Irmãs Fox |
“Se vós me
amais, guardai os meus mandamentos; e eu pedirei a meu Pai, e ele vos enviará
um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: o Espírito de
Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê e não o conhece”. (São
João, cap. 24, v. 15, 16 e 17)
No final de 1847, em um povoado denominado Hydesville,
estado de Nova York, Estados Unidos da América, a família Fox, de origem
canadense, instalou sua residência em uma casa modesta para os padrões da época,
e logo no ano seguinte a atenção de toda a população foi chamada sobre diversos
fenômenos estranhos, consistentes em ruídos, pancadas e movimento de objetos com
causas até então desconhecidas.
Esses
fenômenos ocorriam espontaneamente com intensidade e persistência, tornando a
vida das Senhoras Fox um verdadeiro tormento.
Dois
meses de perturbação diárias se passaram até que em uma noite de angústia e
pouco sono, a filha da Srª Margareth Fox, a menina Kate Fox, indagou: “Senhor
Pé-Rachado, faça o que eu faço’. Imediatamente seguiu-se o som, com o mesmo
número de palmadas. Quando ela parou, o som logo parou. Então Margareth disse
brincando: ‘Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro’ e
bateu palmas. Então os ruídos se produziram como antes. Ela teve medo de
repetir o ensaio. Então Kate disse, na sua simplicidade infantil: ‘Oh! mamãe!
eu já sei o que é. Amanhã é primeiro de abril e alguém quer nos pregar uma
mentira’. Então pensei em fazer um teste de que ninguém seria capaz de
responder. Pedi que fossem indicadas as idades de meus filhos, sucessivamente.
Instantaneamente foi dada a exata idade de cada um, fazendo uma pausa de um
para o outro, a fim de os separar até o sétimo, depois do que se fez uma pausa
maior e três batidas mais fortes foram dadas, correspondendo à idade do menor,
que havia morrido”. (trecho extraído da obra História do Espiritismo de Arthur
Conan Doyle)
Esse
é um trecho do primeiro diálogo registrado entre os seres humanos encarnados e
os Espíritos.
Em
23 de novembro de 1904, segundo o “Boston Journal”, foi encontrado na casa
abandonada pelas Irmãs Fox, supostamente mal assombrada, o esqueleto de um
homem que aferiu veracidade aos registros deixados pelas Irmãs Fox, visto que o
esqueleto pertencia ao Espírito causador dos ruídos.
Esse
foi o marco inicial do Espiritismo que, mais tarde, rumou para a França e ao
resto da Europa onde, durante alguns anos, as mesas girantes e falantes foram a
moda, e se tornaram o divertimento dos salões (vide a obra cinematográfica
intitulada “O Ilusionista”); depois, quando delas se usou bastante, foram
deixadas de lado, para passar a outra distração.
Agora,
de tudo isso, restou evidente, segundo Allan Kardec, pesquisador de excelência
e que teve sérias dificuldades íntimas para atestar veracidade aos fenômenos
com os quais se deparou, que a causa não era puramente física e partindo desse
princípio asseverou: “se todo efeito tem uma causa, todo o efeito inteligente
deve ter uma causa inteligente”. Assim, se concluiu que a causa desse fenômeno
deveria ser uma inteligência.
Não
se pretende com este apanhando de informações historiar completamente a
Doutrina Espírita. O que se quer sim é rememorar o seu marco inicial, o qual se
deu nos Estados Unidos da América, e esclarecer que a comunicação com os
Espíritos não pertence ao sobrenatural, ao contrário, trata-se do descobrimento
de leis divinas e muito naturais que sempre existiram e apenas vieram à tona
para oferecer testemunho às verdades que já haviam sido ensinadas por Jesus de
Nazaré e que, infelizmente, caíram no esquecimento comum, graças à ação nefasta
e proposital de diversos líderes religiosos ocupados apenas em se perpetuarem
no poder, restringindo o acesso das populações ao conhecimento.
Segundo
Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. 4, item 4), “o
Espiritismo vem, no tempo marcado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito de
Verdade preside à sua instituição, chama os homens à observância da lei e
ensina todas as coisas em fazendo compreender o que o Cristo não disse senão
por parábolas. O Cristo disse: ‘Que ouçam os que têm ouvidos para ouvir’; o
Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque fala sem figuras e sem
alegorias”.
Enfim,
o Espiritismo, dos idos tempos das Irmãs Fox até os dias de hoje, realiza o que
Jesus disse do consolador prometido: conhecimento das coisas, que faz o homem
saber de onde vem, para onde vai e porque está na Terra, pondo um fim na
incredulidade e realizando um chamamento aos verdadeiros princípios de da lei
de Deus, e consolação pela fé e pela esperança.
José Artur M. Maruri dos
Santos
Advogado e Colaborador da União
Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com
*Artigo publicado pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição nº 4293, com circulação em 21 de novembro de 2012 e que também pode ser lido no link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=81326.