sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONDIÇÃO DA MULHER II*





É importante que continuemos a manifestar algumas considerações sobre a mulher segundo o Espiritismo. Já na semana passada, utilizamo-nos deste espaço para lembrar a passagem do dia 24 de fevereiro de 1932, oportunidade em que a mulher teve direito ao voto no Brasil.
             
Houve um período sobre a Terra em que era colocada em dúvida a existência de alma na mulher. Nessa época, chegou-se a colocar em deliberação num concílio se a mulher era um ser humano dotado de alma. A negação ainda é um princípio de fé em certos povos nos dias de hoje.
             
Este período sombrio da nossa história trouxe graves reflexos porque o preconceito advindo da suposta inferioridade moral da mulher perpetuou-se ao ponto da inferioridade moral ser transformada em inferioridade legal, levando-se anos a fio para alterar essa condição na busca da igualdade de gêneros, sob o amparo da lei.
             
Como dissemos já na semana passada, ainda assim, alguns homens que vivem atualmente, porém com seus modos nos séculos passados, acreditam ter autoridade sobre as mulheres as taxando, inclusive, de suas, as relegando a uma condição de propriedade. Isso, também, nada mais é que um reflexo de um período obscuro da história da humanidade.
             
Disse Allan Kardec na edição de janeiro de 1866 da Revista Espírita: “Não obstante, o progresso das luzes resgatou a mulher na opinião. Muitas vezes ela se afirmou pela inteligência e pelo gênio e a lei, conquanto ainda a considerasse menor, pouco a pouco afrouxou os laços da tutela. Pode-se considerá-la como emancipada moralmente, se ainda não o é legalmente. É a este último resultado que ela chegará um dia, pela força das coisas”.
             
A doutrina materialista sempre relegou a mulher a uma inferioridade natural, da qual só poderia ser elevada pela boa vontade do homem. Para tal doutrina, a mulher não detinha alma e, se a detivesse, extinguindo-se a vida ela se perderia no todo universal. Assim, só restaria a mulher a fraqueza corporal que a colocaria na dependência do mais forte.
            
A doutrina espiritualista vulgar, por sua vez, reconhece a existência da alma individual e imortal, mas é impotente para provar que não há diferença entre a do homem e a da mulher. Inclusive, certos dogmas dessas doutrinas devem ser praticados exclusivamente pelos homens.
             
Para Allan Kardec “com a Doutrina Espírita, a igualdade da mulher não é mais uma simples teoria especulativa; já não é uma concessão da força à fraqueza, mas um direito fundado nas próprias leis da Natureza. Dando a conhecer essas leis, o Espiritismo abre a era da emancipação legal da mulher, como abre a da igualdade e a da fraternidade”.
             
Neste final de semana dedicado à mulher, onde se observa a celebração pelo dia internacional que lhe é dedicado, resta-nos refletir sobre sua condição no mundo atual e, assim, buscarmos restaurar diariamente seus direitos na luta contra a violência doméstica e a discriminação no ambiente de trabalho e, também, na busca por uma maior participação na política e pela sua saúde integral.
             
“Pobres homens! Se refletísseis que os Espíritos não têm sexo; que aquele que hoje é homem pode ser mulher amanhã; que escolhem indiferentemente, e por vezes de preferência, o sexo feminino, antes deveríeis regozijar-vos que vos afligir com a emancipação da mulher, e admiti-la no banquete da inteligência, abrindo-lhe de par em par todas as portas da Ciência, porque ela tem concepções mais finas, mais suaves, toques mais delicados que os do homem. (Revista Espírita, junho de 1867)”
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, entre os dias 07 e 08 de março de 2015 e que também pode ser acompanhada pelo portal jornalminuano.com.br.