sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

TRANQUILIDADE*

É notável a preocupação estabelecida entre todos os seres que compõem a sociedade com a economia do Brasil. Especialistas em economia, jornalistas, leigos, tentam entender o porquê das subas nos preços dos produtos e assim por diante.
            
Afora isso, a população, ensandecida pela busca de manter-se numa condição social desejável, faz o que pode e o que não pode para obtenção de recursos financeiros. Fadigados, esquecem-se da Providência Divina.
            
Já nos disse Jesus: “não acumuleis tesouros na Terra, onde a ferrugem e os vermes comem e onde os ladrões os desenterram e roubam; acumulai tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem os vermes os comem; porquanto, onde está o vosso tesouro aí está também o vosso coração”.
            
Ocorre que o homem não se contenta com o que tem e busca sempre o supérfluo. E nessa busca desenfreada afadiga-se na busca da posse do ouro.
            
E quando se fala isso, não se está fazendo apologia ao ócio, muito pelo contrário, crer na Providência Divina significa que Deus conhece as nossas necessidades e a elas provê, como for necessário. No entanto, é necessário trabalhar sob o amparo da inteligência que nos foi concedida, porque fomos criados sem vestes e sem abrigo, mas tivemos o dom da inteligência para fabricá-los.
            
Jesus lecionava: “Não vos afadigueis por possuir ouro, ou prata, ou qualquer outra moeda em vossos bolsos. Não prepareis saco para a viagem, nem dois fatos, nem calçados, nem cajados, porquanto aquele que trabalha merece sustentado”.
            
Que seja chegada a hora de ligarmos maior importância para os bens espirituais do que aos materiais. Com isso, teremos tranqüilidade e paz de consciência.
            
Em favor de sua paz, conserve fidelidade a si mesmo. Lembre-se de que, no dia do calvário, a massa aplaudia a causa triunfante dos crucificadores, mas o Cristo, solitário e vencido, era a causa de Deus”.

(Referências: Chico Xavier e Waldo Vieira por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. 129-130. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Cap. 25. Item 9, p. 302).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano que circulou, em Bagé e região, entre os dias 25 e 26 de julho de 2015 e que também pode ser acompanhada pelo portal jornalminuano.com.br.

O FILHO DO ORGULHO*

Cairbar Schutel
O melindre, segundo o Dicionário Michaelis, entre outras definições, significa “cuidado extremo em não magoar ou ofender por palavras ou obras”.
            
Comumente deparamo-nos com pessoas que se sentem “melindradas” em instituições e repartições. Invariavelmente, os indivíduos que se melindram julgam-se mais importantes que a própria obra ou ação.
            
É um jovem aconselhado pelo irmão amadurecido e que se descontenta, rebelando-se contra o aviso da experiência; é uma pessoa que se sente desatendida ao procurar o companheiro de cuja cooperação necessita, nos horários em que esse mesmo companheiro, por sua vez, necessita trabalhar a fim de prover a própria subsistência; ou, então, um amigo que não se viu satisfeito ante a conduta do colega, na instituição, e deserta, revoltado, englobando todos os demais em franca reprovação, incapaz de reconhecer que essa é a hora de auxílio mais amplo.
            
O Espírito Cairbar Schutel alerta que “o melindre gera a prevenção negativa, agravando problemas e acentuando dificuldades, em vez de aboli-los. Essa alergia moral demonstra má vontade e transpira incoerência, estabelecendo moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma”.
            
Segundo o próprio espírito supracitado, o melindre é “filho do orgulho” e propele a criatura a situar-se acima do bem. E o orgulho, como tal, é o terrível adversário da humildade.
            
Jesus, o pedagogo por excelência, disse-nos que “será o maior no Reino dos Céus aquele que se humilhar e se fizer pequeno como uma criança”, ou seja, que nenhuma pretensão alimentar à superioridade ou à infalibilidade. Se observarmos tal preceito, não teremos qualquer motivo para melindrarmos.
            
