quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O CONSOLADOR PROMETIDO*

Irmãs Fox


“Se vós me amais, guardai os meus mandamentos; e eu pedirei a meu Pai, e ele vos enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: o Espírito de Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê e não o conhece”. (São João, cap. 24, v. 15, 16 e 17)

No final de 1847, em um povoado denominado Hydesville, estado de Nova York, Estados Unidos da América, a família Fox, de origem canadense, instalou sua residência em uma casa modesta para os padrões da época, e logo no ano seguinte a atenção de toda a população foi chamada sobre diversos fenômenos estranhos, consistentes em ruídos, pancadas e movimento de objetos com causas até então desconhecidas.

Esses fenômenos ocorriam espontaneamente com intensidade e persistência, tornando a vida das Senhoras Fox um verdadeiro tormento.

Dois meses de perturbação diárias se passaram até que em uma noite de angústia e pouco sono, a filha da Srª Margareth Fox, a menina Kate Fox, indagou: “Senhor Pé-Rachado, faça o que eu faço’. Imediatamente seguiu-se o som, com o mesmo número de palmadas. Quando ela parou, o som logo parou. Então Margareth disse brincando: ‘Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro’ e bateu palmas. Então os ruídos se produziram como antes. Ela teve medo de repetir o ensaio. Então Kate disse, na sua simplicidade infantil: ‘Oh! mamãe! eu já sei o que é. Amanhã é primeiro de abril e alguém quer nos pregar uma mentira’. Então pensei em fazer um teste de que ninguém seria capaz de responder. Pedi que fossem indicadas as idades de meus filhos, sucessivamente. Instantaneamente foi dada a exata idade de cada um, fazendo uma pausa de um para o outro, a fim de os separar até o sétimo, depois do que se fez uma pausa maior e três batidas mais fortes foram dadas, correspondendo à idade do menor, que havia morrido”. (trecho extraído da obra História do Espiritismo de Arthur Conan Doyle)

Esse é um trecho do primeiro diálogo registrado entre os seres humanos encarnados e os Espíritos.

Em 23 de novembro de 1904, segundo o “Boston Journal”, foi encontrado na casa abandonada pelas Irmãs Fox, supostamente mal assombrada, o esqueleto de um homem que aferiu veracidade aos registros deixados pelas Irmãs Fox, visto que o esqueleto pertencia ao Espírito causador dos ruídos.

Esse foi o marco inicial do Espiritismo que, mais tarde, rumou para a França e ao resto da Europa onde, durante alguns anos, as mesas girantes e falantes foram a moda, e se tornaram o divertimento dos salões (vide a obra cinematográfica intitulada “O Ilusionista”); depois, quando delas se usou bastante, foram deixadas de lado, para passar a outra distração.

Agora, de tudo isso, restou evidente, segundo Allan Kardec, pesquisador de excelência e que teve sérias dificuldades íntimas para atestar veracidade aos fenômenos com os quais se deparou, que a causa não era puramente física e partindo desse princípio asseverou: “se todo efeito tem uma causa, todo o efeito inteligente deve ter uma causa inteligente”. Assim, se concluiu que a causa desse fenômeno deveria ser uma inteligência.

Não se pretende com este apanhando de informações historiar completamente a Doutrina Espírita. O que se quer sim é rememorar o seu marco inicial, o qual se deu nos Estados Unidos da América, e esclarecer que a comunicação com os Espíritos não pertence ao sobrenatural, ao contrário, trata-se do descobrimento de leis divinas e muito naturais que sempre existiram e apenas vieram à tona para oferecer testemunho às verdades que já haviam sido ensinadas por Jesus de Nazaré e que, infelizmente, caíram no esquecimento comum, graças à ação nefasta e proposital de diversos líderes religiosos ocupados apenas em se perpetuarem no poder, restringindo o acesso das populações ao conhecimento.

