Na próxima semana, no dia 25 de dezembro, cristãos
do mundo inteiro irão reunir-se para celebrar a data eleita para simbolizar o
nascimento de Jesus.
Ainda que um fato seja a concepção de
Jesus e outro, bem diferente, seja o seu nascimento, ambos estão conectados e
nos remetem a uma passagem bíblica (Lucas,1:26-38) que descreve como Maria foi
envolvida pelo Espírito Santo, para que viesse a conceber Jesus. De forma que
Jesus teria tido uma origem divina com um caráter miraculoso e antinatural.
Para entendermos verdadeiramente o
porquê disso tudo é necessário que voltemos ao período pré-cristão. Época em
que os povos ditos pagãos celebravam, no mesmo dia 25 de dezembro, o nascimento
anual do Deus Sol que se dava no solstício de inverno (natalis invicti Solis).
Ocorre que, no terceiro século d.C,
visando à conversão dos povos pagãos sob o domínio do Império Romano, a Igreja
Católica adaptou as comemorações pagãs passando a celebrar o nascimento de
Jesus de Nazaré. Por isso, até os dias de hoje, muitos não-cristãos também
celebram no feriado natalino.
Nessa linha, era necessário que
fossem retiradas todas as razões naturais do nascimento de Jesus oferecendo a
ele um nascimento digno dos deuses mitológicos de Grécia e Roma, que tiveram
nascimentos tão especiais quanto exóticos, mas totalmente irreais, refletindo
apenas o imaginário lúdico ou fantasioso dos pensadores de diversas épocas.
Outra vertente refere como sendo
compreensível que tendo sido a sexualidade vista como coisa impura pela
impureza visual e sentimental humana, desde os tempos mais remotos, parecia
verdadeiro “sacrilégio” crer que um Espírito Sublime, como o era Jesus, pudesse
assumir um biótipo pelos mesmos canais pelos quais chega à Terra qualquer outra
criatura humana.
Raul Teixeira, médium de relevantes
serviços prestados ao Espiritismo, refere que “não há nenhum motivo lógico para que tenhamos vergonha de considerar e
refletir a respeito da sexualidade na via de todo e qualquer Espírito, se Deus,
o Criador, não se envergonha de havê-la criado e implantado em todos os seres,
a fim de que pudessem dar conta dos fenômenos reprodutivos no planeta”.
O que não impedia que Maria de Nazaré
tivesse contado com toda a assistência celestial de luminosas Entidades
administradoras do progresso do mundo (Espírito Santo) que ofereceram o
respaldo necessário para tal acontecimento.
No entanto, o próprio Nazareno
afirmou (Mateus, 5:17-18): “Não penseis
que vim destruir a lei e os profetas; eu não vim destruí-los, mas dar-lhes
cumprimento”.
Assim, Raul Teixeira reafirma que a
visão do Espiritismo acerca da concepção de Jesus Cristo não pode ser outra
senão a das vias naturais. Segundo ele, “o
ser humano Jesus viveu num corpo eminentemente físico, e, por isso, teve que
ser gerado como o são todos os corpos físicos nascidos no planeta. Caso
contrário, o Senhor já começaria a Sua chegada ao mundo desmentindo o que
afirmou no texto do Capítulo 5, do Evangelista Mateus”. (Os Evagelhos e o
Espiritismo. Divaldo P. Franco e Raul Teixeira. p.51)
Enfim, ficam os votos de que neste
natal possamos rememorar e vivenciar um dos maiores legados deixados por Jesus
para os habitantes da Terra: o amor ao próximo.
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé, que circulou entre os dias 21 e 22 de dezembro de 2013.