Evitemos tal sensibilidade de porcelana sem razão de ser e nos aproximemos de nossos irmãos na prática do auxílio mútuo.
            
Com a humildade não há o melindre que piora aquele que o sente, sem melhorar a ninguém. Cabe-nos ouvir a consciência e segui-la, recordando que a suscetibilidade de alguém sempre surgirá no caminho, alguém que precisa de nossas preces, conquanto curtas ou aparentemente desnecessárias. E para terminar, meu irmão, imagine se um dia Jesus se melindrasse com os nossos incessantes desacertos...” Cairbar Schutel
           


(Referências: Chico Xavier e Waldo Vieira por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. 129-130).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano que circulou entre os dias 18 e 19 de julho de 2015 e que também pode ser acompanhada pelo portal jornalminuano.com.br.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A CARIDADE NA SOCIEDADE


Sobre a caridade, disse Allan Kardec, na obra Viagem Espírita em 1862:
            
Bem sabeis, senhores, que a palavra caridade tem uma acepção muito ampla. Há caridade em pensamentos, em palavras, em ações; não consiste apenas na esmola. Alguém é caridoso em pensamentos sendo palavras, nada dizendo que possa prejudicar a outrem; caridoso em ações quando assiste o próximo na medida de suas forças. O pobre, que partilha seu naco de pão com outro mais pobre que ele, é mais caridoso e tem mais mérito aos olhos de Deus do que aquele que dá do supérfluo, sem de nada se privar.
            
Quem quer que alimente contra o próximo sentimento de ódio, de animosidade, de inveja, de rancor, falta com a caridade. A caridade é a antíteses do egoísmo; a primeira é a abnegação da personalidade, o segundo é a exaltação da personalidade. Uma diz: Para vós em primeiro lugar, para mim depois; e o outro: Para mim antes, para vós se sobrar. A primeira está toda inteira nestas palavras do Cristo: ‘Fazei aos outros o que quereríeis que vos fizessem’. Numa palavra, aplica-se sem exceção a todas as relações sociais. Haveremos de convir que, se todos os membros de uma sociedade agissem de conformidade com esse princípio, haveria menos decepções na vida. Desde que dois homens estejam juntos, contraem, por isto mesmo, deveres recíprocos; se quiserem viver em paz, serão obrigados a se fazerem mútuas concessões. Esses deveres aumentam com o número dos indivíduos; as aglomerações formam todo coletivo que também tem suas obrigações respectivas. Tendes, pois, além das relações de indivíduo a indivíduo, as de cidade a cidade, de país a país. Essas relações podem ter dois móveis que são a negação um do outro: o egoísmo e a caridade, pois que há também egoísmo nacional. Com o egoísmo, prevalece o interesse pessoal, cada um vive para si, vendo nos semelhantes apenas um antagonista, um rival que pode concorrer conosco, que podemos explorar ou que pode nos explorar; aquele que fará o possível para chegar antes de nós: a vitória é do mais esperto e a sociedade – coisa triste de dizer, muitas vezes consagra essa vitória, o que faz com ela se divida em duas classes principais: os exploradores e os explorados. Disso resulta um antagonismo perpétuo, que faz da vida um tormento, um verdadeiro inferno. Substituí o egoísmo pela caridade e seu vizinho; os ódios e os ciúmes se extinguirão por falta de combustível, e os homens viverão em paz, ajudando-se mutuamente em vez de se dilacerarem. Se a caridade substituir o egoísmo, todas as instituições sociais serão fundadas sobre o princípio da solidariedade e da reciprocidade; o forte protegerá o fraco, em vez de o explorar.
            
É um belo sonho, dirão; infelizmente não passa de um sonho; o homem é egoísta por natureza, por necessidade e o será sempre. Se assim fosse, o que seria muito triste, é o caso de se perguntar com que objetivo o Cristo veio até nós pregar a caridade aos homens”.

