Nos últimos tempos, principalmente entre os
mais jovens, nota-se o crescimento do número daquelas pessoas que dizem crer
apenas em uma “força superior que rege o Universo”. Que pode até ser Deus, mas
não se preocupam em investigar se esta força será Ele ou não.
Essas pessoas fazem com que
recordemos de uma doutrina chamada de “deísmo independente”. O deísmo
propriamente dito compreende duas categorias bem distintas de crentes: os
“deístas independentes”, já citados, e os “deístas providenciais”.
Os deístas independentes crêem em
Deus e admitem seus atributos como criador. Deus, dizem eles, estabeleceu as
leis gerais que regem o Universo, mas essas leis, uma vez criadas funcionam
sozinhas e seu autor não se ocupa mais de nada. As criaturas fazem o que querem
ou o que podem, sem que com isso se inquietem e Deus, não se ocupando conosco,
nada há a agradecer-lhe, nem a pedir-lhe.
Como aqueles que creem em uma força superior
que rege o Universo, os deístas independentes acabam por negar toda intervenção
da providência na vida do homem. São como crianças que se creem bastante
razoáveis para se livrarem da tutela, dos conselhos e da proteção de seus pais,
ou que pensariam que seus pais não devem mais se ocupar delas, desde que as
colocou no mundo.
Nas palavras de Allan Kardec, em
Obras Póstumas, “esta crença é resultado do orgulho; é sempre o pensamento de
estar submetido a uma força superior que melindra o amor-próprio e da qual
procura libertar-se. Ao passo que uns recusam absolutamente essa força, outros
consentem em reconhecer a sua existência, mas a condenam à nulidade”.
Não se pode deixar de lado, também,
que há uma diferença essencial entre o deísta independente e o deísta
providencial; este último, com efeito, crê não só na existência e no poder
criador de Deus, na origem das coisas; crê ainda em sua intervenção incessante
na criação e a pede, mas não admite o culto exterior e o dogmatismo atual.
É muito fácil apenas crer na tal
força superior que rege o Universo e não se ocupar mais dela, porque, em tese,
ela não se ocupa mais das criaturas depois de criá-las. É tão prático quanto à
vida moderna, cheia de imediatismos que tem como único caminho o egoísmo cruel
e obscuro.
Deus, inteligência suprema e Criador
do Universo, é soberanamente justo e infinitamente bom, não tendo nem início e
nem fim. Dada a nossa inferioridade, conseguimos conceber apenas alguns dos
atributos da divindade, mas sem cogitar de decifrá-la, não por dogmatismo, mas
por falta de instrumentos para lograr êxito no intento.
Ainda assim, podemos auxiliá-Lo na Sua
obra de regeneração do planeta Terra, pois no âmbito de Sua infinita
benevolência enviou, como modelo e guia para a humanidade, um de seus filhos
mais evoluídos: o bom mestre Jesus de Nazaré.
Enfim, sigamos os passos do Cordeiro
Divino e busquemos em seus exemplos magnânimos afastar-nos das chagas do
egoísmo e do orgulho, nos dissociando das trevas e nos unindo ao caminho da
luz.
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé, na edição que circulou entre os dias 27 e 28 de julho e que também pode ser acompanhada pelo MinuanoOnline.