terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A Alma da Terra


         
          Está se atravessando um dos períodos mais críticos da existência do ser humano na Terra. O homem, dito pela ciência um ser racional, está acabando com a sua morada.
            Um simples exemplo disso é o “La niña”, um fenômeno oceânico-atmosférico que ocorre nas águas do Oceano Pacífico (equatorial, central e oriental). Uma de suas principais características é o resfriamento (em média de 2 a 3º C) fora do normal das águas superficiais nestas regiões do Oceano Pacífico. Suas consequências são drásticas e, quando acontece nesta época do ano, causam o aumento das chuvas na região Nordeste do nosso país, aumento do frio na costa Oeste dos Estados Unidos, aumento das chuvas na costa Leste da Ásia e aumento do frio no Japão, tudo em função da grande concentração de gás carbônico em nossa atmosfera. E quem libera gás carbônico em demasia? O ser humano.
            Em tempos assim costuma-se ouvir nos diversos meios de comunicação muitos chamamentos e alertas, tais como: - O Planeta Terra pede socorro! A Terra não aguenta mais tanto sofrimento! A natureza está alertando!
            Encarando dessa forma, mais parece que a Terra é um ser vivo e que detém uma alma, afinal, só quem está vivo pede socorro e só que tem alma pode sofrer.
            Para alguns filósofos, a Terra e todos os planetas são seres animados, fundando-se no princípio de que tudo vive na natureza, desde o mineral até o homem.
            Por outro lado, Allan Kardec, em publicação na Revista Espírita do mês de setembro de 1868, lança alguns questionamentos e pondera com os esses filósofos lançando a seguinte indagação: se até mesmo as espécies mais simples de animais (um pulgão, por exemplo), detêm liberdade de fazer tudo que melhor lhe aprazem, por que a Terra estaria condenada a movimentos automáticos, sem jamais poder afastar-se de sua rota? Enfim, a Terra não detém um Espírito que lhe anima a natureza, o que ela possui é o princípio espiritual que anima os seus habitantes, “do mineral até o homem”.
            Para ser mais claro, o que melhor se apresenta em termos de plausibilidade, pelo menos dentro da Ciência Espírita, é que o Planeta Terra não detém uma alma própria, porque ela não é um ser organizado, como os que são dotados de uma vida. O que ela possui são milhões de espíritos, encarnados e desencarnados, os quais são encarregados por Deus de sua harmonia, de sua vegetação, de seu calor, etc. Esta congregação de irmãos formaria (e forma) a “alma” da Terra, como força de expressão.
            Analisando desse enfoque, reparemos o tamanho de nossa responsabilidade dentro de um contexto, em termos de consciência ambiental.
            Ainda, dentro desse contexto, existem aqueles Espíritos que presidem tudo isso, como os funcionários de um governo presidem cada uma das engrenagens dessa administração.
            Mas aí alguém perguntaria: - E por que eles permitem que aconteçam catástrofes climáticas como as que presenciamos de tempos em tempos? Ora, alguém não está fazendo a sua parte e, infelizmente, parece que quem não está contribuindo para um meio ambiente saudável somos nós, espíritos encarnados que ainda não conseguimos sequer separar o lixo doméstico em orgânico e reciclável.
            Diversas comunicações confirmaram esta maneira de encarar a “alma” da Terra. Elas foram dadas em diversos lugares para reforçar de que não se tratava de alguma farsa, mas Allan Kardec publicou apenas uma comunicação da qual destacaremos apenas um trecho que define o que foi exposto de forma singular (Revista Espírita, Setembro de 1868, p. 366):
            Os habitantes da Terra não trabalham por sua melhoria material? Considerai, então, todos os Espíritos encarnados como fazendo parte do que estão encarregados de fazê-la progredir, ao mesmo tempo que progridem. É a coletividade de todas essa inteligências, encarnadas e desencarnadas, inclusive o delegado superior, que constitui, a bem dizer, a alma da Terra, da qual cada um de vós faz parte. Encarnados e desencarnados são as abelhas que trabalham na edificação da colméia, sob a direção do Espírito-chefe. Este é a cabeça, os outros são os braços”.
            Dessa forma, o que deve ser considerado é que nós somos peça chave na engrenagem que sustenta a nossa morada. Se não preservarmos o nosso meio ambiente seremos os responsáveis pelo desfalecimento do berço que nos acolheu, conforme nosso merecimento e vontade de nosso Pai.
            Portanto, caso queiramos, um ambiente saudável e pleno para as gerações vindouras, bem como para nossas próximas reencarnações necessárias ao nosso próprio progresso, tratemos de preservar o que nos resta e lutar incansavelmente contra os irmãos que ainda insistem em delinquir e que acabam causando verdadeiras barbáries contra a fauna e a flora do nosso Planeta Terra.
            E não esqueçamos: nós fazemos parte da engrenagem que forma a alma da Terra.


José Artur M. Maruri dos Santos
Advogado e Colaborador da União Espírita Bageense