(Referências: Allan Kardec. Viagem Espírita em 1862. FEB Editora. p. 79-80).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO

A crença no dogma do pecado original, inexistente no judaísmo e no islamismo, trouxe para a atualidade diversos problemas, entre os quais podemos citar a segregação histórica do gênero feminino.
            
O pecado original, doutrina difundida por alguns adeptos do cristianismo, pretende explicar a imperfeição humana, do sofrimento e da existência do mal através da queda do homem. A doutrina do pecado original foi desenvolvida por Irineu de Lyon que, apesar do nome, não nasceu na França. O bispo era oriundo de uma província romana situada na Ásia Menor, onde hoje seria a Turquia.
            
Ocorre que o pecado original desenvolvido pelo Bispo Irineu dizia que os primeiros seres humanos, Adão e Eva, foram advertidos por Deus de que, se comessem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, certamente morreriam. No entanto, instigados pela serpente, ambos comeram do fruto proibido, tendo Eva primeiramente cedido à tentação e posteriormente oferecido do fruto à Adão, que o aceitou, ambos continuaram vivos, mas foram expulsos do Jardim do Éden.
            
Como se vê, primeiramente quem cedeu à tentação foi Eva, trazendo consigo todas as formas de segregação que se sucederam ao longo da história sobre o gênero feminino.
            
No dizer da Desembargadora Maria Berenice Dias “o lugar dado pelo Direito à mulher sempre foi um não-lugar. Sua presença na História é uma história de ausência. Era subordinada ao marido, a quem precisava obedecer. Estava excluída do poder e do mundo jurídico, econômico e científico. Relegada da cena pública e política, sua força produtiva sempre foi desconsiderada. Não se emprestava valor econômico aos afazeres domésticos”.
            
Foram necessários 462 anos para a mulher casada deixar de ser considerada relativamente incapaz (Estatuto da Mulher Casada – Lei 4121/1962) e mais 26 anos para a Constituição consagrar a igualdade de direitos e deveres na família.
            
O prejuízo causado pelo dogma do pecado original deturpou, inclusive, a “indissolubilidade do casamento”.
            
No entanto, quando se fala que o casamento é indissolúvel, é de se ter em vista que imutável só há o que vem de Deus e tudo que é obra dos homens está sujeito a mudança. As leis da natureza são as mesmas em todos os tempos e as leis humanas variam conforme os tempos e os lugares e o progresso da inteligência.
            
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, refere: “Mas, na união dos sexos, a par da Lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra Lei divina, imutável como todas as Leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor”.
            
Ele prossegue: “Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim d e que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir”.
            
Por isso, indaga-se, nas condições ordinárias do casamento, a lei do amor é tida em consideração? Claro que não, por isso que, indubitavelmente, as relações que tem como fundamento apenas interesses materiais, com o passar dos anos será rompida.
            
Ao dizer Deus: ‘Não sereis senão uma só carne’, e quando Jesus disse: ‘Não separeis o que Deus uniu’, essas palavras se devem entender com referência à união segundo a lei imutável de Deus, e não segundo a lei mutável dos homens”. Allan Kardec

(Referências: Maria Berenice Dias. A Mulher e o Direito. www.mbdias.com.br. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. p. 278).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

SOMOS TÃO JOVENS

         

Não podemos deixar passar despercebida a chegada da 26ª Confraternização das Juventudes Espíritas do Rio Grande do Sul que está se desenvolvendo neste final de semana, em Santana do Livramento.
         
Hoje, a nossa querida CONJERGS é dividida em cinco polos, estando a Região da Campanha unida em torno do chamado “Polo Amor” que, sozinho, congrega em torno de 150 jovens espíritas.
         
É importante que se diga que os jovens se prepararam durante todo ano para encontrar os requisitos necessários para se fazerem presentes em tão importante evento do Movimento de Unificação Espírita e, agora, é chegada a hora de confraternizar e estudar.
         
