quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ESPIRITISMO E ESPIRITUALISMO*


Importa distinguir Espiritualismo e o Espiritismo? Qual a necessidade de se criar palavras novas, tais como “espírita” e “Espiritismo”, para substituir as de “Espiritualismo” e “espiritualista”? 


Questões como estas eram colocadas rotineiramente a Allan Kardec em um período que ele compilava informações, observava os fenômenos de comunicação com os mortos, que até então eram tidos como sobrenaturais, ou seja, quando era formada a base científica, filosófica e moral da Doutrina Espírita.

Nos dias de hoje, muitas pessoas, ainda por desconhecimento, confundem práticas espiritualistas, cultuadas no âmbito de religiões como a umbanda, por exemplo, com o Espiritismo. 

Entidades espirituais que são reverenciadas no Espiritualismo, através de rituais bem particulares, são apontadas, erroneamente, como atuantes na Doutrina Espírita, o que certamente desapontaria por demais os partidários dos Espíritos, observada a inexistência de concordância com suas ideias e necessidades.

Dessa forma, segundo Allan Kardec , a palavra Espiritualista, desde muito tempo, tem sua significação bem definida. “Espiritualista’, em conformidade com a Academia, é aquele ou aquela cuja doutrina é oposta ao materialismo. Assim, todas as religiões, necessariamente, estão baseadas no Espiritualismo, quem crê haver em nós outra coisa além da matéria, é espiritualista”.

Por outro lado, diremos que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípios as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível, sendo que é através da universalidade das manifestações dos Espíritos que vieram – e vêm – de todos os pontos do globo lançar suas ponderações sobre diversos ramos da filosofia, da metafísica, da psicologia e da moral.

Allan Kardec adotou as palavras “Espírita” e “Espiritismo”, porque exprimem, sem equívoco, as ideias relativas aos Espíritos, após constatada as veracidades, através da referida universalidade de suas manifestações.

Enfim, conforme Allan Kardec  “todo espírita é, necessariamente, espiritualista, sem que todos os espiritualistas sejam espíritas. Fossem os Espíritos uma quimera e seria ainda útil existirem termos especiais para aquilo que lhes concerne, porque são necessárias palavras para as ideias falsas como para as ideias verdadeiras”.

Diante do exposto, não se pretende que neste breve espaço se encerre a questão aqui colocada, ela apenas serve como convite para a reflexão e o estudo mais aprofundado do objeto, de forma que antes de nos posicionarmos a favor ou contra, o conheçamos por inteiro, no intuito de não proferirmos inverdades ou cometermos mesmo injustiças, por simples ignorância ou desconhecimento.

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense - Caminho da Luz
josearturmaruri@hotmail.com


*Artigo publicado no Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição nº 4269, 24 de outubro de 2012.