segunda-feira, 4 de julho de 2011

Quando a morte chega - por Gianni Salvini


        
        A certeza que existe algo após a morte é latente na maioria dos homens. A história nos mostra que a humanidade sempre teve essa preocupação com o que acontece no momento da morte. Para os mais espiritualizados, a certeza de uma vida futura talvez fizesse com que essa preocupação ou temor deixasse de existir. Será?
        “Há muita gente que teme não a morte, em si, mas o momento da transição. Sofremos ou não nessa passagem? Por isso se inquietam, e com razão, visto que ninguém foge à lei fatal dessa transição.” [1]
        Enquanto presenciamos a calma de alguns e as convulsões de outros no momento da morte, podemos de início, afirmar que as sensações não são as mesmas para todos.
        Estudando a doutrina espírita através das obras de Kardec, entendemos que a alma é o Espírito encarnado e que é ela quem sofre e sente e não o corpo material.
        Além da alma existe o perispírito. O Perispírito serve de envoltório para a alma e ao mesmo tempo penetra o corpo em todas suas partes. Serve de veículo para as sensações da alma e é por ele que a alma dirige o corpo. É o perispírito que prende o corpo à alma.
        O corpo nada mais é que um instrumento para a alma.
       Com a extinção da vida orgânica ocorre a separação da alma com o corpo, porém esta separação nunca é brusca. “O fluido perispiritual só pouco a pouco se desprende de todos os órgãos, de sorte que a separação só é completa e absoluta quando não mais reste um átomo do perispírito ligado a uma molécula do corpo. A sensação dolorosa da alma, por ocasião da morte, está na razão direta da soma dos pontos de contacto existentes entre o corpo e o perispírito, e, por conseguinte, também da maior ou menor dificuldade que apresenta o rompimento.” [2]
        Então resumidamente define-se que o sofrimento que acompanha a morte, está subordinado a força adesiva que une o corpo ao perispírito.
        O desprendimento do Espírito com o corpo pode começar mesmo antes da morte real, nos casos de doença e velhice. Nesse caso os laços entre corpo e almas já estão se afrouxando pouco a pouco. 
        Logo após o desprendimento, inicia-se também, um processo chamado de perturbação. Um estado em que a alma quase nunca presencia conscientemente o último suspiro do corpo. Este estado pode perdurar por horas, até alguns anos, dependendo de diversos fatores.
        Existem casos em que o Espírito após se libertar do corpo, não se dá conta que está livre e continua apegado ao corpo material. Assiste seu funeral, acompanha o enterro e não compreende o que está acontecendo. Sofre com as lamentações de amigos e acredita estar vivo ainda.
        No caso dos suicidas os laços ficam presos quase que com todas suas forças e ele, o Espírito, tem sofrimentos terríveis.       
        Quanto à facilidade de se desprender do corpo, esta é proporcional ao estado moral da alma. Em outras palavras, ao homem que vive exclusivamente dedicado aos gozos materiais o desprendimento é difícil e penoso, ao passo que quanto mais identificado com a vida espiritual, menos apegado a matéria, este força de coesão entre alma e corpo é atenuada.
        Existem vários outros fatores que definem e explicam este momento. São tratados com muita clareza, nas obras de Kardec: O céu e o Inferno, O livro dos Espíritos e na Revista Espírita.
        Todos voltarão ao mundo espiritual, e para que este momento não seja penoso, ou demorado, devemos desde já nos elevar em pensamentos e atos. Reprimir as más tendências, dominar os vícios e as paixões. “Preciso se faz que abdique das vantagens imediatas em prol do futuro, visto como, para identificar-se com a vida espiritual, encaminhando para ela todas as aspirações e preferindo-a à vida terrena, não basta crer, mas compreender.”[3]
        Através da prece sincera, podemos auxiliar companheiros que passam por este momento de transição, abreviando-lhes o momento de perturbação. Fazendo com que compreendam em que estado se encontram. Que vivem agora a verdadeira vida. A vida espiritual.
        A vida futura é uma realidade.

Gianni Salvini
Colaborador da União Espírita Bageense
sgtsalvini@hotmail.com


[1] Kardec, Allan. O céu e o Inferno. 58º Ed. Rio de Janeiro: Federação espírita Brasileira. 2005.
[2]  Kardec, Allan. O céu e o Inferno. 58º Ed. Rio de Janeiro: Federação espírita Brasileira. 2005. 
[3] Kardec, Allan. O céu e o Inferno. 58º Ed. Rio de Janeiro: Federação espírita Brasileira. 2005.