Sabe-se que o jovem está inserido num contexto cultural imediatista e utilitarista, em que os valores reais são postos em segundo plano e a exigência é pela conquista daqueles que são de efêmera duração, pertencentes ao campo material.
         
O Espírito Joanna de Ângelis ressalta que “a formação cultural e educacional centra-se especialmente na meta em que se destacam os triunfos de fora, as conquistas dos recursos que exaltam o ego, que o alienam, que entorpecem os melhores sentimentos de beleza e de amor, substituídos pelo poder e pelo ter, através de cujos significados acredita-se em vitória e triunfo social, econômico, político, religioso ou de outras denominações”.
         
Diante desses comportamentos, o egoísmo vem assinalar o percurso da preparação do ser jovem, onde é exigido que ele se destaque na comunidade a qualquer preço, o que lhe perturba sobremaneira no período em que está formando sua personalidade e a própria identidade.
         
Daí a necessidade que ele vê em tomar como modelo comportamentos exóticos, alienantes, as paixões de imediatos efeitos, sem que os sentimentos educados possam fixar-se nos painéis dos hábitos para a construção da conduta do futuro.
         
A benfeitora espiritual refere, também, que em meio a tudo a isso se apresentam os vícios sociais como forma de participação dos grupos em que o jovem se movimenta, iniciando-se pelo tabaco, a seguir pelo álcool, quando não se apresentam simultaneamente, abrindo espaço para as drogas alucinógenas e de poder destrutivo dos neurônios, do discernimento, da saúde orgânica, emocional e mental.
         
Na visão atual, ao que parece, ética e moral são tidas como amolecimento de caráter, debilidade mental, conflito de inferioridade com disfarces de pureza e, lentamente, o exibicionismo do crime que se torna legal estimula ao desrespeito às leis da vida.
         
Vida que é o slogan da CONJERGS – “Juventude e Vida”. Oportunidade dos jovens espíritas, os quais também estão inseridos nesse contexto, de refletir e trocar experiências sobre temas como violência, drogas, problemáticas em torno da sexualidade descompromissada, suicídio, aborto e eutanásia.
            
Alertemo-nos juntamente com os nossos jovens, porque todos passamos por essa fase, mas nem todos amadurecemos psicologicamente, o que referenda a letra do poeta Renato Russo: “Somos tão jovens”!
         
Desejar-se uma existência física sempre risonha e fácil constitui imaturidade psicológica, estado de infância não vivida, que foi transferida para a idade adulta, porquanto em tudo e em todo lugar o processo de crescimento é como um contínuo parto que proporciona vida, mas que oferece também um quantum de dor”. – Joanna de Ângelis.
         
(Referências: Divaldo Franco. Espírito Joanna de Ângelis. Psicologia da Gratidão. Leal Editora. Salvador, 2011. p. 151-152; 163)


 José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

A CRENÇA NA CARIDADE

O Espiritismo assenta-se sobre um tripé formado pela filosofia, partindo do princípio que indaga de onde viemos, onde estamos e aonde vamos; pela ciência à medida que prova diariamente a existência de um mundo que se descortina por detrás da matéria e, finalmente, pela conseqüência moral advinda das duas propostas anteriores e que por isso, alguns, inferem se tratar de uma religião.
            
No entanto, é inarredável que Allan Kardec fascinou-se com o mundo invisível que lhe foi revelado pelos Espíritos Superiores. Ocorre que o mundo invisível que se descortinava a sua frente era fundamentado numa virtude denominada caridade.
            
Assim referiu Allan Kardec na obra Viagem Espírita em 1862: “Sem a caridade, não há instituição humana estável; e não pode haver caridade nem fraternidade possíveis, na verdadeira acepção da palavra, sem a crença”.
            
