uma nova lei da Natureza, demonstrando materialmente a existência da alma e sua sobrevivência, convencendo os incrédulos de que tudo não termina para o homem com a vida terrestre e, assim, oferecendo ideias mais justas sobre o futuro. 

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada no Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição nº 4.314, com circulação entre os dias 15 e 16 de dezembro de 2012 e que também pode ser lido no link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=82315&data=15/12/2012&ok=1.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O ESPIRITISMO NÃO SE IMPÕE*


O que o ensino dos Espíritos acrescenta à moral do Cristo é o conhecimento dos princípios que regem as relações entre os mortos e os vivos, princípios que completam as noções vagas que se tinham da alma, de seu passado e de seu futuro, dando por sanção à doutrina cristã as próprias leis da natureza”. (Allan Kardec. A Gênese. Cap. 1, item 56) 

O Espiritismo tem sido colocado em destaque pelos veículos de comunicação nos últimos anos. E isso não se dá ao acaso. Ocorre porque muitas pessoas têm procurado o conhecimento através da Doutrina Espírita e, também, o consolo. Entretanto, antes de tudo, é importante que se conheça o Espiritismo.

Segundo Allan Kardec, aquele que catalogou as informações obtidas através da comunicação com os Espíritos, responsáveis pela implementação dessa nova doutrina, “o Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações”. (O Que é o Espiritismo, Ed. IDE, p. 10).

Por outro lado, o próprio Allan Kardec, na Revista Espírita, disserta sobre a questão de o Espiritismo estar atrelado à palavra religião. Como isso? Tal palavra deriva do latim “re-ligare” que significa “ligar com”, ou seja, não se pode descartar do Espiritismo o seu aspecto religioso porque ele religa o homem com Deus, um dos princípios básicos da Doutrina Espírita.

Nessa linha, o Espiritismo, enquanto ciência prática e doutrina filosófica, tem como premissa o combate à incredulidade e suas conseqüências, sempre calamitosas, oferecendo provas patentes da existência da alma e da vida futura. Ele dirige-se àqueles que não creem em nada, ou que duvidam, e o número deles não é pequeno. Claro, aqueles que têm uma fé religiosa, e aos quais essa fé basta, dele não têm necessidade, até mesmo porque o Espiritismo não vem forçar nenhuma convicção.

Como bem disse Allan Kardec “a liberdade de consciência é uma conseqüência da liberdade de pensar, que é um dos atributos do homem; o Espiritismo estaria em contradição com seus princípios de caridade e de tolerância, se ele não a respeitasse”. (O Que é o Espiritismo, Ed. IDE. p. 69).

Aos olhos da Doutrina Espírita, toda crença, quando sincera e não conduz o seu próximo ao erro, é respeitável, mesmo que equivocada. E isso se sucede porque, se alguém estiver empenhado em crer que é o sol que gira, nós lhe diremos: crede se isso vos satisfaz, porque não impedirá a Terra de girar.

Enfim, Deus permite o advento do Espiritismo, com várias das suas nuances aqui expostas, para dar cumprimento ao que foi dito pelo próprio Cristo. Segundo Ele, chegaria o momento em que nos seria dado conhecer um pouco mais sobre as leis que regem a nossa própria natureza e que ele não poderia ter dito tudo naquela época, em função da nossa imaturidade espiritual, mas que viria o Espírito de Verdade e que Ele diria várias outras coisas e, inclusive, acresceria à sua moral vários outros conceitos, como aquele citado ao início da coluna.

Como se percebe, é chegada à hora!      


José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição nº 4308, com circulação em 08 e 09 de dezembro de 2012 e que também pode ser lido em http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=82021&data=08/12/2012&ok=1.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

OS BRANDOS E PACÍFICOS*



Em tempos de transição planetária como o que vivemos na atualidade, é comum observar-se as mais variadas instituições sendo mexidas, sacudidas mesmo. Isso se dá com relação ao poder público, às entidades privadas e até mesmo no âmbito doméstico.

Situações irregulares antes ocultas e que por meio da ação responsável dos veículos de imprensa acabam vindos à tona quase que diariamente. Comportamentos inadequados e desrespeitos dos mais variados são denunciados, também, pelas redes sociais. Aliás, as redes sociais tornaram-se ferramentas que, se utilizadas de forma saudável, podem ser grandes instrumentos de divulgação do bem e daqueles atos que foram empurrados, propositadamente, para debaixo do tapete.

Por outro lado, também se observa que aquele que está valendo-se da boa vontade alheia, aquele que está acomodado em meio à inércia e à preguiça, com certeza fará de tudo para se manter numa pseudovantagem. É nessa hora que, para se manter no poder que o cargo público oferece ou para perpetuar a sua tirania doméstica, os lobos se vestem com peles de cordeiros e utilizam o verniz da educação e dos hábitos do mundo que irão oferecer o tom para disfarçar a verdadeira afabilidade e doçura, que ainda não se possui.

Quanto a isso, em O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec trouxe a instrução do Espírito Lázaro que comunicou-se em Paris, no ano de 1861(Cap, 4, item 06): “A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz afabilidade e a doçura, que lhe são a manifestação. Entretanto, não é preciso fiar-se sempre nas aparências; a educação e o hábito do mundo podem dar o verniz dessas qualidades. Quantos há cuja fingida bonomia não é senão máscara para o exterior, uma roupagem cuja forma premeditada esconde as deformidade ocultas!”

Não importa a posição social ou doméstica, dependendo das ações é fácil se tornar um tirano, onde se pode até dizer: “Aqui eu mando e sou obedecido”, sem levar em consideração que se pode acrescentar com muito mais razão: “E sou detestado”.

Jesus, modelo e guia para humanidade, enviado de Deus na acepção cristã, e noutro entendimento, um profeta de grande sabedoria, segundo as religiões não cristãs, referiu que serão bem-aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus. Como se vê, ele não disse que apenas os cristãos serão filhos de Deus, mas todos aqueles que fossem brandos e pacíficos, independentemente de sua crença.

Nessa linha de raciocínio, Jesus faz da doçura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência uma lei, onde não se poderá mais desconsiderar que aqueles que apresentarem, verdadeiramente, essas qualidades, sem fingimento, nunca estarão em contradição.

Serão os mesmos diante do mundo e na intimidade, pois, se podem enganar os homens pela aparência, jamais enganarão a Deus.

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Artigo publicado pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição nº 4.305, com circulação em 05 de dezembro de 2012 e que também pode ser lido em http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=81874.