sexta-feira, 5 de setembro de 2014

CHICO XAVIER - O APÓSTOLO DA HUMILDADE*

Francisco Cândido Xavier

O último dia 02 de abril marcou a data do aniversário natalício de um dos maiores divulgadores do Espiritismo em solo brasileiro. O inesquecível Francisco de Paula Cândido, mais conhecido como Chico Xavier.
            
Através de sua mediunidade, psicografou 468 livros, sendo que 7 deles venderam mais de 50 milhões de exemplares, o elevando ao patamar de escritor brasileiro de maior sucesso comercial da história.
            
No entanto, sempre cedeu todos os direitos autorais dos livros, em cartório, para instituições de caridade. Também psicografou cerca de dez mil cartas, nunca tendo cobrado qualquer valor a quaisquer dos destinatários. Seus empregos foram vendedor, operário fabril e datilógrafo.
            
Chico Xavier teve seu primeiro contato com o Espiritismo em 1927, quando sua madrasta desencarnou, e se deparou com a insanidade mental de uma de suas irmãs que se descobriu, mais tarde, ser causada por uma obsessão espiritual.  Por orientação de um amigo, Chico buscou estudar o fenômeno no Espiritismo, logo abandonando o catolicismo e tornando-se espírita.
            
Em 1931, em Pedro Leopoldo, iniciou a psicografia da obra Parnaso de Além-Túmulo. Esse ano, que marca a "maioridade" do médium, é o ano do encontro com seu amigo espiritual Emmanuel, "...à sombra de uma árvore, na beira de uma represa..." (SOUTO MAIOR, 1995:31). O benfeitor espiritual informa-o sobre a sua missão de psicografar uma série de trinta livros e explica-lhe que para isso são lhe exigidas três condições: "disciplina, disciplina e disciplina".
            
Em 1943, veio ao público uma das obras mais populares da literatura espírita no país, o romance Nosso Lar. A obra foi a mais vendida e divulgada entre todas psicografadas pelo médium. Em 2010, ela se tornou filme e rumou para os cinemas de todo o país. Essa foi a primeira obra de uma séria de livros de autoria do Espírito André Luiz.
            
Nesse período, Chico Xavier tornou-se conhecido em todo o país e cada vez mais pessoas passaram a procurá-lo em busca de curas e mensagens, transformando a pequena cidade de Pedro Leopoldo em um centro informal de peregrinação.
            
A década de 70 foi marcada pela participação de Chico Xavier em programas de televisão, ficando famosa a entrevista concedida ao vivo ao programa Pinga Fogo da TV Tupi, em 28 de julho de 1971. Na época, a entrevista conseguiu a maior audiência da história da televisão brasileira. 
            
O médium morreu aos 92 anos de idade, em decorrência de parada cardiorrespiratória, no dia 30 de junho do ano de 2002.
            
Conforme relatos de amigos e parentes próximos, Chico dizia que iria desencarnar em um dia em que os brasileiros estivessem muito felizes e em que o país estivesse em festa, para assim o desencarne dele não causar qualquer comoção. Exatamente naquele dia o país festejava a conquista da Copa do Mundo de futebol - ele desencarnou cerca de nove horas depois da partida vencida pelo Brasil diante da Alemanha no Japão e o povo brasileiro tomava às ruas em comemoração.
            
O então presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, emitiu nota sobre a morte do médium: "Grande líder espiritual e figura querida e admirada pelo Brasil inteiro, Chico Xavier deixou sua marca no coração de todos os brasileiros, que ao longo de décadas aprenderam a respeitar seu permanente compromisso com o bem estar do próximo".
            
Não basta investigar fenômenos, aderir verbalmente, melhorar a estatística, doutrinar consciências alheias, fazer proselitismo e conquistar favores da opinião, por mais respeitável que seja, no plano físico. É indispensável cogitar do conhecimento de nossos infinitos potenciais, aplicando-os, por nossa vez, nos serviços do bem”. (Trecho do autor espiritual Emmanuel extraído da apresentação da obra Nosso Lar, psicografada por Chico Xavier)

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano que circulou em Bagé/RS e região entre os dias 05 e 06 de abril de 2014 e que também pode ser acompanhado por AQUI.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

OS NOVOS CONCEITOS DE FAMÍLIA*


A Constituição Federal de 1988 introduziu no seio da sociedade brasileira uma série de modificações, mas algumas, por seu maior realce, despontaram de forma significativa. Entre elas está a supremacia da dignidade da pessoa humana lastreada no princípio da igualdade e da liberdade, grandes artífices do novo Estado Constitucional – Democrático – de Direito que foi implantado no País.
            
Nesse meio, com o direito à dignidade garantido constitucionalmente está o ser humano e todos aqueles que são afins, seus entes queridos, formando um modelo que podemos denominar de família.
            
No entanto, não estamos mais nos referindo a uma família naquele modelo convencional com um homem e uma mulher unidos pelo casamento e cercados de filhos. Nem mesmo, o direito a assim reconhece atualmente. O afrouxamento dos laços entre Estado e Igreja acarretou profunda evolução social e a mutação do próprio conceito de família. Hoje, é necessário ter uma visão pluralista de família, abrigando os mais diversos arranjos familiares, exatamente porque se tratam de Espíritos afins, com escolhas próprias e modos de vida peculiares que se reúnem em torno de um sentimento maior.
            
O novo modelo de família funda-se sobre o pilar da afetividade. Segundo Maria Berenice Dias, Juíza de Direito já aposentada e escritora, “a tônica reside no indivíduo, e não mais nos bens ou coisas que guarnecem a relação familiar. A família-instituição foi substituída pela família-instrumento, ou seja, ela existe e contribui tanto para o desenvolvimento da personalidade de seus integrantes como para o crescimento e formação da própria sociedade, justificando, com isso, a sua proteção pelo Estado”.
  
Maria Berenice Dias
Em março de 1865, Allan Kardec já vislumbrava a entidade familiar como uma união de seres simpáticos entre si e unidos por uma comunhão de ideias, denotando a respeitabilidade com que o Espiritismo trata esta célula tão importante, jamais desprezando-a.
    
Allan Kardec
Na realidade, o que se pode observar é que as pessoas estão passando a viver em uma sociedade mais tolerante, com mais liberdade, buscando realizar o sonho de serem felizes sem se sentirem premidas a permanecer em estruturas prestabelecidas e engessadoras. Findaram-se os casamentos de “fachada”, não mais se justificando relacionamentos paralelos, nascidos do medo da rejeição social. Trata-se da era da democratização dos sentimentos, onde impera o respeito mútuo e a liberdade individual.
            
“Diz você que a casa onde reside é uma forja de sofrimento pela incompreensão dos familiares que lhe ignoram os ideais; contudo, se você quiser servir com paciência e bondade, ajudando a cada um sem reclamar retribuição, embora pouco a pouco, passarão todos eles a conhecer-lhe os princípios, através de seus atos, convertendo-se-lhe o lar em ninho de bênçãos”.

(Referências: Maria Berenice Dias; Manual de Direito das Famílias. Allan Kardec; Revista Espírita; Março de 1865. Espírito André Luiz; Obra O Espírito da Verdade; Chico Xavier e Waldo Vieira)

           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada no Jornal Minuano que circulou em Bagé/RS e região entre os dias 29 e 30 de março de 2014 e que também pode ser acompanhada por AQUI.