Segundo Allan Kardec era preciso que as pessoas cressem, tivessem fé mesmo, apenas, na caridade. Ele dizia que quando a caridade tivesse penetrado as massas, quando tivesse se transformado na fé, na religião da maioria, nossas instituições se tornariam melhores pela força das coisas.
            
Temos reiterado no decorrer das colunas que nunca foi objeto do Espiritismo fazer proselitismo. Isso porque ele está assentado sobre a caridade. O Espiritismo, por sua vez, não veio aos homens para derrubar os cultos ou restabelecê-los; ele veio proclamar verdades comuns a todos, queiramos ou não. Se ele veio destruir algo, este algo é o materialismo, negação de toda religião; se ele veio pôr abaixo algum templo, é o do egoísmo e do orgulho.
            
Com a ciência espírita demonstrando de forma patente a existência do mundo invisível, obrigatoriamente somos remetidos a uma nova ordem de idéias bem diversa, porque se alarga o horizonte moral limitado para a Terra. É o tripé do Espiritismo auxiliando-nos a romper com os paradigmas estabelecidos e associar-nos àquele mesmo que Jesus propôs.
            
O Espiritismo veio dar uma sanção prática a estas palavras do Cristo, que são toda sua lei: “Amai ao vosso próximo como a vós mesmos”.

(Referências: Allan Kardec. Viagem Espírita em 1862. FEB Editora. p. 87).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O HOMEM NO MUNDO


“Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial. (Mateus, 5:48)”.
            
É comum encontrarmos indivíduos relatando que as religiões, com suas práticas exteriores, as afastam de um contato mais direto com as lições de Jesus. Outros, por sua vez, relatam que não buscam uma interação maior com os preceitos cristãos pela dificuldade que encontrariam em reformar-se intimamente.
            
Os pretextos para o afastamento das lições evangélicas existem aos borbotões por sobre a Terra. Ocorre que, em verdade, não queremos deixar para trás o “velho homem”, em busca de uma proposta de vida em plenitude com Jesus.
            
Quando Jesus exorta-nos para que nos tornemos perfeitos, perfeitos como o Pai Celestial o é, ele não está querendo, com isso, que sejamos absolutamente perfeitos. Até mesmo porque, a perfeição absoluta é atributo de Deus.
            
Jesus, com isso, apresentou-nos um modelo e quis que nos esforçássemos para alcançar. O Meigo Nazareno explicitou-nos o que seria a perfeição relativa, a que mais nos aproxima da Divindade, quando disse para “amarmos os nossos inimigos, fazermos o bem aos que nos odeiam, orarmos pelos que nos perseguem”, ou seja, a caridade na sua mais ampla acepção.
             
No entanto, o “velho homem” que ainda sobrevive dentro de nós desautoriza-nos a empreender na busca por um sentimento de piedade quando reunimo-nos sob as vistas do Senhor e imploramos a assistência dos bons Espíritos. Dessa forma, acabamos por nos afastar de tudo que vise a nossa “religação” ao Criador.
            
Um “Espírito Protetor”, em comunicação proferida em Bordeux, 1863, leciona: “Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens de vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai um sentimento de pureza que as possa santificar”.
            
Ele prossegue: “Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu”.
            
A mensagem é bastante clara. O ideal não é que nos afastemos de tudo e de todos e vivamos uma vida insular, acabrunhada, afastada de nossa época, oferecendo aos nossos semelhantes, com isso, apenas uma lição de egoísmo.
            
Devemos, ao contrário, buscar a prática da caridade que alcança todas as posições sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado.
            
É importante, enfim, que vivamos integrados aos homens de nossa época, porém, que nenhum de nossos empreendimentos seja efetuado sem antes remontarmos a Deus, Fonte de todas as coisas.
            
“Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança”. Um Espírito Protetor.

(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 27. Itens 01 e 10. FEB Editora. p. 231, 240-241).
           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

PELO LIVRE PENSAR


As idéias novas são acompanhadas pela resistência daqueles que não admitem o livre pensar. Mas, por que devemos nos submeter a um estado de coisas imutável?
            
