quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O OBREIRO DO SENHOR*



“Atingistes o tempo do cumprimento das coisas anunciado para a transformação da Humanidade; felizes serão aqueles que tiverem trabalhado na seara do Senhor com desinteresse e sem outro móvel senão a caridade! Suas jornadas de trabalho serão pagas ao cêntuplo do que terão esperado”. (O Espírito de Verdade. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XX, item 5).

Em tempos de transição de sentimentos, em época de transformações na humanidade, observamos modificações nas estruturas de diversos setores da nossa sociedade.

As investigações trazem à tona situações vexatórias a que nossos irmãos se submetem enquanto gestores dos bens públicos, eleitos pela própria população, que lhes oferece um mandato eletivo, através do sufrágio popular.

Os Juízes buscam a tão sonhada celeridade na solução dos conflitos, na tentativa inócua de não derraparem as vistas daquela verdadeira justiça que recuperaria a dignidade dos seres que se digladiam.

As legislações buscam incluir as minorias populacionais. Antes rígidas, aos poucos acabam por se afrouxar, ora despenalizando o uso de drogas como a maconha e ora permitindo que se estanque a gestação de um ser humano, desde que constatada sua anencefalia, conforme decisão recente do Supremo Tribunal Federal e que já consta do Projeto de Lei do Novo Código Penal.

Em meio a esse turbilhão de transformações, num juízo açodado, numa interpretação limitada pelo jugo da carne a que se está, naturalmente submetido, julga-se que nada está se encaminhando para o bem, para a paz. Então, é exatamente nessa hora que alguém se pergunta: onde devo me posicionar enquanto obreiro do Senhor?

O Espírito de Verdade que se comunicou em Paris, no ano de 1862, assim declarou[1]: “Felizes serão aqueles que terão dito a seus irmãos: ‘Irmãos, trabalhemos juntos, e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor encontre a obra pronta à sua chegada’, porque o senhor lhes dirá: ‘Vinde a mim, vós que sois bons servidores, que calastes os vossos ciúmes e as vossas discórdias para não deixar a obra prejudicada!’. Mas ai daqueles que, por suas dissenções, terão retardado a hora da colheita, porque a tempestade virá e serão carregados no turbilhão”.

É chegada a hora em que se vive, na Terra, o período previsto pelo Espírito de Verdade na comunicação acima. Vive-se encarnado exatamente no período em que as tempestades de luzes estão a erguer todas as escabrosidades que estavam ocultas pelas sombras.

Aquele que, nessa hora, tenha esmagado o fraco ao invés de sustentar-lhe, aquele que tenha apenas aparentado o devotamento, aquele que tenha vivido toda a suposta felicidade que o mundo pode oferecer, será varrido neste turbilhão que transforma o nosso Planeta e o eleva a uma condição de Regeneração.

Nesta obra, a Doutrina Espírita contribui como uma grande aliada do Pai, tendo sido anunciada por seu próprio filho como o Consolador Prometido.

Neste Planeta de Regeneração o amor se sobreporá ao ódio que restará apenas na memória daqueles que ainda rememoram um período longínquo de provas e expiações.

Nesta Morada do Amor, o verdadeiro obreiro do Senhor, aquele que não recuou diante das suas tarefas, que confiou nos postos mais difíceis, que entregou sua própria vida física para que a tarefa de regeneração se cumprisse, para este obreiro, a sua jornada será paga, realmente, ao cêntuplo do que esperou.

Nessa hora, como previu o Meigo Nazareno: “Os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros no reino dos céus!”.

            José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense/Caminho da Luz

*Artigo publicado no Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição nº 4257, 10 de outubro de 2012.


[1] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XX, item 5.