Segundo Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. 4, item 4), “o Espiritismo vem, no tempo marcado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito de Verdade preside à sua instituição, chama os homens à observância da lei e ensina todas as coisas em fazendo compreender o que o Cristo não disse senão por parábolas. O Cristo disse: ‘Que ouçam os que têm ouvidos para ouvir’; o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque fala sem figuras e sem alegorias”.

Enfim, o Espiritismo, dos idos tempos das Irmãs Fox até os dias de hoje, realiza o que Jesus disse do consolador prometido: conhecimento das coisas, que faz o homem saber de onde vem, para onde vai e porque está na Terra, pondo um fim na incredulidade e realizando um chamamento aos verdadeiros princípios de da lei de Deus, e consolação pela fé e pela esperança.
  
            José Artur M. Maruri dos Santos
Advogado e Colaborador da União Espírita Bageense

*Artigo publicado pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição nº 4293, com circulação em 21 de novembro de 2012 e que também pode ser lido no link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=81326.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A OPÇÃO PELO AMOR*



“Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações? – A esse respeito sua influência é maior do que credes porque, frequentemente, são eles que vos dirigem”. (O Livro dos Espíritos. Livro 2. Capítulo 9. Questão 459)

Quando recolhemos o nosso corpo humano, corpo físico composto por matéria bruta, em regiões paradisíacas, ditas de belezas indefiníveis, logo a nossa mente é absorvida por um psiquismo divino que nos acalma e nos coloca em constante interação com o belo.

Entretanto, pela facilidade de manter-se em polivalência de ideias, a mente logo tende a mudanças comportamentais, basta que diversifiquemos o campo magnético ou psíquico a que nos submetemos.

Imersos em preocupações horizontais oriundas do imediatismo que o nosso pensamento constantemente se vincula, nele surgem várias ambições atraentes que dizem respeito apenas às necessidades do cotidiano, dando lugar a alteração de anseios e valores antes considerados, quando em contato com o etéreo e o sublime.

A mente do ser humano é induzível, influenciável, como asseveram os Espíritos indagados por Allan Kardec no prefácio desta coluna. Nesses momentos têm início as vacilações quanto às metas elegidas, justamente porque se tornam mais agradáveis aquelas que dão imediata resposta ao prazer que afeta os sentidos, proporcionando alegria inconsequente.

O Espírito encarnado tem uma tendência natural de evitar qualquer tipo de sofrimento, prefere desfrutar o momento, como muitas vezes referem os jovens, visto que, em tese, não sabemos o que acontecerá no dia de amanhã. Atitudes como essa apenas anestesiam a razão no que diz respeito aos efeitos danosos que advirão certamente.

A atração pelo gozo arrasta multidões desavisadas aos labirintos de demoradas aflições, onde ficam atoladas e tentando se libertar, o que somente é conseguido a preço alto de renúncia e de lágrimas.

O Espírito Eurípedes Barsanulfo, em mensagem publicada na obra Luzes do Alvorecer, psicografia de Divaldo Franco, editado pela Livraria Espírita Alvorada Editora, refere (pag. 86) que a “a eleição do Cristo como roteiro de segurança constitui definição de alta sabedoria, que somente conseguem aqueles que estão saturados das quimeras terrestres imediatistas, enquanto anelam por felicidade legítima, por alegria plena”.

Jesus, indubitavelmente, é possuidor de um significado incomum, porque Seu amor é tão envolvente que todos aqueles que com Ele se identificaram, nunca mais puderam Lhe dispensar o convívio.

Na hora que necessitamos preencher os nossos vazios, diminuir as nossas angústias da emoção e os tormentos dos desejos, Jesus representa o caminho seguro para a completude, o estímulo para as nossas lutas transformadoras.

