segunda-feira, 18 de julho de 2011

POR QUE SOU ATEU?

        Não têm sido raras as vezes que nos deparamos com irmãos de caminhada que nos indagam acerca da existência de Deus. Da mesma forma, temos observado um número crescente de pessoas que se identificam com o ateísmo. Mas será que as pessoas que assim se identificam realmente o são? Será que não está havendo uma confusão entre ateísmo e agnosticismo (não-religiosos)?
           Sabe-se que alguns governos, inclusive, incentivam a difusão do ateísmo por acreditarem que o Estado se desenvolve na mesma medida que deixa de lado a religião. Foi assim com o Comunismo e é assim com vários países do norte da Europa. Eles relegam a condição do “crer em Deus” para países subdesenvolvidos. Não é à toa que vários cientistas e intelectuais se autodefinem como ateus ou agnósticos. Dizem estes: “Trabalhamos para atingir nossos objetivos e não esperamos ou ficamos pedindo nada a Deus; isto é para quem está desempregado; a religião é o ópio do povo” e por aí vai.
            Em 1995, foi elaborada uma das últimas pesquisas sérias sobre identificação religiosa. Quem assinou foi a Enciclopédia Britannica. Nela foi constatado que os não-religiosos alcançavam, à época, 14,7% da população mundial, e os ateus cerca de 3,8%. Entre muitas das conclusões que foram extraídas da pesquisa, uma delas foi que o baixo número de ateus era devido a confusão entre agnosticismo e ateísmo. Por outro lado, o que se concluiu com absoluta certeza é que o número de ateus cresce em algumas áreas do mundo como a Europa, muito em função dos incentivos governamentais daquela região.
            Por outro lado, o Espiritismo, fundamentado nas obras de Allan Kardec, coloca Deus no patamar de um dos princípios básicos de sua doutrina. E como tal, é passível de estudo. Para os Espíritas, não basta apenas crer em Deus, por isso, um de seus pilares é a chamada fé raciocinada.
            Em O Livro dos Espíritos[1], na questão 01, Kardec indaga à plêiade de Espíritos que o ajudaram a assentar a Doutrina Espírita: - Que é Deus? E imediatamente obteve como resposta: - Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.
            O Codificador, na sequência da questão, ainda tentou conceituar Deus como sendo infinito, mas os Espíritos o advertiram de que isso era uma pobreza de linguagem dos homens para definir as coisas que estão acima de sua inteligência. De forma que[2]Deus é infinito em suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo pela própria coisa, e definir uma coisa que não é conhecida, por uma coisa que também não o é”.
            Ainda, Allan Kardec, indagou dos Espíritos onde ele poderia encontrar a prova da existência de Deus, sabendo ser esta uma questão frequente entre aqueles que se dizem ateus. Prontamente, os Espíritos responderam[3] com absoluta convicção: - Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e vossa razão vos responderá. (...) Para crer em Deus basta lançar os olhos sobre as obras da criação. O Universo existe; ele tem, pois, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e adiantar que o nada pôde fazer alguma coisa”.
            Ora, ilógico seria crer que tudo que foi criado na natureza sem a participação do homem surgiu tendo o acaso como causa. Quanto a isso, os Espíritos foram incisivos com Allan Kardec[4]: - “(...) Que homem de bom senso pode olhar o acaso como um ser inteligente? Aliás, que é o acaso? Nada.” Com isso, temos que o Universo é composto por uma harmonia com combinações e fins determinados – e disso não há objeção – que não pode ser fruto de algo sem inteligência, pelo contrário, revela, sem sombra de dúvidas, uma força inteligente. E como diz Kardec: - Um acaso inteligente não seria mais o acaso.
            Também, é de se ressaltar que todos os seres da criação, desde o início dos tempos, trazem uma ideia inata da existência de algo mais entre o céu e a terra. Trazem um sentimento intuitivo do criador do Universo. Para tanto, vale observar a mitologia grega, o antigo Egito, nossos ancestrais africanos, todos estes povos tinham uma crença em algo além da matéria, além do que os olhos veem. E hoje, pelo raciocínio, pelo exercício da fé raciocinada, com observância das evidências que estão diante dos nossos olhos, conseguimos reafirmar que o sentimento intuitivo de outrora, nada mais é que uma das provas da existência de Deus.
            Em outra oportunidade nos ocuparemos da descrição dos atributos da divindade, pois, por agora, basta às pessoas que tomarem conhecimento deste trabalho reflitam se realmente consideram-se ateus.
            Se assim se considerarem, será que são apenas pela comodidade de não precisar ir a um templo religioso qualquer ou porque as religiões não estão lhes satisfazendo a sede de conhecimento? Será que o são para não ter o seu orgulho ferido? Ou quem sabe até pelo próprio egoísmo? Sim, porque se existe algo ou alguém que rege o Universo e faz com que se caminhe em direção a Ele, as pessoas deixam de ser donas de si mesmas e isso acaba por macular as suas ditas “individualidades” e “soberanias”.
            Claro, não se pode deixar de lado, que também existem aquelas pessoas que se põem na condição de ateus diante das injustiças que existem na Terra e passam pelo crivo de Deus. Para estas, apenas relembramos um dos ensinamentos do Mestre Jesus: “A cada um será dado segundo suas obras” (Evagelho segundo João, 15:13).
            Assim, esperamos que a partir de agora, quando observarmos a beleza da natureza exposta nos campos, nos mares, nos astros, na harmonia que existe no Universo, deixemos de lado a postura cerrada de um ateu, e lembremo-nos da inteligência que rege tudo isso. Que nessa toada, possamos render graças a Ele, nosso Pai, que nos criou à sua imagem e semelhança, mas com o seu germe inato para que possamos regá-lo e caminhemos em sua direção, ajudando-nos uns ao outros com a mais pura humildade e verdadeiro desinteresse na prática da caridade.
            Por fim, para quem se interessou pelas linhas aqui apontadas fica o convite para que compareçam à União Espírita Bageense – Caminho da Luz, pois lá possui um Curso de Introdução ao Espiritismo. Trata-se de um grupo de estudos que objetiva instrumentalizar os interessados com uma formação inicial sobre a Doutrina Espírita, sólida e pautada na obra kardequiana, em especial, no O que é o Espiritismo e outras obras fundamentais. O grupo encontra-se aberto a todos os interessados e para inscrição basta comparecer às quartas-feiras, às 19h, na sede da Instituição que se localiza na Av. Gen. Osório, nº 2478.

  

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense e advogado
josearturmaruri@hotmail.com


[1] KARDEC, Allan, O Livros dos Espíritos, Editora IDE, p. 45, questão 01.
[2] KARDEC, Allan, O Livros dos Espíritos, Editora IDE, p. 45, nota à questão 03
[3] KARDEC, Allan, O Livros dos Espíritos, Editora IDE, p. 45, questão 04.
[4] KARDEC, Allan, O Livros dos Espíritos, Editora IDE, p. 46, questão 08.