Se admitíssemos viver num lugar onde o direito de pensar nos fosse tolhido jamais haveria a evolução e o progresso.
            
No entanto, estamos imersos na lei do progresso e mesmo contra a vontade daqueles que não tem interesse em que a sociedade avance, surge no horizonte uma aurora onde as relações humanas terão como base o amor e o afeto.
            
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, assim exprimiu-se: “De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que abrange a de consciência. Lançar alguém anátema sobre os que não pensam como ele é reclamar para si essa liberdade e negá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: a caridade e o amor ao próximo”.
            
Não se pode buscar constranger quem quer que seja a atos exteriores semelhantes aos nossos, porque isso é mostrar que se oferece mais valor à forma do que ao fundo, mais às aparências do que à convicção.
            
A verdade é senhora de si: convence e não persegue, porque não precisa perseguir.
            
Em outra oportunidade, nesse mesmo espaço, dissemos que ao Espiritismo não interessa fazer proselitismo. E hoje reafirmamos. Porém, como nas palavras do próprio codificador, “o Espiritismo é uma opinião, uma crença; fosse até uma religião, por que se não teria liberdade de se dizer espírita, como se tem a de se dizer católico, protestante, ou judeu, adepto de tal ou qual doutrina filosófica, de tal ou qual sistema econômico?
            
Todos, sem exceção, num estado democrático – e constitucional – de direito tem a liberdade de pensar, onde se abrange a consciência. Ainda assim, por muito tempo o Espiritismo foi perseguido mundo afora, inclusive no Brasil. E assim como ele o foi, outros, em outras vertentes do pensamento, estão sendo, o que se poderia tratar, hoje, como inimaginável.
            
Foi, então, nessa linha que Allan Kardec referiu que “a perseguição é o batismo de toda ideia nova, grande e justa e cresce com a magnitude e a importância da idéia”. O furor e o desabrimento dos seus inimigos são proporcionais ao temor que ela lhes inspira. O Cristianismo foi perseguido, em outros tempos, pelos pagãos, e o Espiritismo, perseguido pelo próprio Cristianismo.
            
Pelo livre pensar, fiquemos com o exemplo dos primeiros cristãos que carregaram suas cruzes com altivez e creiamos em Jesus, que disse: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, que deles é o Reino dos Céus. Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma” Ele disse, também: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos fazem mal e orai pelos que vos perseguem”.
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(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 51. FEB Editora. p. 351-352).

           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O ESPIRITISMO NÃO FAZ PROSÉLITOS*

 
Allan Kardec
          
“Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro senão o de Jonas – (São Mateus)”.
            
Assim como os habitantes da Terra à época de Jesus que o incitavam à prática de prodígios, ainda hoje, os indivíduos aguardam, não apenas do Espiritismo, mas de Deus, que se operem curas e resultados miraculosos.
            
É inegável a ânsia que a sociedade atual nutre de que Deus e os Espíritos benfazejos sirvam aos seus próprios interesses. E bem sabemos que os nossos interesses ainda são bastante mesquinhos e doentes, porque ainda não nos é dado conhecer as causas das conseqüências que estamos enfrentando.
            
No entanto, dizem os detratores do Espiritismo: “De qual meio dispõe o Espiritismo para nos convencer? No próprio interesse da Doutrina dos Espíritos, não é desejável fazer adeptos?”
            
Quanto a isso, Allan Kardec referiu na edição de janeiro de 1858 da Revista Espírita: “Os Espíritos não gostam dos orgulhosos. Convencem quem eles querem; quanto aos que crêem em sua importância pessoal, demonstram o pouco caso que disso fazem não lhes dando ouvidos”.
            