Como o próprio Eurípedes Barsanulfo refere “se Ele tem esse significado na existência de alguém que O busca, torna-se indispensável vê-lo como o amor que se compadece, mas não convive; que ajuda, porém não se detém; que ensina, e também exemplifica; que convida ao Bem e o faz incessantemente; que propõe o reino dos céus, tornando mais digna a vida na Terra”.

A visão da presença de Jesus ilumina a nossa consciência, porque é uma percepção interior enriquecedora, que não mais permite qualquer tipo de escuridão moral nos intervalos dos sentimentos.

Jesus nos oferece o caminho enquanto Homem integral que se impôs a missão de libertar os seres humanos de suas paixões, doando sua própria vida a fim de ensinar a vitória sobre o ego em perfeita identificação com Deus. Ele renunciou. Ele exemplificou.

A partir do momento do amor em expansão, a opção por Cristo está realizada, e aquele que a fez, nunca mais será o mesmo, jamais se arrependendo nem retornando ao primarismo, porquanto o oxigênio puro da nossa paisagem paradisíaca, reino da sublimação evangélica, nos inundará com vigor para sempre.

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense/Caminho da Luz
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Artigo publicado pelo Jornal Minuano, Bagé/RS, edição nº 4287 que circulou no dia 14 de novembro de 2012 e que também pode ser lido no site http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=81056

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A EXALTAÇÃO DO BEM*



“Tratai todos os homens da mesma forma que quereríeis que eles vos tratassem. (São Lucas, cap. 6, v. 31)”

É um costume geral acreditar na presença do bem apenas no entorno daqueles entes familiares mais caros. Muitas vezes, numa interpretação errônea, acredita-se que o bem somente é praticado por aquelas pessoas que partilham o seu próprio ambiente doméstico, de trabalho ou que se dedicam a mesma confissão religiosa.

Apreciações como essa são mais comuns do que se pode imaginar, porém são carregadas de malícia e preconceito, geradas por um sentimento extremamente egoísta. Aliás, o egoísmo, chaga da humanidade juntamente com o orgulho, faz com que se creia que o bem completo somente possa nascer de suas mãos ou dos seus.

No entanto, tal interpretação apenas arrasta a humanidade para um sectarismo que transforma os filhos de Deus em combatentes contumazes, praticantes de ações improdutivas e ferozes.

É a prática que se opõe as lições trazidas pelo Mestre Jesus, sendo que entre as quais se ressalta a compaixão cristã, fundamentada no maior mandamento oferecido pelo Meigo Nazareno e que se encontra destacado na abertura deste espaço.

Esse mandamento remete a todos uma lição de que o bem flui incessantemente de Deus e Deus é o pai de todos os homens. Nesse sentido, pode-se concluir que o bem parte de qualquer ser humano independentemente da posição que ocupa ou do título que exibe.

Segundo o Espírito Emmanuel, na obra Caminho, Verdade e Vida, psicografada por Francisco Cândido Xavier e editada pela FEB (Federação Espírita Brasileira), “o pai consagrará o bem onde quer que o bem esteja”.

Dessa forma, é importante não atentar-se apenas para o indivíduo, visto que, conforme já dito, a apreciação precipitada quase sempre é conduzida por malícia e preconceito. Torna-se, sim, indispensável observar e compreender o bem que é praticado pelo Supremo Senhor por intermédio deste ser individual e humano.

O que importa o aspecto exterior dessa ou daquela pessoa? Que interessa sua nacionalidade, nome ou cor? Importa anotarmos a mensagem de que ela é portadora.

Ora, se ela permanece consagrada ao mal, é digna do bem que se possa fazer por ela e, por outro lado, se ela é boa e sincera no serviço em que se encontra, merece a paz e a honra de Deus.

Enfim, nesse sentido mais vale a lição de Paulo, em Romanos, cap. 2, v. 10: “Glória, porém, e honra e paz a qualquer que obra o bem”.

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense/Caminho da Luz
josearturmaruri@hotmail.com

*Artigo publicado no Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição 4283, 09 de novembro de 2012.