sexta-feira, 26 de agosto de 2016

PELO LIVRE PENSAR


As idéias novas são acompanhadas pela resistência daqueles que não admitem o livre pensar. Mas, por que devemos nos submeter a um estado de coisas imutável?
            
Se admitíssemos viver num lugar onde o direito de pensar nos fosse tolhido jamais haveria a evolução e o progresso.
            
No entanto, estamos imersos na lei do progresso e mesmo contra a vontade daqueles que não tem interesse em que a sociedade avance, surge no horizonte uma aurora onde as relações humanas terão como base o amor e o afeto.
            
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, assim exprimiu-se: “De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que abrange a de consciência. Lançar alguém anátema sobre os que não pensam como ele é reclamar para si essa liberdade e negá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: a caridade e o amor ao próximo”.
            
Não se pode buscar constranger quem quer que seja a atos exteriores semelhantes aos nossos, porque isso é mostrar que se oferece mais valor à forma do que ao fundo, mais às aparências do que à convicção.
            
A verdade é senhora de si: convence e não persegue, porque não precisa perseguir.
            
Em outra oportunidade, nesse mesmo espaço, dissemos que ao Espiritismo não interessa fazer proselitismo. E hoje reafirmamos. Porém, como nas palavras do próprio codificador, “o Espiritismo é uma opinião, uma crença; fosse até uma religião, por que se não teria liberdade de se dizer espírita, como se tem a de se dizer católico, protestante, ou judeu, adepto de tal ou qual doutrina filosófica, de tal ou qual sistema econômico?
            
Todos, sem exceção, num estado democrático – e constitucional – de direito tem a liberdade de pensar, onde se abrange a consciência. Ainda assim, por muito tempo o Espiritismo foi perseguido mundo afora, inclusive no Brasil. E assim como ele o foi, outros, em outras vertentes do pensamento, estão sendo, o que se poderia tratar, hoje, como inimaginável.
            
Foi, então, nessa linha que Allan Kardec referiu que “a perseguição é o batismo de toda ideia nova, grande e justa e cresce com a magnitude e a importância da idéia”. O furor e o desabrimento dos seus inimigos são proporcionais ao temor que ela lhes inspira. O Cristianismo foi perseguido, em outros tempos, pelos pagãos, e o Espiritismo, perseguido pelo próprio Cristianismo.
            
Pelo livre pensar, fiquemos com o exemplo dos primeiros cristãos que carregaram suas cruzes com altivez e creiamos em Jesus, que disse: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, que deles é o Reino dos Céus. Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma” Ele disse, também: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos fazem mal e orai pelos que vos perseguem”.
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(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 51. FEB Editora. p. 351-352).

           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O ESPIRITISMO NÃO FAZ PROSÉLITOS*

 
Allan Kardec
          
“Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro senão o de Jonas – (São Mateus)”.
            
Assim como os habitantes da Terra à época de Jesus que o incitavam à prática de prodígios, ainda hoje, os indivíduos aguardam, não apenas do Espiritismo, mas de Deus, que se operem curas e resultados miraculosos.
            
É inegável a ânsia que a sociedade atual nutre de que Deus e os Espíritos benfazejos sirvam aos seus próprios interesses. E bem sabemos que os nossos interesses ainda são bastante mesquinhos e doentes, porque ainda não nos é dado conhecer as causas das conseqüências que estamos enfrentando.
            
No entanto, dizem os detratores do Espiritismo: “De qual meio dispõe o Espiritismo para nos convencer? No próprio interesse da Doutrina dos Espíritos, não é desejável fazer adeptos?”
            
Quanto a isso, Allan Kardec referiu na edição de janeiro de 1858 da Revista Espírita: “Os Espíritos não gostam dos orgulhosos. Convencem quem eles querem; quanto aos que crêem em sua importância pessoal, demonstram o pouco caso que disso fazem não lhes dando ouvidos”.
            
Ainda assim, na mesma edição da Revista Espírita, quando indagados por Allan Kardec, responderam os Espíritos: “Pode-se pedir aos Espíritos sinais materiais como prova de sua existência e de seu poder? Resp. ‘Pode-se, sem dúvida, provocar certas manifestações, mas nem todos estão aptos a isso e frequentemente não obtendes o que pedis; eles não se submetem aos caprichos dos homens”.
            
“Quando alguém pede esses sinais para se convencer, não haveria utilidade em satisfazê-lo, pois que seria um adepto a mais? Resposta: ‘Os Espíritos não fazem senão o que querem, e o que lhes é permitido; falando e respondendo as vossas perguntas, atestam a sua presença; isto deve bastar ao homem sério que busca a verdade na palavra”.
            
Ao contrário do que muitos pensam, desde os tempos de Allan Kardec, não é dado ao Espiritismo fazer proselitismo, ou seja, utilização de prodígios na busca por mais adeptos à nova crença.
            
Aqueles que estiverem dispostos a conhecer as verdades inseridas nas palavras trazidas pelos benfeitores espirituais serão reconhecidos pela caridade que deles irá derivar e, estes sim, serão os verdadeiros adeptos do Espiritismo.
            
“(...) diz hoje o Espiritismo a seus adeptos: não violenteis nenhuma consciência; a ninguém forceis para que deixe a sua crença, a fim de adotar a vossa; não anatematizeis os que não pensam como vós; acolhei os que venham ter convosco e deixai tranquilos os que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo. Outrora, o céu era tomado com violência; hoje o é pela brandura”. Allan Kardec.

(Referências: Allan Kardec. Revista Espírita. Janeiro de 1858. FEB Editora. p. 51. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 25. Item 11. FEB Editora. p. 304).

           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 06 e 07 de junho de 2015 e que também pode ser acompanhada pelo jornalminuano.com.br.