Invariavelmente os adeptos do Espiritismo e o
Espiritismo propriamente dito são atacados por pessoas ligadas a outras
religiões. E isto é inevitável, dado o grau de evolução que a Terra ainda se
encontra.
Nem todo mundo, também, é simpático
às novas ideias alardeadas pela Doutrina Espírita, entre elas a pluralidade das
existências, a continuidade da vida espiritual após o falecimento do corpo
físico, a possibilidade de comunicação com os Espíritos, entre outras.
Neste último ponto, então, é onde
reside a maior onda de ataques, porque, segundo alguns, a comunicabilidade com
os Espíritos é que torna o Espiritismo obra do chamado “demônio”.
Mas o que seria ou quem seria este
tal “demônio”?
A doutrina dos demônios tem sua origem
na antiga crença nos dois princípios, do bem e do mal. Tal doutrina desempenhou
ao longo dos séculos grande papel entre todos os povos politeístas. Daí, que
ela acabou sendo importada para o seio da Igreja Católica Apostólica Romana,
assim como diversas outras crenças pagãs.
Para a Igreja, Satã, o chefe ou o rei
dos demônios, não é uma personificação alegórica do mal, mas um ser real,
fazendo exclusivamente o mal, ao que Deus faz exclusivamente o bem.
Segundo Allan Kardec na obra O Céu e
o Inferno, capítulo 9, item 7, se assumirmos a questão da forma colocada até os
dias de hoje pela Igreja Católica e outras religiões, “Satã, de toda a
eternidade, é igual a Deus, ou posterior a Deus? Se ele é de toda a eternidade,
é ‘incriado’ e, por consequência, igual a Deus. Deus, então, não é mais único;
há o Deus do bem e o Deus do mal”.
O Espiritismo, para a Igreja e outras
religiões, através da comunicabilidade com os Espíritos é guiado pelo demônio.
No entanto, considerando-se os sábios ensinamentos dados pelos Espíritos e o
grande número de pessoas que são conduzidas a Deus por seus conselhos, como é
possível acreditar que seja obra do demônio?
Nesse sentido, Allan Kardec, na obra
“Viagem Espírita em 1862” referiu que “o demônio seria bem desastrado, porquanto,
quem melhor do que ele para arrebatar os que não creem em Deus, nem em sua
alma, nem na vida futura e, por conseguinte, fazer contra eles tudo quanto
quisesse? É possível estar mais fora da Igreja do que aquele que em nada crê,
embora batizado? O demônio não tem, pois, nada a fazer para atraí-lo e seria
muito tolo se ele próprio conduzisse o incrédulo a Deus, à prece e a todas as
crenças que o podem desviar do mal, pelo simples prazer de fazê-lo cair depois.
Esta doutrina dá uma ideia muito triste do diabo, representado como um ser tão
astuto, tornando-o, em verdade, bem pouco temível”.
Assim, a doutrina dos demônios se
refuta por si mesma, gozando de pouco crédito, mesmo entre os indiferentes. Em
breve, seu tempo será passado, e aqueles que a preconizam, ainda, terminarão
por abandoná-la, quando virem que ela lhes causa mais prejuízo do que
benefícios.
Noutra oportunidade, nos reportaremos
aos demônios, no entanto, sob a ótica do Espiritismo.
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 14 e 15 de dezembro de 2013.