Ainda assim, na mesma edição da Revista Espírita, quando indagados por Allan Kardec, responderam os Espíritos: “Pode-se pedir aos Espíritos sinais materiais como prova de sua existência e de seu poder? Resp. ‘Pode-se, sem dúvida, provocar certas manifestações, mas nem todos estão aptos a isso e frequentemente não obtendes o que pedis; eles não se submetem aos caprichos dos homens”.
            
“Quando alguém pede esses sinais para se convencer, não haveria utilidade em satisfazê-lo, pois que seria um adepto a mais? Resposta: ‘Os Espíritos não fazem senão o que querem, e o que lhes é permitido; falando e respondendo as vossas perguntas, atestam a sua presença; isto deve bastar ao homem sério que busca a verdade na palavra”.
            
Ao contrário do que muitos pensam, desde os tempos de Allan Kardec, não é dado ao Espiritismo fazer proselitismo, ou seja, utilização de prodígios na busca por mais adeptos à nova crença.
            
Aqueles que estiverem dispostos a conhecer as verdades inseridas nas palavras trazidas pelos benfeitores espirituais serão reconhecidos pela caridade que deles irá derivar e, estes sim, serão os verdadeiros adeptos do Espiritismo.
            
“(...) diz hoje o Espiritismo a seus adeptos: não violenteis nenhuma consciência; a ninguém forceis para que deixe a sua crença, a fim de adotar a vossa; não anatematizeis os que não pensam como vós; acolhei os que venham ter convosco e deixai tranquilos os que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo. Outrora, o céu era tomado com violência; hoje o é pela brandura”. Allan Kardec.

(Referências: Allan Kardec. Revista Espírita. Janeiro de 1858. FEB Editora. p. 51. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 25. Item 11. FEB Editora. p. 304).

           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 06 e 07 de junho de 2015 e que também pode ser acompanhada pelo jornalminuano.com.br.

terça-feira, 19 de julho de 2016

OS ESPÍRITOS PODEM AGIR SOBRE A MATÉRIA*

Dias atrás dissemos aqui que os sinais, um dos modos de comunicação espírita, consistem no movimento significativo de certos objetos com ruídos ou golpes desferidos.
            
A este modo de comunicação espírita, referiu-se Allan Kardec, quando indagou da plêiade de Espíritos que coordenaram a codificação do Espiritismo, “como os Espíritos podem agir sobre a matéria? Sendo que parece contrário a todas as idéias que fazemos da natureza dos Espíritos”.
            
A resposta dos Espíritos benfeitores veio no seguinte sentido: “Segundo vós, o Espírito nada é; e isso é um erro. Já vos dissemos que o Espírito é alguma coisa, daí porque pode agir por si mesmo. Vosso mundo, porém, é muito grosseiro para que ele possa fazê-lo sem um intermediário, isto é, sem o laço que une o Espírito à matéria”.
            
É importante ressaltar que, para a Doutrina Espírita, o laço que une o Espírito à matéria é chamado de “perispírito”, uma espécie de corpo espiritual, sendo, por isso, imaterial.
            
Por isso, Allan Kardec observa que “sendo imaterial o laço que une o Espírito à matéria ou, pelo menos, impalpável, essa resposta não resolveria a questão se não tivéssemos o exemplo de forças igualmente imponderáveis agindo sobre a matéria”.
            
É certo que o pensamento, por exemplo, é a primeira causa de todos os nossos movimentos voluntários; a eletricidade, da mesma forma, derruba, levanta e transporta massas inertes. Enfim, nas palavras do próprio Kardec, “do fato de não se conhecer o motor, seria ilógico concluir que ele não existe”.
            
Com isso, podemos concluir que o Espírito pode ter alavancas que nos são ocultas aos sentidos. Nos fenômenos espíritas a causa imediata é um agente físico, mas a causa primeira é uma inteligência que age sobre esse mesmo agente, como o nosso pensamento age sobre nossos membros.

(Referências: Allan Kardec. Revista Espírita. Janeiro de 1858. FEB Editora. p. 34).

           
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano que circulou no dia 30 de maio de 2015.