quarta-feira, 6 de abril de 2011

Compartilhando Conhecimento IV

Olá amigos.

Estou disponibilizando no dia de hoje o trabalho realizado pelo nosso colega Vinícius Lousada e que foi publicado na edição de ontem do Jornal Folha do Sul.

Tenham um bom dia e bons estudos.


Querer com retidão

As metas reais da existência são aquelas que facultam a harmonia que nunca se apresenta como conseqüência do cansaço, em uma arquitetura de paz equívoca, mas de perfeita identificação entre os diversos conteúdos do ser real e o seu reequilíbrio com o ego (...). - Joanna de Ângelis[1]

            Ao longo de nosso processo evolutivo, através das vidas sucessivas, os desafios da sobrevivência e da convivência em coletividade nos obrigaram ao desenvolvimento da inteligência e, por conseqüência, os nossos sentimentos vêm sendo aos poucos burilados, como igualmente, passamos a nutrir emoções melhores, iluminadas pela razão e pela sensibilidade mais educadas.
            Contudo, somos, de um ponto de vista profundo, como o filho pródigo da parábola evangélica. E, por consequência, temos sede da presença de Deus em nós e nos sentimos impulsionados à busca Dele na plenitude que a nossa consciência nos diz sermos destinados.
            Desse modo, trazemos como aspiração transcender a nós mesmos e nos integrarmos com Deus. Essa é uma imagem primitiva universal na alma, arquetípica, sendo uma tendência à autorealização do Espírito mediante a conquista de si mesmo e de sintonia com a Consciência Cósmica.   
            Nessa ânsia, criamos religiões – manifestações multiformes de nossa vivência natural do sagrado –, estabelecemos recursos de bem-estar psicológico e material, nem sempre utilizados ou aproveitados devidamente porque, estando movidos pelo desejo egóico, queremos de forma desconexa com a nossa verdadeira identidade espiritual.
            O que desejamos move-nos no translado da existência. Jesus, sabendo disso como psicoterapeuta sublime, afirmou que aquilo que buscássemos nós encontraríamos[2], revelando-nos uma lei da vida da qual ninguém pode evadir-se, trata-se da Lei de Ação e Reação.
            A reação às nossas ações nasce no campo do pensamento, naquilo do que a alma está cheia ou deseja, projetando-se sobre nós mesmos e fundamentando o nosso roteiro de lutas.
            Portanto, atenta para o que desejas porque em teu potencial criativo, dentro dos mecanismos de retorno no universo, o teu desejo pode tornar-se realidade.
            Procura a identificação do ser espiritual que és e o teu papel no palco da jornada terrena, o que te indicará a forma através da qual podes espalhar compaixão e felicidade por onde passes.
            “A cada um será dado conforme as suas obras”[3] – disse Jesus. É a lei da causalidade que define o retorno em conformidade com a ação empreendida, como um processo educativo que indica o rumo da retidão.
            Reconhecendo a essência divina que habita em ti, não deixa com que o ego em suas ilusões defina a linha de tuas querenças, de teus desejos, obnubilando-te o discernimento e desnaturando as necessidades reais de Espírito imortal.
            Querer com retidão compreende desejar sem apego, almejar com uma maturidade psicológica que consegue distinguir entre o necessário e o supérfluo, impulsionando a vontade para a autoiluminação.
            Portanto, filho de Deus, inspira-te na ética do Cristo e anela a harmonia que nasce do coração em paz e do corpo saudável, como manifestação inequívoca da saúde de tua alma.


Vinícius Lousada – Professor, palestrante e escritor espírita.


[1] FRANCO, Divaldo. Jesus e o evangelho a luz da psicologia profunda. (Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis). Salvador/BA: Leal, 2000, p. 208.
[2] Mateus 7:7.
[3] Mateus 16:27.